9 hotéis que valem a viagem

Arquitetura surpreendente, serviço impecável e localização de tirar o fôlego são os traços comuns aos hotéis mais desejáveis do momento.


bangalos com vista para o mar azul turquesa
Kisawa Sanctuary: suítes camufladas na paisagem de Moçambique. Foto: Divulgação



Sabe aquele hotel que é tão incrível que você nem tem vontade de botar o nariz para fora dele? Selecionamos nove desses endereços que merecem entrar para a sua lista de viagem dos sonhos.

Escondido na paisagem
Casa na Terra, Monsaraz, Portugal

quarto cavado na rocha em tons de cinza

Fotos: Divulgação

Imagine se hospedar em uma casa subterrânea, como um abrigo. O Casa na Terra propõe essa experiência incomum, e sem abrir mão da sofisticação e do design. Em Monsaraz, no coração da região do Alentejo, o pequeno hotel fica a poucos passos das margens do Lago de Alqueva e a duas horas e meia de estrada de Lisboa. Obra em concreto do premiado arquiteto Manuel Aires Mateus, a propriedade é a quinta e mais recente da coleção Silent Living, cujo conceito teve origem no desejo de uma família de reformular suas residências em várias cidades de Portugal e abri-las ao público. A construção praticamente desaparece na vegetação, não fossem o pátio e a marquise, que cobre a área comum com uma abertura circular para o céu. “Ela se integra à natureza de forma topográfica e cromática. Construímos uma atmosfera entre a rudeza do concreto e a delicadeza dos materiais naturais, protegendo uma vivência que nas áreas comuns se projeta sobre a paisagem”, declarou o arquiteto. A proposta é bem enxuta, quase minimalista. São apenas três quartos, iluminados por pátios privativos. Pelos ambientes, acabamentos de madeira e móveis customizados por artesãos locais e peças de design, como luminárias Flos e cadeiras Branca Lisboa. Tudo simples e minimalista. O que fazer? Além de curtir a casa, você pode praticar hiking e esportes aquáticos, fazer passeios de barco no lago, visitar a cidade medieval de Monsaraz ou, simplesmente, observar as estrelas. Um programa mais do que perfeito. silentliving.pt

Galeria a céu aberto
Paradero Todos Santos, Baja California Sur, México

piscina com borda infinita e vista para montanhas de tom dourado

Fotos: Divulgação

Deserto, montanhas e fazendas agrícolas a 20 minutos da costa do Pacífico, no pequeno estado de Baja California Sur, oeste do México. Aqui, os empresários mexicanos Pablo Carmona e Josh Kremer traçaram primeiro um oásis de palmeiras e 80 espécies de plantas endêmicas, em conjunto com o escritório português de paisagismo Polen. Depois, criaram o hotel para se fundir com a paisagem, em parceria com os arquitetos Ruben Valdez e Yashar Yektajo. Inaugurado no ano passado, Paradero Todos Santos é a primeira propriedade da Paradero Hotels, uma rede exclusiva que nasceu para oferecer experiências e aventuras soft. Seu nome homenageia um pequeno povoado próximo, pleno de paz e espiritualidade. Carmona e Kremer levaram três anos para definir o local da empreitada. “Paradero é mais que um hotel. É um verdadeiro projeto botânico”, conta a dupla. “Nosso jardim, de mais de 9 mil metros quadrados, está no centro do empreendimento.” Em meio a esse oásis, uma série de estruturas da arquitetura brutalista, em tons de areia, forma um trapézio, referência tirada da cultura maia. “Como uma galeria a céu aberto, imaginamos linhas clean e formas atemporais, que jamais nos distraem do artesanato mexicano, dos tecidos e das esculturas que preenchem todos os espaços”, descrevem os proprietários. Paleta de tons de deserto, madeira crua, concreto e metal ofuscam a linha entre a vida interior e o exterior. paraderohotels.com

