Casa de Criadores 57: Trama Afetiva

Do começo: a Trama Afetiva foi criada em 2016 pelo comunicador Jackson Araújo como um veículo jornalístico dedicado a pesquisar e discutir design social regenerativo. O objetivo era colocar a sustentabilidade no centro da pauta, formar o mercado e estimular o debate sobre futuros possíveis.

Trama Afetiva. Foto: Marcelo Soubhia / Agência Fotosite

Trama Afetiva. Foto: Marcelo Soubhia / Agência Fotosite

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Em 2020, a estilista e amiga de longa data, Thais Losso, assumiu a direção de moda. “Chamei ela para fazer o que eu não sabia: roupa”, conta Jackson, hoje responsável pela direção criativa do projeto, agora estabelecido como marca. Thais aprofundou o estudo sobre resíduos da indústria de vestuário e acessórios e criou corta-ventos que viraram hits. “Com a grana arrecadada vendendo as jaquetas, conseguimos construir uma rede de trabalhadores”, diz a estilista. Atualmente, a iniciativa soma mais de 200 pessoas, entre catadores, costureiras e cooperativas de reciclagem.

A estreia na Casa de Criadores nasce do desejo de provar que é possível desenvolver moda – e show! – a partir de excedentes têxteis. A coleção veio da Imersão Cultural em Moda Regenerativa, projeto selecionado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) do Estado de São Paulo. Em outubro, estudantes, artesãos, designers e interessados em práticas circulares se reuniram em diversas oficinas criativas. As conversas e workshops viraram as peças desfiladas nesta sexta-feira (05.12) na CdC, uma mostra de looks no Centro Cultural São Paulo até 10 de dezembro e a revista Trama Afetiva: Moda em Regeneração.

Trama Afetiva. Foto: Marcelo Soubhia / Agência Fotosite

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Na coleção, a estética dos anos 1980 aparece em estampas vibrantes e modelagens típicas da época, como a jaqueta feita a partir de um guarda-chuva antigo com a imagem de Madonna e o casaqueto com mangas bufantes e ilustrações que reproduzem a obra de Romero Britto. “Trabalhamos com o que que chega para a gente. Chamamos isso de design de restrição”, explica Thais. A novidade é o crochê, produzido com fios desenvolvidos do mesmo náilon de guarda-chuva e que ganha forma em tops e blusas com pontos ora mais abertos, ora mais fechados. Há também calças cargo, bermudas biker, vestidos em camadas e, claro, os blusões esportivos que sustentam toda a narrativa da coleção. A estreia reforça que upcycling, design e desejo andam de mãos dadas.