Casa de Criadores 53: Cynthia Mariah
Estilista e pesquisadora de moda, Cynthia Mariah traz debate sobre assassinatos de pessoas negras ao seu desfile da Casa de Criadores 53.
É raro ver uma coleção que fala sobre luto usando outras cores além do preto. Quer dizer, parece raro, mas na realidade não é. Trata-se de mais uma forma de apagamento sociocultural. E isso também tem a ver com a ideia de Cynthia Mariah para seu mais recente desfile na Casa de Criadores.
O ponto de partida para a estilista e pesquisadora foram os assassinatos de pessoas negras, principalmente mulheres como Mãe Bernadete, Marielle Franco e tantas outras privadas de uma morte natural por “balas achadas”.
Cynthia Mariah. Foto: Agência Fotosite
Cynthia Mariah. Foto: Agência Fotosite
Em continuidade ao trabalho de Cynthia sobre saberes e fazeres manuais, as roupas e acessórios trazem bordados, texturas e misturas de materiais. A imagem final é uma combinação de elementos do candomblé com informações e silhuetas do streetwear.
As silhuetas são alongadas, as formas, amplas, e os tecidos, naturais, quase sempre em tons neutros claros. Alguns vestidos ganham aplicações como babados na barra e nas mangas, enquanto outras peças trazem palavras ou frases, como “estamos vivos”, pintadas ou costuradas à mão.
Como bem disse Cynthia Mariah, “a partir do luto, falamos sobre a oportunidade da vida”.
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