Dante como inspiração
25 Hours Florence, Florença, Itália

ambiente de bar dramático em tons de azul profundo e vermelho

Foto: Laura Fantacuzzi e Maxime Gelati

Escrita em florentino no início do século 14, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, traça a jornada fantástica do poeta pelos reinos do além-mundo: do Inferno ao Paraíso. Florença ganhou um hotel cujo décor foi inspirado nesse épico renascentista. A viagem por esse clássico da literatura foi traduzida para o design pela italiana Paola Navone, e seu Otto Studio, no 25 Hours Florence, uma novidade da rede de hotéis baseada em Hamburgo, Alemanha. Paola conheceu Christoph Hoffmann, o hoteleiro fundador do 25 Hours, há alguns anos na Suíça. Conversaram e ficaram amigos. Daí a ideia de chamá-la para o projeto na Itália, fruto da imaginação do alemão. O hotel ocupa um palazzo e um anexo no centro histórico florentino, na região da Piazza di Santa Maria Novella, e chama a atenção pelo estilo eclético, com muitas peças vintage e alusões à obra dantesca. Ao cruzar as portas e os espaços, alternam-se cenas do Céu e do Inferno, vícios, pecados e virtudes do universo de Alighieri. Os 171 quartos se dividem entre Inferno e Paradiso Rooms. Os primeiros têm paredes, móveis e tecidos vermelhos. Detalhe: há lustres customizados pela italiana Karman com motivos de cartas de baralho, em referência à jogatina. Já os Paradiso Rooms foram criados com pisos de resina creme e toques de azul nos tapetes e estofados, além de móbiles de Alexandre Calder que remetem ao céu e ao sistema solar e luminárias de cabeceira de penas de ganso com design de Ingo Maurer. “Cada cor e cada objeto foram pensados nos mínimos detalhes para apresentar os hóspedes às atmosferas de Dante e inspirar encanto e surpresa, mesmo que não se conheça o poema”, diz Paola Navone. Entre os espaços comuns, o Piazza San Paolino faz uma releitura da clássica mercearia italiana, cujo salão é dominado por uma grande instalação de salumeria artificial – uma alusão à gula. 25hours-hotels.com

Poesia oriental
K5, Tóquio, Japão

quarto de hotel com cama grande e aconchegante e planta ao fundo, em um vaso

Fotos: Divulgação

Na Tóquio dos arranha-céus, esse é um endereço hoteleiro que foge à regra. Hotel butique de 20 quartos, recém-criado no prédio de cinco andares de um banco dos anos 1920, o K5 é ponto de encontro da turma fashion na antiga região financeira de Kabuto, que ressurge megadescolada com butiques, bares, bistrôs e espaços de coworking. Parte da coleção Design Hotels, o K5 foi planejado pelo escritório de arquitetura sueco Claesson Koivisto Rune (CKR). A inspiração? “A palavra japonesa ‘aimai’ guia o conceito do K5 e quer dizer ‘vago, obscuro, ambíguo’, que em japonês geralmente é usado de forma positiva, com sentido poético. O termo denota os benefícios de apagar as fronteiras”, explica o designer Ola Rune. “As funções do K5 intencionalmente se confundem: a biblioteca é bar, enquanto o coffee shop também é lounge, que conduz ao wine bar e ao restaurante.” O décor combina o minimalismo sueco e os elementos tradicionais do local, como paredes e tetos de estuco pintados com métodos japoneses. No mobiliário, há muitas peças customizadas pelo trio Claesson Koivisto Rune, contracenando com móveis de cedro, esculpidos a mão pelos artesãos da Ilha de Hokkaido para a marca nipônica Time & Style. Além do design, outro destaque são os espaços trendy dedicados aos prazeres da mesa. O bar-biblioteca serve drinques elaborados com ervas naturais da medicina chinesa, por exemplo. O Caveman é o restaurante-irmão do badalado Kabi, em Meguro, de cozinha com influência nórdica e técnicas japonesas. O K5 acolhe ainda a primeira taverna da famosa cervejaria Brooklyn Brewery fora de Nova York. Uma experiência imperdível para quem está de viagem marcada (ou na lista de desejos) para o Japão. Mais cool, impossível. k5-tokyo.com

Modernismo tropical
Kisawa Sanctuary, Ilha de Benguerra, Moçambique

casas que lembram ocas indigenas com telhado pontudo

Fotos: Divulgação

A África paradisíaca do Oceano Índico, centrada em bem-estar, sustentabilidade e preservação da vida marinha, está em evidência nesse resort na Ilha de Benguerra, arquipélago de Bazaruto, em Moçambique. Projeto da empresária suíça e filantropa Nina Flohr, mulher do príncipe Philippos, da Grécia, o Kisawa Sanctuary marca a estreia de seu Studio NJF Design e foi idealizado em parceria com um time de artesãos da ilha e das vizinhanças. Ao longo de 300 hectares de costa, entremeada por dunas e floresta, o hotel conta com 12 residências, com uma, duas ou três suítes, que se camuflam na paisagem. “Observamos os montes de areia que nos cercam e buscamos incorporá-los ao design. Suas formas e seus contornos inspiraram os telhados em toda a propriedade”, conta Nina. A empresária também se inspirou no boom arquitetônico na África dos anos 1970, período conhecido por “modernismo tropical”. A construção priorizou materiais locais e revestimentos de superfície não cimentícios de cunho ecologicamente consciente e envolveu carpinteiros e experts da região em técnicas artesanais, com palha e tecidos. Atração à parte, o spa é composto de um aglomerado de pequenas estruturas circulares com topos cônicos. Nele, os hóspedes podem participar de programas personalizados baseados na medicina aiurvédica em colaboração com um chef de cozinha só seu. O design de interiores segue a mesma linha do resgate cultural africano. Reúne peças de antiguidade únicas e artefatos garimpados por todo o continente, móveis customizados, trabalhos artísticos em tecido e estampas gráficas coloridas. kisawasanctuary.com

