Perfumes indie: 12 marcas que surpreendem pela originalidade e design

Frascos belíssimos, fragrâncias ousadas, criatividade na veia: atualize seu repertório olfativo com esta lista!


FANTOME DE MAULES, PERFUME DA STORA SKUGGAN
Fotos: Divulgação



Quando você (como a gente) acompanha de perto as movimentações do mercado de fragrâncias, eventualmente uma sensação de estafa se estabelece: tudo parece meio igual. Enquanto o fougère amadeirado reina no masculino, o floral gourmand segue no pódio feminino no mainstream.

Para furar a bolha, fizemos essa lista com as marcas de perfumes indie que se recusam a qualquer tipo de obviedade. São perfumarias de diferentes lugares do mundo que inovam não só pela assinatura olfativa, mas também pelo desenho fascinante de seus frascos. Confira abaixo!

Stora Skuggan

Quem: Jonas Nordin, Martin Nicolausson, Anna Barkne, Olle Hemmendorf, Tomas Hempel – Suécia.

Quando: Em 2015, o grupo de designers que vivia a cena noturna de Estocolmo conseguiu materializar o desejo que tinham de trabalharem juntos, como um coletivo criativo.

PERFUME INDIE SILPHIUM DISPOSTO SOBRE INGREDIENTES QUE O COMPÕEM

DNA de marca: A inspiração por trás dos perfumes da Stora Skuggan vem dos lugares mais inusitados: personagens esquecidos de mitologias ancestrais e uma árvore que floresce no meio do deserto estão entre elas, por exemplo. Além disso, a tampa esférica é uma marca registrada de seus frascos esculturais. Recentemente, um deles apareceu no filme indicado ao Oscar Triângulo da Tristeza (2022).

Favoritos: Azalai (Topo de laranja-de-sangue e menta, Coração de frutas secas e açafrão, Fundo de incenso, âmbar, acácia e velvione, € 140) e Silphium (Topo de esteva com um acorde se silphium, Coração de canela, tabaco, gerânio, pimenta do reino, gengibre e cravo-da-índia, Fundo de frankincense, mirra, couro e cedro, € 140).

Xinú

Quem: Verónica Peña – México.

Quando: Foi em 2016 que veio ao mundo o projeto de Verónica que convocou os designers Nacho Cadena e Héctor Esrawe para criar toda a linguagem visual de sua marca – inclusive seus frascos cuja tampa espelha o formato do vidro.

FRASCO DO PERFUME INDIE ORONARDO DA XINU DISPOSTO SOBRE UMA MESA

DNA de marca: Com apenas cinco fragrâncias – todas elaboradas pelo perfumista Rodrigo Flores-Roux – a Xinú tem o intuito de ser uma homenagem olfativa à cultura mexicana e latino-americana. Tanto é que o próprio nome da marca é derivado da língua ancestral dos indígenas Otomis e significa “nariz”.

Favoritos: Oronardo (flor de laranja, dama da noite, tuberosa mexicana, calêndula, espirradeira amarela, MXN$ 3950) e Aguamadera (agave, limão verde, pau de guaiaco, cedro, MXN$ 3950)

Akro

Quem: Olivier e Anaïs Cresp – França.

Quando: Depois de passar uns anos trabalhando em bares na noite londrina, Anaïs – que é filha de Olivier Cresp, um ícone mundial da perfumaria – decidiu criar a Akro ao lado de seu pai em 2018.

PERFUME INDIE MALT EM DUAS VERSOES, UMA PEQUENA E OUTRA GRANDE, DA MARCA AKRO.

DNA de marca: Com sete perfumes em seu portfólio, a marca dedicada cada um deles a um “vício”: o Awake lembra o café, o Smoke tem tabaco, o Night promete ter “cheiro de sexo” e o Dark é inspirado no chocolate, por exemplo.

Favoritos: Ink (vetiver, nanquim, bétula e jasmim, € 160) e Malt (uísque, rum, couro, alga e patchouli, € 160).

