Na beleza da couture, reinam cabelos austeros e lábios com um toque sutil de cor

Com propostas mais objetivas, sem grandes extravagâncias, as belezas desta temporada desviam do lúdico e remontam uma elegância atemporal.


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Se você estava achando que a geração millennial tinha qualquer chance de ganhar a briga entre os cabelos repartidos para o lado e os cabelos repartidos ao meio, a couture traz péssimas notícias: a geração Z venceu e a simetria também! Dior, Chanel, Balenciaga e até Iris Van Herpen entraram na onda.

Na verdade, ao que parece, tem uma nova austeridade pautando os cabelos que desfilaram nesta última semana de moda de Paris que acabou ontem. Mais do que em outras temporadas, por exemplo, desta vez, os fios apareciam bem grudados na cabeça na maioria das vezes. E, claro, quando não jogado todo para trás, vinha dividido ao meio, como pede a preferência gen Z.

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Tranças nagô dividiam o cabelo de algumas modelos do desfile da Dior.Foto: Getty Images

Pensando que a couture anda mais formal, mais suntuosa, com o sucesso de desfiles mais barrocos como os de Schiaparelli e Giambattista Valli (que completou 10 anos de ateliê com essa coleção), dá para perceber uma aposta forte que os penteados tipo “grudadão” serão os acompanhantes perfeitos dessas peças intrincadas e profundamente trabalhosas. Na Dior, o repartido ao meio também apareceu em uma versão de trança nagô bem fininha e apertada. O mesmo aconteceu em algumas modelos da Armani Privé. Uma boa alternativa para aderir a trend.

Nos olhos – que ganharam bem menos destaque nesta temporada do que em outras oportunidades – dois fortes delineadores causaram impacto. Na Giambattista Valli, ele apareceu em diferentes shapes, sempre puxando para o diferentão: às vezes duplos, às vezes flutuante, às vezes duplo e flutuante… Na Balenciaga, a abordagem é mais direta e exagerada. Ali, o delineado é sempre o mesmo e a asa do desenho chega quase até as têmporas. Vale destacar os olhos “tristes” de pierrô da Armani Privé que parecem surfar na volta do emo para a beleza.

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Cabelo colado e delineado duplo na passarela dos 10 anos de Giambattista Valli na couture.Foto: Getty Images

Ainda sobre Armani e voltando o foco para os lábios, observamos um pink esfumado. Há um contraste interessante entre a força do fúcsia quando apagado pelo método de aplicação. Algo parecido aconteceu também nas passarelas da Schiaparelli. Por lá, um tom de rosa mais alaranjado, quase coral, pintou as bocas das modelos em versão cremosa, mais brilhante. Essa cor que está entre vários clássicos vibrantes (não é vermelho, não é laranja, não é rosa-choque) também traz essa informação de um retorno comedido da atenção da maquiagem contemporânea aos lábios.

Nesta temporada, não tivemos uma míriade tão vasta de diferentes propostas de beleza na couture. As maquiagens e cabelos parecem convergir todos para um lugar menos lúdico e mais elegante. Muito provavelmente em resposta à exuberância das roupas que, de algumas estações para cá, tem se tornado cada vez mais opulentas, volumosas, poderosas. A beleza menos espalhafatosa entra em cena para não pesar no visual e manter tudo em equilíbrio. Será que a moda também pega por aqui?

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