“Top Gun: Maverick” moderniza e homenageia original
Filme estrelado por Tom Cruise é uma esperança da indústria cinematográfica em meio à crise das salas de cinema; Val Kilmer, Jennifer Connelly e Jon Hamm estão no elenco do novo longa.
Pergunte a qualquer mulher que foi criança ou adolescente nos anos 1980 se ela não tinha uma foto de Tom Cruise em Top Gun – Ases indomáveis na parede do quarto ou na capa do caderno. A resposta certamente será sim. O filme de Tony Scott galvanizou o ator como um dos grandes astros da década.
Trinta e seis anos mais tarde, Cruise ainda é um dos maiores astros do mundo – um dos poucos ainda capazes de levar pessoas ao cinema por sua simples presença. É essa a esperança da indústria cinematográfica em um momento de crise das salas de cinema, que não têm sido ocupadas como no período anterior à pandemia, com a estreia da sequência Top Gun: Maverick, desta vez dirigido por Joseph Kosinski, de Tron, o legado (Scott morreu em 2012).
As pré-estreias foram grandiosas, incluindo a volta de Cruise à Croisette, ou seja, ao Festival de Cannes, 30 anos depois de Um sonho distante, de Ron Howard. O ator recebeu uma Palma de Ouro honorária pelo conjunto da carreira, merecidamente, como deixou clara a montagem de quase 15 minutos com cenas de filmes, que inclui de Missão: impossível a trabalhos com Martin Scorsese, Paul Newman, Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Stanley Kubrick. Só faltaram mesmo cenas ao lado da ex, Nicole Kidman.
Top Gun: Maverick | Novo Trailer Oficial | LEG | Paramount Pictures Brasil
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Voltando ao filme, a sequência inicial de Top Gun: Maverick é idêntica à de Top Gun, mostrando quanto a tecnologia contribui para as cenas de ação. O Capitão Pete “Maverick” Mitchell, personagem de Cruise, pouco mudou. Continua arrogante, autoconfiante, beirando a irresponsabilidade ao pilotar caças, incapaz de manter um relacionamento amoroso e de seguir as regras, o que faz com que, mais de três décadas depois, ele tenha apenas alcançado o posto de capitão. Já seu ex-colega Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer) é almirante.
Para quem não viu o filme original: Top Gun é uma escola para pilotos de caça de elite da Marinha estadunidense. No primeiro filme, Maverick e seu amigo Goose (Anthony Edwards) são convidados para o programa. Em um dos exercícios, em uma competição com Iceman, Maverick é arrojado demais, e seu caça termina em chamas, fazendo com que ele e Goose precisem se ejetar. Mas Goose colide com uma parte do avião e morre. Maverick também tinha um romance com a instrutora Charlie (Kelly McGillis).
Em Top Gun: Maverick, o personagem principal é surpreendentemente chamado para treinar um grupo de graduados da Top Gun para executar uma missão impossível. É uma chance de ele se livrar de problemas depois de desobedecer a ordens novamente. Maverick não quer o papel porque, entre os alunos, está Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller, idêntico a Anthony Edwards), filho de Goose, que morreu no primeiro filme. Mas o protagonista não tem muita escolha e logo vai ter de enfrentar Rooster, que ele considera não estar pronto para a missão. Como sempre, haverá um comandante no pé de Maverick. Agora, é o almirante Beau “Cyclone” Simpson (Jon Hamm, o Don Draper de Mad Men).
Jennifer Connelly e Tom Cruise em cena do longaFoto: Divulgação
No setor amoroso, a Charlie de Kelly McGillis foi substituída por Penny (Jennifer Connelly). McGillis, que tem 64 anos, cinco a mais do que Cruise, disse que nunca foi convidada. “Estou velha e gorda, aparento a minha idade, e isso não serve para aquela cena”, disse ela ao programa Entertainment Tonight.
A tal cena, embalada por “Take my breath away”, da banda Berlin, era uma das favoritas das fãs de Top Gun. Mas é verdade que o relacionamento era quase um apêndice no primeiro filme.
Não mudou muito em Top Gun: Maverick. Penny, como Charlie, até tem um verniz de mulher independente e segura de si, mas, no fim, acaba cedendo às promessas nunca cumpridas de Maverick. O relacionamento parece ter sido incluído só como uma homenagem torta ao filme original.
Melhor é a aparição de Val Kilmer, o único personagem do primeiro filme, além do protagonista, a participar de Top Gun: Maverick. É uma cena breve, mas celebra o ator, que trata um câncer de garganta e tem uma traqueostomia para ajudá-lo a respirar.
Jon Hamm como o almirante Beau “Cyclone” SimpsonFoto: Divulgação
Se a dinâmica de relacionamento não mudou tanto assim, o elenco está mais diverso. Entre os pilotos, há mulheres e pessoas latinas, negras, asiáticas.
O principal assunto de Top Gun: Maverick é o protagonista ser capaz ou não de deixar para trás o trauma da morte de Goose. É uma versão mais humanizada de Maverick. O eletrizante mesmo são as cenas de ação envolvendo caças, que bem poderiam estar em Missão: Impossível. Cruise sempre faz questão de dispensar dublês, e aqui não foi diferente. As sequências foram realizadas com as câmeras adaptadas em caças F-18, e os atores passando pela experiência, com ajuda de pilotos de verdade, sem uso de imagens geradas por computador.
É ação à moda antiga, um alívio em tempos em que universos inteiros e até personagens são criados digitalmente, com ajuda da computação gráfica. Em um cinema mais pasteurizado que nunca, Cruise ainda acredita na magia e aposta na vida longa do cinema nas salas.
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