LENVIE

Quem: Fábio Ottaiano – Brasil

Quando: Em 2011, Fábio – que, curiosamente, é formado em relações internacionais – juntou-se a seu amigo, o perfumista neo-zelandês Isaac Sinclair, para criar a LENVIE que, posteriormente, agregou a francesa Fanny Grau ao time de narizes da casa.

PERFUME INDIE LENVIE DISPOSTO AO LADO DE COPOS DE AGUA E FIGOS, INGREDIENTE PRINCIPAL DA FRAGRANCIA

DNA de marca: A ideia da LENVIE é proporcionar uma experiência diferente de perfumaria no Brasil. Com foco em criações disruptivas – pautadas pelo desejo dos criadores e não pelas tendências do mercado –, a marca tem 9 fragrâncias autorais. Por exemplo: o eau de parfum Mood Indigo é inspirada na música de mesmo nome composta por Irvin Mills e cantada por Nina Simone. Já o São Paulo Is Burning tem como ponto de partida a vida noturna da metrópole paulistana.

Favoritos: Figorativo (Topo de figo, limão, cassis, gálbano e bergamota. Coração de peônia, jasmim, cyclamem e gerânio. Fundo de cedro, notas amadeiradas, âmbar e almíscar, R$ 220) e San Junipero (Topo de framboesa, gengibre, notas verdes, lentisco, bergamota. Coração de íris, neroli, tiaré, jasmim sambac e cravo. Fundo de almíscar, cedro e heliotrópio, R$ 319).

Phlur

Quem: Chriselle Lim – Coreia do Sul-Estados Unidos.

Quando: A Phlur surgiu em 2015, mas só foi comprada pela influencer de moda Chriselle Lim em 2021. Foi nas mãos da nova CEO que eles estouraram no TikTok com o perfume Missing Person. Aliás, fizemos uma entrevista com ela para a ELLE View, assista!

DUAS VERSOES DO PERFUME INDIE TANGERINE BOY DA PHLUR DISPOSTAS EM ESTUDIO SOBRE MESA LARANJA E FUNDO AZUL

DNA de marca: Sustentabilidade, bom-humor e sinceridade são os pontos-chave que guiam a Phlur. O Somebody Wood tem toda uma pegada sexual e engraçadinha, o Not Your Baby foi criado para empoderar mulheres e tirar sarro dos boys chatos que elas encontram, tudo tem esse approach divertido e esperto.

Favoritos: Lost Cause (Topo de bergamota italiana, folha de cassis, crocante de maçã e ruibarbo, Coração de frésia fresca, jasmim e lírio do vale, Fundo de mate, orris e orquídea baunilha, US$ 96) e Tangerine Boy (Topo de limão, gengibre e pimenta do reino, Coração de maçã, tangerina e pétala de jasmim, Fundo de âmbar e grama, US$ 96).

Ormaie

Quem: Baptiste Bouygues, fundador da marca, e sua mãe Marie-Lise Jonak, diretora de criação olfativa – Tailândia-França

Quando: Em 2018, surgiu a Ormaie – a primeira casa de perfumaria a trabalhar com fórmulas 100% naturais e com o trabalho artesanal aplicado em cada etapa de seus processos.

FRASCO DE TABLEU PARISIEN DA MARCA DE PERFUMES INDIE ORMAIE

DNA da marca: Aqui, o tempo é sagrado – entre centenas de testes e períodos de maturação da fórmula, a criação de um novo perfume demora pelo menos três anos. Com relação ao design, Bouygues já falou em entrevistas que suas criações foram pensadas para serem colocadas na sala, e não escondidas no quarto. O vidro, que vem do único vidraceiro francês que recicla seu próprio magma, possui 12 facetas (uma referência às horas do relógio). As tampas, por sua vez, são esculpidas à mão em diferentes formatos e são feitas de madeiras vindas de uma floresta renovável na França.

