Os destaques da 46ª Mostra de Cinema de São Paulo

Evento vai até o dia 2 de novembro e traz na prograação o documentário sobre os Racionais MC's, o novo longa de Alejandro González Iñárritu e o vencedor da Palma de Ouro, entre outras atrações.


Divulgação



Chegou a época preferida dos cinéfilos paulistanos. A 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acontece a partir desta quinta-feira, 20.10, e segue até 02.11, querendo resgatar o sonho, a imaginação, o engenho humano, como mostra o cartaz de Kobra, baseado no filme Viagem à lua (1902), de Georges Méliès, um dos pioneiros do cinema de fantasia. 

Mesmo com um orçamento bastante enxuto, por causa de cortes nos patrocínios, o evento traz mais de 200 títulos, vindos dos principais festivais do mundo. Abaixo, cinco destaques, além de produções que chegam em breve aos cinemas e aos serviços de streaming – mas sem, claro, o mesmo charme da Mostra. Uma boa notícia é o grande número de obras dirigidas por mulheres que valem muito a pena serem conferidas.

Aftersun, de Charlotte Wells
Sophie (Celia Rowlson-Hall) rememora as férias que passou com o pai (Paul Mescal, da série Normal people), logo após ele se divorciar de sua mãe, quando ainda era criança (interpretada por Francesca Corio). As lembranças de então ganham novos significados, o real mistura-se a coisas imaginadas. O primeiro longa-metragem da escocesa Charlotte Wells fez barulho na Semana da Crítica do Festival de Cannes e no Festival de Toronto.

Alcarràs, de Carla Simón
Por este seu segundo longa, a espanhola ganhou o Urso de Ouro no último Festival de Berlim. Ela se inspirou na história de parentes que plantam frutas na Catalunha para falar de um mundo em transformação. Uma família está sendo obrigada a deixar suas terras, onde cultivam pêssegos há décadas, para dar lugar a painéis solares. Aparecem fricções entre os familiares, como sempre acontece em momentos de crise. Mas Alcarràs é simples, delicado, melancólico. É o candidato da Espanha a uma vaga entre os concorrentes ao Oscar de produção internacional.

Plano 75, de Chie Hayakawa
A diretora, que ganhou menção especial no prêmio Caméra d’Or no Festival de Cannes, destinado a cineastas estreantes, fala de um plano (fictício) do governo japonês para incentivar idosos a serem voluntários para eutanásia, diminuindo, assim, o envelhecimento da sociedade. É uma condenação de como nossa sociedade trata os mais velhos, mas, ao mesmo tempo, celebra a vida. Plano 75 é candidato do Japão ao Oscar de filme internacional.

O filme da escritora, de Hong Sang-soo
Nos filmes do prolífico diretor sul-coreano (Hahaha, de 2010, A mulher que fugiu, de 2020), é comum haver encontros casuais, cineastas e escritores, sonhos, conversas bêbadas em uma mesa de bar. Tudo parece apenas a vida acontecendo. Aqui, não é diferente: uma escritora (Lee Hye-young) faz uma viagem para encontrar uma colega mais jovem, com quem não fala há muito tempo. No caminho, ela encontra um cineasta, sua mulher e uma atriz (a sempre ótima Kim Min-hee, de A criada, de 2016, e vencedora do Urso de Prata de atriz em Berlim por Na praia à noite sozinha, em 2017). O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no último Festival de Berlim.

Triângulo da tristeza, de Ruben Östlund
O cinismo do diretor sueco continua em alta. Depois de The square – A arte da discórdia (2017), ele levou sua segunda Palma de Ouro com esta produção, no Festival de Cannes deste ano. Se sua obra anterior era uma sátira do mercado de arte, esta é uma crítica aos bilionários. O filme começa com o incômodo casting de um desfile de moda. Um dos modelos (Harris Dickinson) parte com sua namorada (Charlbi Dean) para um cruzeiro de bilionários, que naufraga depois de um festival de vômitos e diarreias e deixa todos presos em uma ilha deserta.

Em breve
Alguns dos títulos da 46ª Mostra estreiam logo, logo nos cinemas ou em serviços de streaming, caso você queira esperar:

Racionais – Das ruas de São Paulo pro mundo, de Juliana Vicente
O documentário traz entrevistas e imagens inéditas de 30 anos dos Racionais MC’s, o grupo de rap mais influente do Brasil. Estreia em 16.11, na Netflix.



Armageddon time
, de James Gray
O diretor americano volta à sua infância, na Nova York dos anos 1980, para falar da amizade de Paul, um menino judeu (Banks Repeta), e de Johnny, um garoto negro (Jaylin Webb). Jeremy Strong (Succession) e Anne Hathaway interpretam os pais de Paul, neste filme sensível sobre divisões de classe e raciais, que tem até Donald Trump como personagem. Foi exibido na competição do último Festival de Veneza. Estreia prevista para 10.11.



Bardo, falsa crônica de algumas verdades
, de Alejandro González Iñárritu
Vencedor de quatro Oscars (por Birdman e O regresso), o cineasta mexicano retorna a seu país natal e faz uma obra inspirada em suas próprias memórias e devaneios. O personagem principal é Silverio (Danie Giménez Cacho), um jornalista e documentarista que vai ao México depois de anos nos Estados Unidos e enfrenta uma crise de identidade. Exibido no último Festival de Veneza, é o candidato do México a uma vaga no Oscar de produção internacional. Bardo, que estreia nos cinemas em 17.11, chega à Netflix em 16.12.

The Kingdom exodus, de Lars von Trier
O polêmico cineasta, conhecido por obras como Dançando no escuro (2000) e Melancolia (2011), retoma a série que marcou época nos anos 1990, com duas temporadas. The Kingdom se passava na ala de neurocirurgia do hospital de mesmo nome, onde acontecimentos estranhos e sobrenaturais começam a acontecer. Nesta terceira e nova temporada, uma fã da série original (Bodil Jorgenson), que sofre de sonambulismo, vai parar no hospital. A partir de 27.11, os cinco episódios de The Kingdom exodus estreiam semanalmente na MUBI. Antes, a plataforma também coloca no ar a primeira temporada (em 13.11) e a segunda (em 20.11), para quem não conhece ou para quem quer rever.

Paloma, de Marcelo Gomes
Vencedor do prêmio de melhor filme do recém-encerrado Festival do Rio, o longa do diretor de Cinema, aspirinas e urubus (2005) tem como personagem principal Paloma (Kika Sena), uma mulher trans que sonha em se casar na igreja. Kika Sena foi a primeira mulher trans a vencer o Troféu Redentor de melhor atriz no Festival do Rio.

46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: mais informações no site.

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