Halle Bailey fala à ELLE sobre “A pequena sereia”

Primeira atriz negra a interpretar uma princesa da Disney, cantora emociona crianças – e se emociona com a reação delas.


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Halle Bailey como Ariel Photo by Giles Keyte. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.



Quando Halle Bailey foi anunciada como Ariel na versão live action de A pequena sereia, houve comentários racistas. Mas também uma compilação de vídeos de garotinhas negras emocionando-se ao ver alguém como elas como uma de suas personagens favoritas. Bailey, que interpreta sua primeira protagonista no cinema, entra para a história com a sua Ariel. Aos 23 anos, ela é a primeira atriz negra a interpretar uma princesa da Disney no filme dirigido por Rob Marshall que estreia nesta quinta-feira (25.05) no Brasil.

Marshall, conhecido por musicais como Chicago (2002), vencedor de seis Oscars, descobriu Bailey em uma apresentação do duo Chloe x Halle no Grammy de 2019. Ela compõe e se apresenta com a irmã desde criança. Mas também anda investindo na carreira de atriz. Depois de A pequena sereia, ela estrela a adaptação cinematográfica do musical A cor púrpura, baseado no livro e no filme de 1985 de mesmo nome, dirigido por Steven Spielberg e protagonizado por Whoopi Goldberg.

Bailey conversou com a ELLE sobre as mudanças para tornar Ariel uma personagem mais em sintonia com nossos tempos – ou seja, que não abandona tudo por causa de um príncipe –, sobre aqueles vídeos das menininhas e o que aprendeu com a sereia.

Todo mundo adora essa animação dos anos 80, mas estamos em 2023. Quais foram os ajustes foram feitos para torná-lo mais de acordo com os tempos atuais?
Não foram muitos, mas alguns ajustes importantes foram feitos em nossa versão. O original é uma obra-prima, algo que todos conhecemos e amamos, e nos deixa nostálgicos em todos os sentidos. Mas esta versão traz uma Ariel moderna. Não se trata apenas de ela se apaixonar pelo príncipe, o que é incrível, o que todos nós deveríamos experimentar. Mas também é sobre o que ela quer para sua vida, para si mesma e para seu futuro; como se sente e o que busca para sua vida. Mal posso esperar para que as pessoas vejam nossa versão. E realmente torço para que sintam que honramos o original e o fizemos da melhor maneira possível.

Diria que esta é uma versão um pouco mais feminista da história?
Com certeza.

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Halle Bailey como Ariel Photo by Giles Keyte. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

Como você se sentiu ao ver os vídeos daquelas meninas negras?
Muito feliz. Quando vi pela primeira vez aqueles vídeos dos bebês reagindo a mim como Ariel, chorei. Sinto um dever de deixá-las orgulhosas de mim e de Ariel. Me sinto honrada. Quero que se vejam em mim e se sintam representadas. Quando você é uma criança e vê uma pessoa que se parece com você como uma de suas princesas favoritas de todos os tempos, isso faz muito por você e sua autoestima. Sei que fez por mim quando vi a princesa Tiana (de A princesa e o sapo, 2009). Espero deixar todas as crianças orgulhosas.

É um pouco injusto que você tenha que representar tantas pessoas. É um peso?
Definitivamente, há algum peso, por causa da importância desse papel para muitos de nós. Mas eu enxergo de uma forma positiva. O fato de eu ter essa plataforma para poder mostrar a essas crianças que elas são importantes e merecem ser uma princesa ou príncipe ou o que quer que seja, é muito importante para mim.

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Jonah Hauer-King como príncipe Eric em cena com Bailey hoto courtesy of Disney. © 2023 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved

No filme, seu cabelo é ruivo, mas o penteado é afro. Qual é a sensação de ser uma princesa e poder mostrar a beleza desse cabelo?
Foi muito especial. Porque se você escala uma mulher negra, deve manter o cabelo bonito dela. E significa muito para nós, para nossa comunidade, poder ver nossos estilos de cabelo na mídia, em telas grandes como esta, onde normalmente não foram vistos antes. É uma época boa para se viver. Estava conversando com minha avó sobre isso e ela disse como era lindo ser a primeira, mas esperamos que no futuro você não seja mais a primeira. É incrível que eu faça esse papel e digam: “a princesa negra Ariel”. Mas eu quero que isso e esse penteado se tornem normal, porque é uma beleza ver um mundo diverso na tela.

Sua presença no filme é importante para as meninas brasileiras também. Teve alguma resposta dos fãs do país?
Sim. Eu amo o Brasil. Gostaria muito de ir. Minha irmã acabou de voltar. Mas vejo todo o amor que recebo daí. Sou muito grata. Sinto que somos parecidos, que nos entendemos.

Embora você não seja uma sereia, imagino que muitas das coisas pelas quais Ariel passa sejam semelhantes ao que você está vivendo.
Sim, sinto que aprendi muito com Ariel. A grande lição para mim foi aprender a acreditar em mim e em minhas habilidades. Sinto que, quando ela estava encontrando sua voz no filme, eu estava encontrando a minha também na vida real. Ariel me ensinou muitas coisas sobre mim e o que eu quero de mim, a não ter medo de expressar minhas opiniões e a não aceitar não como resposta. Ela é resiliente. E quero muito adotar essas coisas dela em minha vida.

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