13 motivos para conhecer Quindío, na Colômbia

Longe dos restaurantes premiados de Bogotá e das praias sexy do Caribe, a região cafeicultora alia arquitetura cinematográfica, belezas naturais e produtos incríveis.


rua com sobrados coloridos com fachada de madeira pintada de amarelo e janelas azuis
Rua no vilarejo colonial de Salento. Foto: NurPhoto/Getty Images



A não ser que você seja um coffee geek, dificilmente terá ouvido falar de Quindío, na Colômbia. Muito menos terá cogitado umas férias por ali. Portanto, antes que ele vire clichê de guia turístico, descubra por que vale a pena desbravar essa belíssima região do nosso vizinho do norte.

Apenas 200 quilômetros distanciam Quindío da capital do país, mas, por culpa da cordilheira e da qualidade das estradas, a melhor alternativa para chegar lá é um voo de cerca de uma hora. Por sorte, empresas aéreas low costs como a Viva fazem o trajeto mais de uma vez por dia, seja para o aeroporto de Armênia, seja para o de Pereira.

Independentemente de onde for o desembarque, será imprescindível alugar um carro ou contratar um motorista (o simpático Marulanda atende no tel. +57 318 812 8533) para chegar a fazendas, parques, cidadezinhas e outras atrações que não podem ficar de fora do roteiro.  Confira aqui 13 delas!

1. Uma casa de campo para chamar de sua

Piscina elevada com casa ao fundo

Finca San Jeronimo: construção histórica com comodidades contemporâneas.

Sim, há bons resorts espalhados pela zona toda. Dito isso, nada será tão fabuloso quanto viajar no tempo e se hospedar numa propriedade típica. Caso da Finca San Jerónimo, uma mansão do século 18 com mais de uma dezena de quartos, varandas com redes e longas mesas de jantar. Pelas necessidades modernas, assegura banheiro, wi-fi e televisão nas acomodações. Deixa também piscina, jacuzzi, mesas de bilhar, churrasqueira e cozinheiras à disposição. Próxima aos hotspots do Eje Cafetero (região cafeteira), garante descontos ao Parque del Café (a Disneylândia local), aluga cavalos e tem pista de motocross. Para quem quiser bancar a Doña ou Don, a San Jerónimo pode ser alugada de uma só vez para 30 convidados!

2. Restaurante-laboratório

chef finaliza pratos na cozinha

Juliás Hoyos em ação no El Silo.

A uns 10 minutos a pé da Finca San Jerónimo, encontram-se uma horta populosa, com diversos tipos de ervas, tomates e outros vegetais, e uma granja em que circulam livremente frangos andinos gigantes (para se ter ideia, uma coxa dessas aves ultrapassa 1 kg). Mas a maior atração fica no meio do caminho entre a horta e a granja: o melhor restaurante de Quindío, El Silo. Ali, o chef-celebridade Julián Hoyos aplica um olhar singular sobre o campo e a cozinha. Aprofunda os sabores mais autênticos da região com técnicas como maturação a seco, defumação a frio e fermentações. Desenha os pratos e cria texturas como se escrevesse poemas. Às vezes até se esquece de que está em Montenegro, uma cidadezinha conservadora, que já o levou a encerrar o Silo duas vezes. Persistente, Julián não se abala e hoje propõe alta gastronomia criolla a partir de insumos de pequenos produtores locais, incluindo ele mesmo. Serve snacks de morcilla caseira com creme de ervilhas e a tal da coxona (defumada, com casquinha crocante e purê de macadâmias fermentadas). Faz da panna cotta de couve-flor uma caminha para o patê à base dos miúdos da ave.

3. As belas borboletas

Com mais de 3.500 espécies, a Colômbia é o país com a maior variedade de borboletas do mundo. No “mariposario” do Jardim Botânico algumas dezenas das mais gráficas e coloridas voam livremente, de modo que dá para passar horas, entre folhas e flores, atrás de asas verdes, azuis, alaranjadas, alvinegras, listradas e malhadas.

4. Uma terra de palmeiras

Palmeiras bem altas com tronco fin

As longilíneas palmeiras, símbolos locais.

Ainda no Jardim Botânico, o tour guiado otimiza o passeio. Em duas horas contemplam-se aves e mamíferos, museus, um labirinto natural e o acervo com mais de 200 tipos de palmeiras nativas. Essas árvores fininhas, que tocam o céu, são símbolos locais e protagonizam também trilhas ecológicas no Vale do Cocora. Na cordilheira central dos Andes, em quase 600 quilômetros quadrados, El Cocora não só concentra as mais altas palmas de cera do planeta, mas expedições (a pé ou a cavalo) sugeridas por hotéis e agências turísticas quindianas. Ao escolher uma, inclua uma parada na Santa Rita, cachoeira dentro de uma fazenda particular que serve um bom tinto (não é vinho, é a palavra usada para se referir ao cafezinho puro) com quitutes.

5. Salento

Patrimônio colombiano, esse vilarejo colonial é pura mimosura – cada uma de suas casinhas pede uma deitada de olhos. Destaque para a Igreja de Nuestra Señora del Carmen, na praça central e para a Calle Real, onde ficam cafés, restaurantes e lojas de artesanato. Vale também escalar os pouco mais de 200 degraus do mirante Alto de la Cruz e observar o sol se pondo lá do alto.

6. Pães de queijo

mesa com café e paezinhos tipicos colombianos

Delícias da padoca La Exquisita.

