Feliz no simples: chefs celebrados apostam no básico para viagem

Delivery é oportunidade para experimentar a cozinha de restaurantes concorridos a preços mais apetitosos.


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Lá se vão três meses de quarentena e, no gradual processo de flexibilização, bares e restaurantes estão entre os últimos da fila para a reabertura. Diante desse cenário, chefs que nunca haviam trabalhado com delivery antes tiveram que aderir ao serviço de entrega e adaptar o cardápio ao novo formato – e ao novo orçamento da clientela afetada pela crise provocada pelo novo coronavírus.

Quer uma boa notícia? Se você nunca teve disposição para enfrentar a longuíssima fila de espera da Casa do Porco, agora pode pedir o famoso porco San Zé, de Jefferson Rueda, por aplicativo. O Maní, da chef Helena Rizzo, e o Carlota, de Carla Pernambuco, têm versões caprichadas de PF para alegrar a semana. Leo Botto criou sanduíches, Roberta Sudbrack e Morena Leite apostaram em receitas afetivas, Thiago Bañares investiu nas marmitas à japonesa e Luiz Felipe Souza, do Evvai, revelou seus talentos de pizzaiolo.


Enquanto não é possível voltar a pedir o café e a conta, conheça essas opções para curtir refeições assinadas por chefs celebrados, com preços mais apetitosos.

Prato do dia no Maní

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Arroz de suã, uma das atrações que já passaram pelo “prato do dia”, do Maní.Foto Roberto Seba

O delivery do Maní, restaurante paulistano de cozinha brasileira contemporânea, capitaneado pela estrelada chef Helena Rizzo, começou a funcionar no início de maio, depois de a casa ficar 50 dias com as portas fechadas. Nesta versão “para viagem”, Helena reuniu não só pratos clássicos da casa, como trouxe também receitas do Manioca, o outro restaurante do grupo. Criou ainda “pratos do dia”, com preços que variam entre R$ 35 e R$ 45. O arroz de suã, favas, cebola caramelizada e ovo frito; o arrumadinho de feijão-manteiguinha, purê de abóbora cabotiá, farofa de milho, carne-seca e picles de pimenta-biquinho; e o arroz de frango com quiabo e ovo frito são algumas das atrações com valores mais convidativos que já passaram pelo cardápio do dia.

Maní: de terça a sexta, das 11h às 14h30 (período com o prato do dia) e das 18h às 22h; sábado, das 11h30 às 16h e das 18h30 às 22h, e domingo, das 11h30 às 16h30. Pedidos pelo iFood e, de terça a sexta, também por WhatsApp (11 97473-8994), para retirada na r. Joaquim Antunes, 138, Jardim Paulistano, São Paulo.

Casa do Porco na caixa

Porco San Ze servido em caixa de papel

Caixa com o Porco San Zé: o famoso prato de Jefferson Rueda, sem filas. Foto Mauro Holanda

Caixa Prato Feito, ou simplesmente #CPF. Esse é o nome da principal atração do cardápio do recém-lançado delivery da Casa do Porco, o único restaurante brasileiro atualmente entre os 50 melhores do mundo segundo a incensada revista inglesa Restaurant. Sob a chefia do casal Jefferson e Janaína Rueda, a casa começou a aceitar pedidos de entrega no início de junho. As caixas (inspiradas nas antigas embalagens de camisa) custam de R$ 46 a R$ 48 e incluem seis itens, da salada ao prato principal, sempre com ingredientes orgânicos e receitas com pegada comfort. Há cinco #CPFs diferentes, incluindo uma vegetariana e o Porco San Zé (com porco caipira assado por 6-8h na brasa), um dos grandes hits do local. O menu ainda traz outras criações deliciosas dos chefs, como sanduíches, carnes direto da churrasqueira e opções para compartilhar.

Casa do Porco: de terça a domingo, com pedidos pelo iFood das 12h às 23h. Pedidos para take away devem ser feitos online, das 12h às 22h30, com retirada na R. Araújo, 124, República, São Paulo.

