Pabllo Vittar lança “Noitada”

Em seu novo álbum, cantora investe em um som mais pesado e se entrega aos prazeres da noite. Confira trecho da nossa entrevista com ela, que será publicada na ELLE View de fevereiro.


Pabllo Vittar
Gabriel Renné



Desde o início, com o EP Open bar, em 2015, a implosão de armários, guetos e diques de contenção por Pabllo Vittar foi ininterrupta, com ponto culminante no ensolarado Batidão tropical (2021). Agora, após oito anos de visibilidade crescente e além-fronteiras, a artista se permite voltar à sombra e lança seu quinto álbum, significativamente batizado Noitada e ilustrado por Pabllo caracterizada como um anjo de asas de arame farpado, peito nu e corpo lambuzado de graxa ou pintura indígena de guerra.

Os tons soturnos e noturnos substituem o pique folião e diurno de hits como “Todo dia” (2017), “Amor de que” (2019) e “Zap zum” (2021). Em cerca de 20 minutos (mesma duração média da maioria de seus rápidos álbuns), Noitada atravessa uma madrugada na balada, investindo em revestimento sonoro eletrônico mais pesado que o habitual e se entregando sem muitos limites aos prazeres sexuais e químicos da noite, com participações de da companheira drag Gloria Groove, com “Ameianoite” (lançada em single em outubro passado), MC Carol com os vocais punk funk de “Descontrolada” e Anitta em “Balinha de coração”, entre outros. Confira a seguir trechos da nossa entrevista com a cantora:

O que Noitada traz de novo em relação aos seus álbuns anteriores?
Em Noitada, exploro novos caminhos da música que até então eu não tinha (feito), como, por exemplo, uma pegada mais eletrônica. Esse novo projeto é um álbum pensado em todas as fases de uma noitada comigo, começando “Ameianoite” e terminando no “After”.

As referências ao k-pop em visuais, clipes e no álbum I am Pabllo (2021) e o single com Rina Sawayama no ano passado deixam mais evidente sua identificação com estéticas do outro lado do mundo. Qual é a origem da sua afinidade com o pop do Oriente?
Eu amo pesquisar sobre música, ouvir novos estilos que estão em alta no mundo, inclusive estou sempre ligada nos lançamentos da semana das plataformas de streaming. E, nesse movimento, acabei me apaixonando pelo k-pop. Eu sou uma artista e sempre reforço que nós podemos ser quem nós quisermos, quando quisermos. Sendo assim, busco trazer para a minha carreira elementos com os quais me identifico, e a estética k-pop é uma delas, assim como outras visuais e musicais que eu trouxe para essa nova era, por exemplo.

O coletivo Brabo Music Team abastece seu repertório de hits, em alguns casos com sua participação também como compositora. Como é sua relação com a tarefa de compor música pop? A obrigação de criar hits está sempre presente?
Eu amo compor e participar do processo de produção. Mas nem eu nem os meninos da Brabo trabalhamos buscando hits. Compor tem que ser um processo intuitivo, natural e divertido. Nós nos encontramos para compor quando conseguimos, fazemos algumas coisas online no meio do processo, mas sempre buscando fazer o nosso melhor quanto à arte. 

Em sua apresentação no Festival do Futuro, em 1º de janeiro, você mencionou que foi das primeiras artistas a empunhar a bandeira de Lula sem medo de perder trabalho e publicidade por isso. Como se dá essa pressão, e como você conseguiu escapar dela?
Não existiu uma pressão para que eu me posicionasse, até porque isso nunca foi uma dúvida para mim e para as pessoas que me conhecem e me acompanham. Vivemos quatro anos muito difíceis. Como eu sou muito enfática no que acredito e nas bandeiras que levanto, não tive medo de perder trabalhos por divulgar meu posicionamento.

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