Mundo mágico
Patina Maldives, Fari Islands, Ilhas Maldivas

sala em madeira que é diretamente ligada a uma piscina com borda infinita ao lado do mar

Foto: George Roske

O mais novo resort das Ilhas Maldivas é obra do brasileiro Marcio Kogan e de seu time do Studio MK27. “A primeira vez que pisei nas Maldivas, em 2016, eu me senti num mundo imaginário, em que tudo seria possível. Um lugar mágico”, lembra Kogan. O arquiteto, então, foi convocado por Evan Kwee, hoteleiro de Cingapura, do grupo Capella Hotels, para desenhar um resort nada comum em uma ilha artificial construída no Atol de Malé do Norte. E assim foi. Exatos cinco anos depois, Kogan desembarcava no arquipélago para se hospedar no Patina Maldives, que ele criou com a ideia de estabelecer a harmonia entre arte, cultura, arquitetura e natureza. “Continuei achando tudo surreal. Parecia estar andando em renders.” Com 34,5 mil metros quadrados de área construída, o resort se espalha por 400 mil metros quadrados de paraíso e promove não só o isolamento, mas também a socialização. O projeto de Kogan traz elementos naturais em sintonia com o mobiliário de design internacional, assinado por Paola Lenti e Dedon, entre outros. “A principal inspiração foi o próprio lugar, a presença inabalável da linha do horizonte, a cor das águas. A arquitetura tenta, assim, se retirar para deixar que a natureza se expresse”, reflete o arquiteto sobre o minimalismo de sua obra diante da exuberância verde e a imensidão azul do entorno. Além das 20 suítes e 90 villas contemporâneas – todas com piscina particular –, o Patina impressiona pelos espaços sociais. Há um spa com fitness center, um kids club para atividades lúdicas de sustentabilidade e a Fari Marina Village, uma vila trendy com marina, diversos restaurantes, food trucks, lojas, galerias de arte, bares e um beach club superbadalado. E não para por aí: grandes instalações de artistas, como o estadunidense James Turrell e o mexicano Jose Dávila, completam a experiência de forma impecável. Para descansar o olhar e preencher a alma. patinahotels.com

Vilarejo criativo
Potato Head Studios, Bali, Indonésia

ambiente moderno com cadeiras de acrilico azul e uma grande claraboia circular

Foto: All is Amazing/Paulius Staniunas

O nome é um tanto curioso para uma marca de hospitalidade e lifestyle com um mix de espaços badalados em Cingapura, Hong Kong e Bali. Idealizada em 2010 pelo jovem empresário indonésio Roland Akili, o Potato Head surgiu em Seminyak, um bairro descolado de Bali, com o Potato Head Beach Club (um hotspot instantâneo na ilha). Uma década depois, Akili se expandia para criar o que chamou de “vilarejo criativo”. O Desa Potato Head (“desa” significa “vilarejo” em indonésio) recebe em dois hotéis bacanas: o Katamama e o mais recente, o Potato Head Studios. Primeiro projeto na Indonésia do escritório holandês OMA, o Potato Head Studios foi liderado pelo arquiteto David Gianotten e foge do conceito tradicional de hotel. Sustentabilidade, wellness e senso de comunidade são os pilares. Materiais locais naturais e reciclados, peças da arte da Indonésia, cerâmica, tecidos e cestaria produzida em pequena escala por artesãos de Bali compõem os espaços. Nos 168 quartos, chamam a atenção as cadeiras de bambu do designer britânico Max Lamb, as bandejas coloridas feitas com resíduos de plástico reciclável e um kit zero desperdício – talheres de bambu e potes reutilizáveis com itens essenciais, como protetor solar e repelente. Muito além da hospedagem, o Potato Head Studios apresenta diversas áreas abertas ao público, incluindo um espaço para exposições, um bar e um pátio dedicado a eventos culturais. Daí a estrutura da construção: suspensa e projetada para formar um quadrado. “Desde o início, o Potato Head e o OMA compartilharam a ideia de criar um lugar que recebesse tanto hóspedes quanto o público em geral”, conta David Gianotten. O hotel possui até um centro de coworking no mezanino. Na lista de atividades possíveis, pense em oficinas sobre sustentabilidade para adultos e crianças, limpeza da praia e cerimônias balinesas. potatohead.co