Marmita à japonesa por Thiago Bañares

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Bentôs do Ototo: uma opção de proteína e vários acompanhamentos.Foto Tati Frison

O chef Thiago Bañares, do celebrado Tan Tan, restaurante especializado em lámen da capital paulista, criou durante a pandemia uma segunda marca: o Ototo. Os bentôs, espécie de marmita japonesa, são o carro-chefe do novo negócio, que também foca na cozinha informal oriental. “Já tinha em mente abrir dois novos negócios, e o Ototo não era a prioridade, mas se encaixava perfeitamente no momento”, conta Bañares. “Os bentôs são um formato ótimo para viagem (sua aparência não muda rapidamente e podem ser consumidos em temperatura ambiente) e eu poderia oferecer um produto ainda mais barato em comparação ao Tan Tan”, diz o chef. As duas casas estão funcionando no mesmo local, uma durante o dia e a outra para o jantar – estratégia que permitiu que Bañares conseguisse manter sua equipe. No menu do Ototo, há cinco opções de bentôs, compostos por acompanhamentos fixos, como gohan (arroz branco japonês), picles de pepino japonês, brócolis, e ovo cozido marinado; e proteínas, entre elas, os ótimos hambúrguer de copa lombo de porco e o salmão grelhado com missô. Há também uma seção de domburis, tigelas com arroz japonês e cinco opções de cobertura. Os preços do cardápio do Ototo variam de R$ 35 a R$ 39 reais.

Ototo: de segunda a sábado, das 11h30 às 15h30. Delivery: via Rappi Brasil. Para take away, os pedidos podem ser feitos via WhatsApp (11 95793-5983), com retirada na Rua Fradique Coutinho, 153, Pinheiros, São Paulo.

Sandubas e baião de Leo Botto

baiao de tres em embalagem de aluminio do boto

Baião de três: opção substanciosa do Boto.Foto Francisco de Holanda

Boto, o novo restaurante do chef Leo Botto com menu protagonizado por receitas que passam pela brasa, mal tinha completado oito meses quando a quarentena foi decretada na capital paulista. O jeito foi fechar as portas por uma semana e pensar no formato do delivery. “Acabei elaborando um menu fixo enxuto com alguns clássicos da casa e outros pratos novos mais acessíveis, com receitas que seguem o nosso DNA”, conta o chef. Entre essas novidades, estão alguns sanduíches, como o de pastrami marinado durante 14 dias (no pão de levain, com picles de pepino e maionese), que sai por R$ 34, e o de berinjela à parmegiana, por R$ 28. Outros destaques são o baião de três (arroz, feijão, queijo de coalho, linguiça e mais uma proteína), por R$ 42, e o já lendário nhoque do Leo, feito com batata assada, creme de queijo curado e farofa de pão (R$ 46).

Boto: de quinta a domingo, das 12h às 15h e das 19h às 22h pelo aplicativo de entrega iFood e também pelo Whatsapp (11 3031-0680). Os pedidos também podem ser retirados no restaurante, na r. Cônego Eugenio Leite, 1.152 Pinheiros, São Paulo. @boto.restaurante

PF da Carla Pernambuco

file a parmeggiana com pure de batata

Parmeggiana pra ninguém botar defeito, do Carlota.Foto Lucas Terribili

Bastaram apenas três dias do início da quarentena para Carla Pernambuco, chef do Carlota Bistrô, lançar-se ao delivery pela primeira vez em 25 anos de existência. “Senti que as coisas iam demorar para voltar a funcionar e, em vez de fechar e esperar, resolvi mergulhar de cabeça no novo formato”, conta ela. No Carlota Very Deli, o menu é semanal, com aproximadamente dez pratos principais por dia ‒ quase todos fizeram parte da longa trajetória da casa. Para as entregas, a chef conseguiu reduzir boa parte dos preços, em torno de 30%. As opções mais acessíveis estão na seção de PFs: há os fixos (como o picadinho que abre esta reportagem), sempre por R$ 50 reais, e os PFs especiais diários, que variam de R$ 50 a R$ 65 reais. Aos sábados, o destaque é a feijoada (R$ 60) e, aos domingos, ela costuma preparar o imperdível pernil (cozido por 6 horas) com arroz de pera e queijo meia-cura (R$50).

Carlota Very Deli: delivery próprio e take away. De terça a sábado, das 12h às 20h, e domingo, das 12h às 17h. Encomendas por telefone (11) 3661-8670 / (11) 98225-6030. Retiradas na r. Sergipe, 753, Higienópolis, São Paulo.