Claro, você merece, pode e deve tomar café da manhã ao despertar. Desde que isso não impeça uma visitinha a La Exquisita, padoca há 40 anos na praça central de Calarcá. A especialidade são pães de queijo, sempre fresquinhos. Tem o pandebono (com fécula de mandioca e de milho, queijo e ovos, recheado com doce de goiaba ou não), tem a almojábana (de farinha de milho e queijo fresco, normalmente com um toque de açúcar, às vezes frita), tem o pão de mandioca (apenas com farinha de mandioca e queijo mais intenso), tem “dedos de queso” (uns folhados recheados) e tem os famosíssimos buñuelos (bolinhos fritos cheinhos de queijo derretido).

7. Aventuras no cafezal

casarão branco no meio de uma plantação

A fazenda La Pradera: diversão e boas xícaras de café.

La Pradera é uma fazenda centenária. Planta cafés especiais, tem uma ótima cafeteria, oferece hospedagem própria e, de quebra, propicia um bando de experiências que vão muito além da degustação de xícaras de bourbon rosa ou gueixa coado. Há ali esportes radicais, incluindo voo de parapente, há também paintball e tours de minimotos. Acredite, a dramatização da vida no cafezal, ligeiramente cafona, absurdamente divertida, faz adulto dançar, apostar corrida de saco e jogar dardo sem medo de ser feliz!

8. Vitrolas e delícias

interior de um restaurante com ambiente com detalhes azuis e muita madeira

El Hato: cozinha criolla rústica em um lindo imóvel tombado.

Don Evelio Zapata confunde-se: ora chama de casa, ora de museu. No fim das contas, El Hato é um restaurante familiar, num imóvel tombado, com fachada em azul, branco e rosa e imagens de colibris. Dentro dele, antiguidades do século 19 a meados do 20 preservam o passado da região. Há rádio, vitrola, máquina de escrever, câmeras e outros objetos tão bem cuidados quanto o atendimento e a cozinha criolla rústica preparada ali.

9. Finlandia

Anote assim, sem acento, como em espanhol. Apesar do nome, o pueblo não tem nada de nórdico e, não só parece, como é cinematográfico (está no sucesso da Netflix Café com Aroma de Mulher, e na animação Encanto, da Disney) graças à lindeza do casario, à cultura de cestaria e às paisagens deslumbrantes, como as vislumbradas no Mirador Del Tiempo Detenido. Para quem não quiser escalar essa torre, a dica é aboletar-se no restaurante Tuk Tuk ou na sua irmã caçula, no andar debaixo, a cafeteria Pagoda.

10. Comida de estrada

comida amarela, semelhante a uma pamonha cortada em pedaços servida com café

Las Delícias del Choclo: receitas com milho servidas com café.

Embora tudo seja pertinho, uma parte do tempo se passa na pista. Felizmente, há panorâmicas de tirar o fôlego e iguarias imperdíveis. Por trás de Las Delicias del Choclo, por exemplo, há décadas a família Sandoval debulha toneladas e toneladas de milho. Com as mesmas receitas e dedicação, prepara tortas (bolinhos fritos), arepas (“pães”) e envueltos (espécie de pamonha), que tanto podem ser devorados nas versões com queijo e chouriço ou purinhos, com um tinto (cafezinho, não se esqueça).

11. O melhor chocolate do mundo

Sobrado branco com detalhes vermelhos e azuis

Casa Rivera: produção de chocolate de excelência.

Calma, essa barra ainda não existe, mas é a missão em progresso da Casa Rivera, uma propriedade no sopé dos Andes que cultiva 9 variedades de cacau agroflorestal. Em meio a um jardim tropical, que inclui um viveiro de baunilha e uma das estadias mais disputadas da Colômbia, o chocolatier francês Thierry Mulhaupt e o advogado quindiano José Luis Perez cuidam do plantio, da colheita, da fermentação, da secagem, da torrefação, da moagem e de cada detalhe para que o fruto se converta em chocolate de excelência – que se pode provar mergulhando frutas em uma cachoeira achocolatada ao final.

12. Pijao

Casa de madeira verde com cerquinha branca

Pijao: a vida em câmera lenta.

O tempo parece passar mais devagar nesse pueblito. Não à toa, é a primeira cittaslow (slow city) da América Latina. Durante o dia, homens descansam nos cafés ao redor ou nos bancos da pracinha central. Não raro com um copo de chicha (bebida doce e fermentada de milho) em mãos. Há mulheres nas janelas, às vezes cuidando da horta, não raro nas cozinhas. Uma moto passa, para no meio da rua, só para papear. Um vendedor traz as frutas de seu quintal em um carrinho de mão. É tudo pitoresco. Quiçá por isso, diversos artistas plásticos se instalam por lá, incluindo grafiteiros que, com respeito, embelezam ainda mais o pacato vilarejo.

13. O café mais premiado

Homem colhe café

Colheita do café San Alberto, o mais premiado do país.

É justo: uma vez na festejada região cafeicultora, como não provar (e comprar!) o que há de melhor? Na entrada do Valle del Cauca, as plantações do San Alberto, café mais premiado do país, ocupam colinas íngremes de vista privilegiada. É possível caminhar por elas e conversar com os trabalhadores antes de se render aos aromas e sabores da cafeteria. Um verdadeiro luxo, visto que os grãos passam por uma rigorosíssima seleção quíntupla antes de serem tostados e moídos para dar vida a espressos, filtrados, infusionados e até drinques – com e sem álcool.

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