5 lojas de decoração online dedicadas à arte popular e ao artesanato brasileiro
Peças produzidas por artesãos e artistas populares trazem significado, tradição e história para a casa – saiba onde encontrar um valioso acervo dessa produção carregada de afeto.

Existe uma riqueza imensurável e imaterial que se estende de norte a sul do nosso país – a arte do fazer manual. E para que ela alcance a todos, é imprescindível o trabalho de projetos, feiras, eventos e lojas de decoração online e físicas que viabilizam o comércio dessa produção artesanal carregada de afeto e história – desde as peças confeccionadas em série e sem assinatura, as quais entendemos como artesanato, até as obras únicas e grafadas com o nome do autor, o artista popular, denominado assim por ser autodidata.
Porque por trás de cada objeto, assim como acontece no universo do design, existe uma cultura, um traço, uma relação com a matéria-prima trabalhada e a forma de expressão de cada artesão. Há tanto esmero e tradição nas carrancas e santos entalhados na madeira quanto na renda renascença, no redendê e no bordado boa noite. Há ternura nos sanfoneiros, bois e pessoinhas feitas de barro cozido e também nas cenas de retirantes, vendedores de caju e sereias que se transformam em xilogravuras. Há encanto no imaginário fantástico de artistas que enxergam em madeiras retorcidas tronos, bancos e figuras que misturam pássaros, frutas e cactos com cabeças de gente.
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E, para imprimir essas peças afetivas no seu morar, vale mergulhar no universo do fazer artesanal, conhecer a trajetória de artesãos ou de regiões reconhecidas pelo trabalho com determinado material e incluir as obras que te tocarem na decoração. Podem ser elementos produzidos por etnias indígenas ou toalhas de mesa bordadas. Urupemas de palha de cana ou mandalas de taboa trançada. Itens únicos criados por mestres, artistas populares responsáveis por inaugurar e preservar um patrimônio cultural, como Vitalino, Nuca e Neguinha. O importante é enxergar a beleza oculta que há em cada objeto feito por mãos tão habilidosas – ribeirinhas, caiçaras, interioranas, sertanejas.
Mas, caso não saiba por onde começar, confira abaixo o acervo de cinco lojas de decoração online dedicadas à arte popular e ao artesanato brasileiro, entre muitas outras que também fazem parte dessa rede de valorização do fazer manual.
Figuras da cultura popular e objetos de etnias indígenas
Foto: Instagram/@novosparanos
Idealizada pelo curador Renan Quevedo, o projeto e loja Novos Para Nós reúne obras de artesãos e artistas populares catalogadas a partir de pesquisas e mapeamentos realizados no território nacional. Entre os destaques, vale olhar a coleção Milagres, inspirada nos tradicionais ex-votos (objetos que simbolizam promessas alcançadas) feita em parceria com artesãos cearenses. Além dos bancos de onças, tatus e tamanduás do artesão mineiro Seu Gervásio, os mandacarus floridos da alagoana Aline Gonçalves Santos e as peças de diversas etnias indígenas como Waurá, Mehinako, Tukano, Karajá e Yanomami. Na imagem acima, o móbile com pássaros da Amazônia foi produzido por artesãos da comunidade de Abaetetuba, interior do Pará, com palmeira miriti.
Mistura boa: design ancestral e contemporaneidade
Foto: Instagram/@artiz.oficial
A Artiz comercializa peças oriundas da ONG Artesol, projeto que fomenta o comércio justo de uma rede com mais de 10 mil membros entre associações, organizações indígenas, mestres, criativos, artistas e artesãos populares. Na loja, há desde itens assinados, como os leões de Marcos Nuca, filho do mestre Nuca, a peças artesanais, a exemplo das almofadas e toalhas de linho com bordados boa noite, das bordadeiras de Pão de Açúcar (AL), e sousplats em renda de sisal criados pelas artesãs da Associação Maria dos Agaves, na Paraíba. Confira também as lindas cestarias (imagem acima), desenvolvidas pelo Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos (NACIB) em parceria com o designer mato-grossense Sergio Matos.
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Acervo com valorização e divulgação do fazer artesanal
Foto: Instagram/@imaterial_artesanatobrasileiro
A Imaterial Artesanato Brasileiro propõe um novo olhar para o fazer manual, com visibilidade e protagonismo dos artesãos e comunidades a qual pertencem, atrelados a um comércio de valorização ao que é produzido, sem atravessadores. No site da loja de decoração, vale ler a respeito da trajetória de cada artesão e espiar algumas obras especiais, como as peças em madeira com pinturas ultracoloridas criadas pelos artistas alagoanos Jasson, de Belo Monte, e Vavan, da Ilha do Ferro. Assim como as xilogravuras dos discípulos do mestre J. Borges, a produção em barro cozido da mestre pernambucana Neguinha, de Belo Jardim, autora das famosas cabeças (imagem acima), um dos objetos mais icônicos da arte popular brasileira.
Peças garimpadas em comunidades do nordeste brasileiro
Foto: Instagram/@somos.azu
Criada pelas arquitetas Cicília Abath e Maria Eugênia Cirne, a Somos Azú comercializa obras de artistas populares consagrados e também de artesãos ainda pouco conhecidos, garimpadas em viagens a povoados e comunidades no interior do nordeste brasileiro. Entre as peças disponíveis, é possível encontrar objetos de madeira entalhada dos artistas pernambucanos Gledson, de Juazeiro, e as imagens de santos de Simone Souza, de Itaíba. Também estão lá as sereias e caboclos maracatu de barro cozido de Mano de Baé, de Tracunhaém. Já as árvores decorativas do artesão Dedé vêm da Ilha do Ferro, às margens do Rio São Francisco, mesmo lugar de onde nascem as máscaras de madeira mulungu pintadas pelo artista Zé Crente, na imagem acima.
Arte popular que faz bonito em projetos atuais
Foto: Instagram/@manawa.design
Contar histórias feitas à mão é o que norteia o propósito da loja de decoração Manawa Design, pautada pelo design consciente. Da curadoria, surgem peças carregadas de ternura, como os cachorrinhos de cedro esculpidos pelo pernambucano Marcos de Sertânia (imagem acima), inspirados na Baleia, personagem imortalizado por Graciliano Ramos no livro Vidas Secas. Assim como as esculturas figurativas de Elias Vitalino, artesão que mantém viva a tradição do barro moldado de Caruaru (PE), inaugurada por seu avô, Mestre Vitalino (1909-1963). Do barro com queima artesanal, merecem destaque os ouriços, moringas e colares de mesa criados por Jair Monteiro de Tracunhaém (PE) e as jacas da artesã alagoana Adriana de Capela, irmã das já consagradas Tita e Sil da Capela.
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