“Pistol” mostra a revolução punk na música e na moda

Série sobre os Sex Pistols traz ainda Vivienne Westwood, Malcolm McLaren e Chrissie Hynde como personagens.


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Danny Boyle, diretor de Trainspotting (1996) e 127 horas (2010), entre outros, acompanhou toda a ascensão do punk. E, embora preferisse The Clash, ele admite: “Eu não estaria aqui sem os Sex Pistols”. Criado na Inglaterra, em uma família da classe operária, ele sabia qual seria seu destino. “Você ia ser seu pai”, contou em painel da Associação de Críticos de Televisão. Mostrar a revolução que a banda representou foi sua motivação para dirigir Pistol, minissérie criada por Craig Pearce que estreou nesta quarta-feira (31.08) no Star+.

Baseada no livro de memórias do guitarrista Steve Jones, interpretado por Toby Wallace, a série mostra a formação da banda, composta por jovens vindos da classe operária, sem formação musical e sem perspectiva. Os integrantes eram Jones, o vocalista John Lydon/Johnny Rotten (Anson Boon), o baterista Paul Cook (Jacob Slater) e o baixista Glen Matlock (Christian Lees), substituído depois por Sid Vicious (Louis Partridge). Os Pistols eram gerenciados por Malcolm McLaren (Thomas Brodie-Sangster), dono da boutique SEX com a namorada, a estilista Vivienne Westwood (Talulah Riley), que se tornou um ponto de encontro e fomentador da cena punk em Londres.


Pistol | Trailer Oficial Legendado | Star+

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Para Toby Wallace, que teve a oportunidade de se encontrar com Steve Jones várias vezes, o essencial para entendê-lo e compreender a história é a experiência traumática que ele viveu – o músico contou ter sofrido abuso sexual quando criança. Isso deu origem à raiva, que ele compartilhava com McLaren. “Essa raiva deu origem aos Pistols, e muita gente podia se identificar com isso, especialmente quem vinha das classes operárias.”

Nas conversas que teve com a equipe e o elenco, o assunto mais comum de quem viveu a época era sobre como a Inglaterra era maçante nesse período. “Nossas vidas são tão cheias agora, há tantas oportunidades. Mas nosso mundo era pequeno, sem graça. Você era jovem e então era velho, sem nada entre uma coisa e outra”, explicou Boyle.

Os Pistols vieram e disseram que você podia fazer o que quisesse. “Nada pareceu ser o mesmo desde então, certamente não para a classe operária”, disse o diretor. A ordem era criar o caos. E dessa contracultura saíram música e moda extraordinárias.

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Maisie Williams como a modelo Jordan Fotos: Divulgação

A moda não era mais apenas sinal de status socioeconômico. Era política. “Tornou-se algo que você podia usar para se expressar e promover seu estilo de vida”, disse Boyle. Claro que toda geração de adolescentes diz fazer isso. “Mas não acho que ninguém tenha feito com tanto excesso, extremismo, agressividade, mesmo sendo não-qualificada”, completou o cineasta.

Enquanto hoje estamos preocupados em não ofender, os Pistols iam contra o que o país da rainha Elizabeth 2ª considerava apropriado. “Falavam: ‘Não damos a mínima para isso, não vamos ser bonzinhos, não vamos tentar agradar. Vamos nos expressar’”, disse o criador da minissérie Craig Pearce.

A modelo Jordan (Maisie Williams) pegava o trem por duas horas diárias, com cabelos espetados, faixas pretas de maquiagem nos olhos, jaqueta de plástico transparente, sem sutiã, para ir trabalhar na SEX. “Ser vista é um ato político”, diz ela na série.

As mulheres, aqui, não são acessórios, mas parte fundamental da escrita dessa história, seja Jordan, Westwood ou Chrissie Hynde (Sydney Chandler), guitarrista, compositora e cantora que seria líder da banda Pretenders. “A Vivienne é um ícone”, disse Talulah Riley. Suas roupas eram feitas para provocar reação e tirar as pessoas do marasmo. “Seu impacto é tão grande ou maior do que o dos Sex Pistols”, completou.

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Anson Boon como Johnny Rotten

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