Livro de Gleeson Paulino mostra seu olhar sobre o Brasil

"Batismo", que foi tema de exposição no ano passado, traz imagens feitas pelo fotógrafo nas expedições de redescoberta de suas raízes.


dois garotos indígenas submesos na água do rio
Foto: Gleeson Paulino



Em março de 2022, o fotógrafo Gleeson Paulino estreou em São Paulo a exposição Batismo, com imagens que havia registrado em suas andanças pelo Brasil após retornar de uma temporada em Londres. Com a mostra, o sul-matogrossense vivia um processo de redescobrir suas raízes, em paralelo à sua carreira fazendo cliques no ramo da moda, universo em que é um nome requisitado. Passado um ano, Paulino lança, pela editora Alto, o livro homônimo. 

Capa Fotolivro Oficial 2

Mais do que promover uma volta a essa atmosfera de se conectar com a própria ancestralidade por meio das imagens, diz ele, a obra literária prolonga a construção poética iniciada quando as fotos de Batismo foram exibidas ao público na capital paulista. “O livro materializa a exposição de certa forma, me leva para dentro das viagens pelo Brasil, seja no Norte, Sul, Nordeste, me leva a Campo Grande. Tem algumas fotos novas, complementando a exposição”, conta. São 33 imagens, com registros de expedições pelo Brasil, em locais como a Amazônia. O processo se deu de maneira orgânica e não muito planejada, relembra o fotógrafo. “Através da literatura, dos livros, viajei muitas vezes em pensamento. Os livros de arte também têm essa mágica, nos levam a ver trabalhos, a entrar em exposições sem fronteiras, sem precisar sair de casa ou nos acompanhando em momentos únicos. Acho que o livro aproxima o leitor da obra, no seu tempo.”

Na obra as fotos foram separadas em cinco módulos, e cada um deles é iniciado com textos poéticos do próprio autor. “Eles expressam muito minha relação com as imagens, complementando o exercício que foi criar essa série. É fruto de uma interação, uma imersão que fiz com a Gabriela Naigeborin, em que criamos esses textos. Foi um processo muito bonito”, diz Gleeson. Com o livro pronto, a sensação não poderia ser outra. “Representa um momento único, um novo batismo para mim. Essa fase da minha vida foi um momento de reconexão com a busca da minha ancestralidade, o meu olhar intuitivo frente às diversas manifestações do sagrado e da liberdade.” 

homem negro com água escorrendo pelos cabelos

Foto: Gleeson Paulino

Nesta terça (7.3), uma festa no Espaço Alto (rua Libero Badaró, 336 – 4º andar, São Paulo), que também sediou a exposição, celebrou o lançamento de Batismo. O espaço, coincidentemente, fica no mesmo prédio em que Anita Malfatti costumava fazer festas e exposições modernistas em 1922. O livro está à venda neste link.       

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