Amy Adams e Joe Wright falam à ELLE sobre A Mulher na Janela

Atriz vive uma psicóloga que sofre de agorafobia no novo suspense da Netflix, com direção do inglês.





Confinada em sua casa, observando os vizinhos de sua janela, uma mulher testemunha um crime. É difícil assistir à A Mulher na janela, novo suspense da Netflix, baseado no livro homônimo de A.J. Finn, e não lembrar de Janela indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock. “Acho que o livro tem uma relação com Janela indiscreta, está em seu DNA”, diz à ELLE o diretor Joe Wright, que preferiu destacar essa conexão. Logo no início de A mulher na janela, a câmera passa por uma TV, em que se pode ver o longa da década de 50 – a protagonista, interpretada por Amy Adams, adora filmes antigos. “Nós reconhecemos isso bem no começo do longa, encerramos e pudemos criar algo nosso”, diz o diretor sobre o filme que estreia nesta sexta-feira (14.5) na plataforma.


A Mulher na Janela | Trailer oficial | Netflix

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A história de A Mulher na janela traz também diferenças em relação à trama de Hitchcock, protagonizado por um fotógrafo (James Stewart), que observa os vizinhos, enquanto se recupera de um acidente, e acredita ter testemunhado um assassinato. Amy vive Anna, uma psicóloga infantil que sofre de agorafobia, o que faz com que ela tenha medo de sair de casa. Embalada por doses cavalares de remédios e álcool, enquanto lida com suas questões emocionais, Anna é colocada em dúvida, quando denuncia o crime que conta ter testemunhado. “Ela começa a questionar o que vê e escuta”, diz Amy à ELLE. “Li muito sobre agorafobia. Joe e eu encontramos uma terapeuta, discutimos trauma e ansiedade e como isso se manifesta”, conta a atriz sobre sua preparação para o papel. “Mas uma das coisas mais valiosas foi sentar com ele e ter um cronograma de ensaios intenso e maravilhoso. Pudemos não só mergulhar na personagem como nos conhecer e construir uma confiança entre nós.”

Já Wright conta ter assistido a filmes de Hitchcock, entre outros diretores. “Estava particularmente interessado em Klute (1971, protagonizado por Jane Fonda e Donald Sutherland), de Alan J. Pakula, quando estava fazendo este filme. Acho que há uma influência mais atmosférica (dele) do que Hitchcock”, diz. “Mas a escolha de Hitchcock de ângulos de câmeras, as suas influências pelo expressionismo alemão, de uma forma que meu próprio trabalho é influenciado por isso também… Há uma longa tapeçaria de influências em qualquer obra.”

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Amy Adams e Joe Wright nos bastidores do filmeFoto: Divulgação/Netflix

Wright é conhecido por adaptações literárias como Orgulho & preconceito (2005), de Jane Austen, Desejo e Reparação (2007), de Ian McEwan, e Anna Karenina (2012), de Liev Tolstói. “Estava interessado em fazer um suspense. Não sou um cara desse gênero, mas li este e fiquei intrigado”, diz. “Parecia alucinatório e gosto desta atmosfera, de como (o roteiro) lida com uma realidade paralela, um conflito entre realidades. Isso falou com coisas pelas quais estava passando”, diz. “E estava animado com a personagem. Mas dependia da protagonista, de quem fosse interpretar Anna. Não há muitos atores que possam interpretá-la e carregar um filme como este. Falei: ‘Se Amy Adams puder, eu faço’. E aqui estamos”. Wright ainda contou no elenco com veteranos como Jennifer Jason Leigh, Julianne Moore e Gary Oldman (que já havia dirigido em O Destino de uma nação, de 2017, e pelo qual o ator recebeu um Oscar).

Filmado ainda em 2018, o longa enfrentou alguns percalços para chegar à tela: mudou de distribuidora, sofreu mudanças na trama após sessões-teste com público e teve o lançamento adiado por conta da pandemia. Ironicamente, estreia em um momento em que parte do público, em meio ao distanciamento social, conhece bem a sensação de observar o entorno pela janela.

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Foto: Divulgação/Netflix

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