Tradição com twist
La Réserve Eden au Lac Zurich, Zurique, Suíça

ambiente rústico de madeira

Fotos: Divulgação

Um ícone do estilo neoclássico de 1909 às margens do Lago de Zurique, na Suíça, e um dos hotéis históricos mais preciosos do mundo. Precisa de mais? O Eden au Lac sobreviveu às duas grandes guerras mundiais, passou pela mão de vários empresários da hotelaria e teve períodos de esplendor e declínio até ser adquirido, em 2015, por Michel Reybier, o hoteleiro franco-suíço à frente da exclusiva marca La Réserve Hotels, com propriedades na França e na Suíça. Pois bem. Reybier contratou o francês Philippe Starck para uma repaginação completa. O conceito? “Um lugar atemporal, respeitoso e insolente, sério e louco. Um iate clube imaginário e moderno à beira do lago”, disse Starck. Relançado na cena hoteleira de Zurique, o La Réserve Eden au Lac é o hotel da moda na cidade. A fachada, restaurada, preserva esculturas com figuras de leões, entre outros elementos antigos. Nos interiores, a reforma trouxe à tona paredes de tijolos originais, frisos de cimento e pisos de madeira maciça. Starck adicionou couro em tons de bege e marrom, mármore branco e preto, toldos em azul e branco, muitos detalhes de metal prateado, remos aqui e ali no décor, fotografias e pinturas de marinheiros e barcos a vela. O lobby é conectado aos andares superiores por um elevador e uma escadaria original de madeira, cujo vão exibe vitrais criados pela filha do designer francês, Ara Starck. Projetadas como cabines de navio, muitas das 40 suítes possuem terraço e sacadas privativas com vista para o lago. Outro destaque é o restaurante La Muña, na cobertura. O ambiente interno remete ao interior de um casco de navio: um baú de tesouro pronto a ser descoberto. Já o menu, igualmente surpreendente, apresenta uma fusão das cozinhas japonesa e peruana. “O La Réserve Eden au Lac Zurich é como dançar rock and roll com a rainha da Inglaterra”, define Starck. lareserve-zurich.com

Diálogo com a natureza
Hotel Fasano Trancoso, Bahia, Brasil

Ambiente rústico de madeira com vista para o verde

Foto: Daniel Pinheiro

Faltava uma marca hoteleira bacana como a Fasano em Trancoso, um dos destinos mais hypados do litoral brasileiro. O mais novo hotel do grupo na Bahia combina traços contemporâneos e elementos da cultura regional em um delicioso diálogo com a natureza. Sentiu o clima? Em frente da Praia de Itapororoca e das piscinas naturais desse pedacinho superprivilegiado do litoral de Trancoso, o Fasano ocupa uma área de 300 hectares de mata tropical nativa e foi concebido por Isay Weinfeld, arquiteto que também assina os hotéis Fasano em São Paulo, na Fazenda Boa Vista e em Punta del Este, Uruguai. “Procuramos combinar o espírito despretensioso da Bahia e o singelo da arquitetura local com o refinamento e a elegância da marca Fasano”, diz Weinfeld. Cercados por uma vegetação exuberante, os 40 bangalôs se esparramam pela propriedade. Alguns têm sala de estar e dois quartos e boa parte traz um terraço privativo no piso superior, de onde se tem uma vista incrível para a praia, praticamente deserta. Telhados com cobertura de piaçava, pisos de cimento queimado, terraços com deques de madeira… Móveis de design, de nomes como Carlos Motta e Studio Zanini, se misturam a peças únicas do artesanato regional. Exemplos? As luminárias de Zé da Cerâmica no bar e uma tela em nanquim com 5 m, na área da recepção, retratando o Quadrado – obra do famoso artista local Damião Vieira. Um deque de madeira cumaru certificada, que se estende por 500 m ao longo da costa, com duas piscinas, é o point para admirar o mar. Na praia, você tem o atendimento de um charmoso restaurante pé na areia, debaixo de uma amendoeira. Como é de esperar, no Fasano Trancoso a gastronomia é destaque. O restaurante principal, aberto ao público, está sob o comando do chef Zé Branco, que há anos trabalha com o grupo e aqui combina peixes e frutos do mar com massas e risotos. reservatrancoso.com.br

Esta reportagem foi publicada originalmente no volume 1 da ELLE Decoration Brasil. Para comprar seu exemplar, clique aqui.

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes