Com projeto do Studio Mk27, casa ’emoldura’ paisagem do litoral baiano
Projeto assinado pelo arquiteto Marcio Kogan e seu Studio Mk27, esta casa de veraneio, no litoral baiano, descansa em meio à natureza típica da região, integrada pelo paisagismo de Isabel Duprat.
Uma casa sobre a falésia, com vista para o oceano, embalada em ripas de eucalipto e com telhado de taubilhas. Esses elementos, típicos das residências de Trancoso, no sul da Bahia, revestem a criação do premiado Studio Mk27, que traz uma proposta ousada sobre o viver. Trata-se de uma residência de 843 m², horizontal, de traços retos, cor clara, que repousa sobre o platô à beira-mar e, de um generoso vão no centro, enquadra a natureza ao redor.
Sofá Life, da Entreposto, poltrona de Hans Wegner e roca de fiar antiga. Luminárias de piso Voyager, da Gloster, e mesas laterais Brick, da Gervasoni. Foto: Christian Moller Andersen
O projeto, iniciado em 2014, foi desenvolvido como refúgio e lazer para um casal com três filhos que mora em São Paulo. A base era um terreno de 10.573 m² em condomínio fechado, em uma área alta, distante da praia. A família sonhava com uma casa sem frescura, bem ao estilo das tradicionais villas de Trancoso. Em resposta, o escritório desenvolveu o projeto de uma casa “explodida”, com diversos blocos, distribuídos aleatoriamente, que abrigavam cozinha, quartos e salas, entre outros ambientes.
Pendentes da Lightworks, mesa de jantar da Tora Brasil, cadeiras da Loja Teo, poltrona do designer Hans Wegner, mesinha lateral Cork, da Gervasoni, e tapete da linha Acqua, Nani Chinellato. Foto: Christian Moller Andersen
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A ideia não foi para a frente, e essas construções salpicadas se recolheram e foram reunidas sob um único telhado extenso, de duas águas, numa estrutura retangular. Nas laterais, aparecem dois volumes fechados, que acolhem, de um lado, a suíte principal e, de outro, a cozinha. No centro, há um generoso vão livre, onde foi posicionado o living, com sofás, poltronas, mesa de centro. Logo ao lado, uma ampla “caixa” branca se destaca – um ambiente revestido de painel todo perfurado, que ao ser recolhido, como um biombo, revela as entradas e janelas das suítes e da sala de jantar.
Poltrona de Hans Wegner, mesinhas Brick e Cork, da Gervasoni, tapete da linha Acqua, de Nani Chinellato, e gamela, ambos de antiquário. Foto: Christian Moller Andersen
“A casa pode se tornar hermética, completamente fechada, isolada do mundo, e de repente se abrir, abocanhando tudo, onde até os passarinhos cruzam de um lugar ao outro. É uma coisa muito fluida”, explica o arquiteto Marcio Kogan, autor do projeto em parceria com as arquitetas Samanta Cafardo e Beatriz Meyer. “Bem sofisticada no sentido de engenharia estrutural, a casa praticamente não tem pilar”, ressalta ele, falando sobre o desenho, em que a estrutura é quase imperceptível.
Cabeceira e cama do Studio Mk27, pendentes de artesanato local. Foto: Christian Moller Andersen
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Se você olhar a volumetria, a casa tem uma grande cobertura. Dentro, uma caixa solta, bem definida, que não encosta no teto”, completa Samanta. “A arquitetura já pensa na ventilação cruzada, então você não precisa usar ar-condicionado.” Com isso, a casa ainda dispensa corredores e toda a circulação é feita pelo terraço.
Sofá Life, da Entreposto, poltrona de antiquário e mesas In Out 47, Grey 41 e Log, da Gervasoni. Foto: Christian Moller Andersen
Ao andar pela residência, no horizonte se avista o oceano. Já na área externa, o projeto paisagístico é de Isabel Duprat, com exemplares de árvores como nim, sapucaia, flamboaiã, monguba, aroeira e ipê, entre outras. Há ainda curvas de nível no terreno, marcadas pelo plantio de diferentes espécies, em um traçado que conversa com o arredondado da piscina.
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É essa vegetação variada, de verde intenso, que colore também o interior da casa, assinado por Diana Radomysler e Pedro Ribeiro, ambos do Studio Mk27. A dupla optou por uma paleta de tons terrosos, claros, repleta de bege, areia, branco e marfim. Predominam texturas e fibras naturais. No piso, brilha o basalto cinza. Nos objetos, aparecem itens de palha, vidro e madeira – uma conversa com o artesanato da região e de vocação praiana.
Detalhes do décor. Foto: Christian Moller Andersen
Além de mobiliário fixo, inteiramente assinado pelo escritório, foram resgatadas também peças de antiquários. “São móveis antigos que estão sendo reutilizados. É uma maneira de fazer uma reciclagem, não comprar tudo novinho”, disse Radomysler.
Foto: Christian Moller Andersen
Entre elas, uma roca de fiar, de madeira, que faz as vezes de mesinha lateral. “A gente queria que fosse tudo clarinho, que a cor viesse de fora, já que essa casa é uma moldura para a paisagem. Todo o interior é uma área calma, para você se sentir acolhido ao som da natureza.”
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- Esta reportagem foi publicada originalmente na edição impressa do volume 3 da ELLE Decoration.
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