Favoritos: Yvonne (Topo de toranja, bergamota, calêndula e groselha negra. Coração com rosa, jasmim e pêssego. Fundo de baunilha, benjoim, tonka, sândalo e patchouli, € 240) e Tableau Parisien (Topo de petitgrain, gengibre fresco, manjericão e tangerina. Coração de tuberosa, rosa, especiarias misturadas, heliotrópio. Fundo de tabaco, fava tonka, benjoim e baunilha, € 290).

D.S. & Durga

Quem: David Seth e Kavi Ahuja – Estados Unidos

Quando: Apesar de ter feito carreira na música, David sempre foi apaixonado por perfumaria. Kavi, por sua vez, era arquiteta. Pouco tempo depois de se conhecerem, decidiram se unir para criar a D.S. & Durga. Tudo começou em 2014, em um pequeno apartamento em Bushwick, no bairro do Brooklyn, em Nova York.

PERFUME INDIE STEAMED RAINBOW DA DS AND DURGA

DNA da marca: Todas as fragrâncias têm inspiração em viagens, músicas e mitologia. Para cada uma delas, existe uma narrativa detalhada: um objeto, uma cor, uma pessoa, uma hora do dia e até uma playlist especial. No site da marca, inclusive é possível comprar os perfumes através das suas histórias (com títulos que vão de “vidente fazendo topless” à “roubando bancos à cavalo”).

Favoritos: Steamed Rainbow (Topo de tangerina vermelha, laranja e resina elemí amarela. Coração de cedro verde, flor de amêndoa azul e grama índigo. Fundo de violeta, vetiver e vapores, US$ 190) e Leatherizer (Topo de couro caramelo, esteva e cubeb. Coração de orris pálido, cipriol e açafrão. Fundo com castóreo vegano, mirra e cade, US$ 190).

Saint d’Ici

Quem: Marie Aoun – África do Sul

Quando: Em 2010, Marie Auon foi até a Itália para estudar perfumes botânicos com um dos maiores especialistas nessa técnica: Abdes Salam Attar. Depois de uma imersão de 10 dias, ela voltou para a casa e fundou a sua própria marca.

PERFUMES INDIE EM FRASCOS REFILAVEIS, TODOS BRANCOS, DA SAINT DICI

DNA de marca: Do francês, “saint d’ici” quer dizer “santo daqui”. A empresa leva esse nome porque a missão de Marie é reecontrar os cheiros de sua infância e traduzí-los em perfumes botânicos criados com técnicas milenares e a partir de ingredientes éticos. São sete perfumes que vêm em uma embalagem refilável super minimalista.

Favoritos: Moussem (cardamomo, rosa, gerânio, patchouli, R 1950) e A Fern (bergamota, angelica, cedro e grama, R 2050).

Arpa Studios

Quem: Barnabé Fillion – França

Quando: Aprendiz de Christine Nagel, perfumista da Hermés, Barnabé teve passagens por grandes marcas de beleza, como Aesop e Le Labo, antes de lançar a Arpa, em 2020.

PERFUME INDIE DA ARPA. CHAMADO FOSFORO, ELE TEM FRASCO DE VIDRO EM TOM CARAMELIZADO

DNA da marca: Todo o conceito da Arpa é baseado em sinestesia. Isso significa que cada um de seus perfumes aludem a uma experiência visual, tátil, auditiva, para além da olfativa. O perfume Manta, por exemplo, evoca a sensação de estar debaixo d’água. De quebra, os frascos – desenhados pelo artista em vidro Jochen Holz –  ainda são embalados em glicerina que pode ser usada como sabonete.

Favoritos: Matter (Topo de ozônio, palo santo e pimenta rosa. Coração de íris e arminho. Fundo de muscenone, ambrette dust, € 266) e Fosforo (Topo de petitgrain e açafrão. Coração de íris, mirra e sálvia. Fundo de hiba e armoise, € 266).

19-69

Quem: Johan Bergelin – Suécia

Quando: Depois de dois anos trabalhando com artesãos na Escandinávia, França e Itália, o artista Johan Berglin dá à luz à 19-69. O lançamento da marca aconteceu na extinta multimarcas Colette, em Paris, em 2017.

PERFUME INDIE DA MARCA 1969 CHAMADO PURPLE HAZE SOBRE COLAGEM DE IMAGENS COM OS INGREDIENTES DA FRAGRANCIA E DE HIPPIES EM UM FESTIVAL NOS ANOS SESSENTA

DNA da marca: Com o slogan “bottling counterculture” (em português, engarrafando contracultura), a marca tem como principal inspiração os grandes momentos de rebeldia e liberdade na história, principalmente envolvendo arte, música e movimentos sociais. O Female Christ, por exemplo, faz referência a uma performance de 1969, em que uma mulher nua carregou uma cruz pelo Nasdaq Copenhagen (local onde funciona o principal mercado de ações dinamarquesas).

Favoritos: Chinese Tobacco (Topo com tabaco, bergamota, pimentão vermelho e limão. Coração de são gengibre e coentro. Fundo de é composto de resina, piche, vetiver, baunilha, cedro, oud e incenso, € 185) e Purple Haze (Topo de cipreste, cannabis, bergamota, ravensara e ládano. Coração com tomilho, folha de violeta, bálsamo de gurjan e capim-limão. Fundo de patchouli, baunilha, pimenta preta e almíscar branco, € 185)

The Fragrance Kitchen

Quem: Sheikh Majed Al-Sabah – Kuwait

Quando: Antes de fundar a TFK, em 2012, Sheikh Majed era empresário do ramo da moda (criou a Villa Moda, uma loja de departamento de luxo em Kuwait). Decidiu entrar na perfumaria depois de colaborar com Tom Ford na criação da fragrância Arabian Wood.

MAOS SEGURAM O PERFUME INDIE DA THE FRAGRANCE KITCHEN

DNA da marca: Todos os produtos são criados a partir do conceito de “oriente encontra o ocidente”. A principal inspiração do fundador é a relação do Oriente Médio com a perfumaria, onde muitas fragrâncias são criadas dentro de casa e passadas de geração em geração. Algumas técnicas usadas por Sheikh Majed, inclusive, foram ensinadas por sua avó, e os ingredientes utilizados trazem memórias olfativas da cozinha dela.

Favoritos: Arab Spring (Topo de bergamota da calábria, limão mexicado da pérsia e flor verde. Coração com lírios brandos, lírio-do-vale e chá verde. Fundo de gardênia, almíscar branco e madeira de bétula branca, € 295) e Abdulrashid (Topo notas frutadas e verdes. Coração com essência de rosa, lírio, açafrão e notas aquáticas. Fundo de âmbar, almíscar e patchouli, € 295)

Amyi

Quem: Larissa Mota, Luciana Guidi e Paula Penna – Brasil

Quando: A Amyi foi lançada em 2020, no começo da pandemia da Covid-19. Antes de se unirem para criar a marca, Larissa e Luciana trabalharam juntas da Mary Kay Brasil. Larissa ainda teve uma passagem pela Givaudan, em Nova York.

FRASCO DO PERFUME IX DA AMYI SOBRE FUNDO BRANCO

DNA de marca: O segredo de sucesso da Amyi é a expertise dos perfumistas (alguns dos principais nomes da perfumaria brasileira colaboram com a marca) e o uso de matéria-prima de altíssima qualidade. Durante o processo de desenvolvimento das fragrâncias, os experts têm liberdade criativa total – não precisam seguir briefings ou demandas de mercado. O investimento em ingredientes é alto, o que permite que as criações sejam formuladas com itens raros e pouco convencionais.

Favoritos: Amyi IX (Topo de bergamota, coentro e limão siciliano. Coração com pimenta sichuan, pimenta rosa e gin tônica. Fundo de âmbar, baunilha e sândalo, R$ 478) e Amyi 2.0 (Topo com limão tahiti, pimenta preta e gengibre. Coração de chantily, cravo, moscow mule, cardamomo, magnólia e jasmim. Fundo de musk e âmbar, R$ 334,60).

*Preços pesquisados em março/23.

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