Pizzas por Luiz Filipe Souza

pizza de queijo com verdinhos por cima

As pizzas do Evv.ita são assadas no forno a lenha e vêm em formato individual.Foto Tadeu Brunelli

Além de disponibilizar o menu do seu estrelado Evvai por delivery, o chef Luiz Filipe Souza abriu nesse período mais duas frentes para entrega: o Mercato Evvai, um empório com destaque para produtos de pequenos produtores (que são também fornecedores do restaurante) e a Evv.ita, que oferece pizzas napolitanas no forno a lenha. Em formato individual, as pizzas funcionam como uma bela porta de entrada ao universo criativo do chef, que oferece uma cozinha italiana contemporânea, com pinceladas de ingredientes bem brasileiros. “A Evvi.ta já estava para nascer quando veio a pandemia. Parei as obras do imóvel e lancei a nova marca online, focando o cardápio apenas em um dos produtos que teríamos, a pizza, que viaja bem, costuma fazer sucesso no delivery e atrai um público abrangente, por ter um valor acessível”, explica Souza. No cardápio, criado juntamente com o chef Pedro Skielka de Azevedo, há uma seção com sabores clássicos com um toque autoral, outra com opções mais inventivas e uma última, em que sempre há novidades, no esquema “hoje tem, amanhã não sei”. Entre os hits, estão a quatro queijos (R$ 47), com tallegio da Serra das Antas, grana padano, mozarela, ricota de búfala, alecrim e flor de sal; e a cipollina (R$ 45), com cebola assada, jus de cebola assada e queijo Cuesta, que foi inspirada em um prato do próprio Evvai. Outra iniciativa do restaurante é o Blue Cookie, guloseima lançada para suprir a falta das gorjetas para a equipe durante a pandemia. Há duas opções de cookie, vendidas por meio do iFood, com lucro total revertido para os funcionários.

Evv.ita: de terça a domingo, das 19h às 23h. Pedidos via iFood ou delivery próprio pelo telefone e WhatsApp (11 3062-1160). Os pedidos também podem ser retirados na r. Joaquim Antunes, 108, Pinheiros.

Matula e “bufê” pra viagem no Capim Santo

comida arabe em caixa de papel para viagem

A matula em versão árabe, do Capim Santo carioca.Foto Fagner Soares

Desde o final de março, está funcionando a versão delivery do Capim Santo, da chef Morena Leite. Um cardápio especial foi criado para a unidade carioca e outro para a paulistana. No Rio, o destaque são as nove matulas (espécie de marmita) temáticas, como a árabe, com quibe de berinjela assado recheado com coalhada fresca, talharim de abobrinha e hortelã, arroz com lentilhas e chips de cebola (R$ 45), e a sertão, com carne-seca acebolada puxada na manteiga de garrafa, purê de abóbora, couve refogada, feijão preto e arroz (R$ 55). Para São Paulo, Morena idealizou a seção “monte o seu prato”, que, segundo ela, traz um pouco da experiência que o cliente tinha em seu restaurante ao escolher o que comeria diretamente no bufê. Nessa modalidade “para viagem”, ele opta por uma proteína, um tipo de arroz, um de farofa, um grão, um purê e mais um acompanhamento, com o valor fixo de R$ 51. No cardápio à la carte, há outras opções com bom custo-benefício, como a moqueca vegana por R$ 49.

Capim Santo: de terça a domingo, almoço (RJ E SP) e jantar (somente RJ). Atende por Rappi, Uber Eats e iFood e delivery próprio. Tels.: (21) 3252-2528 e (21) 98576-0606, no Rio, e (11) 3816-0745 e (11) 98189-0082, em São Paulo.

Culinária afetiva de Roberta Sudbrack

legumes tostados diversos na panela de ferro

Ingredientes orgânicos e forno a lenha dão o tom ao Sud, de Roberta SudbrackFoto Divulgação

Há alguns anos, a chef Roberta Sudbrack desviou sua trajetória da alta gastronomia para investir em projetos com uma cozinha mais intimista e afetiva. É o caso do Sud, O Pássaro Verde, restaurante que abriu na capital fluminense em 2018. Assim como muitos experts da culinária autoral, ela nunca havia trabalhado com delivery em nenhuma de suas casas, mas se lançou na empreitada logo no início da quarentena. O cardápio – com criações novas e outras que já faziam parte de seu repertório – muda diariamente. Nesse novo formato, Roberta conseguiu manter a filosofia da casa de trabalhar com comida fresca, ingredientes de pequenos produtores orgânicos e criações preparadas no forno a lenha. O arroz de frutos da terra (R$ 42) e o franguinho caipira do Seu Kiko com legumes assados e stracciatella (R$ 58) são alguns dos pratos que podem aparecer no menu do dia, anunciado sempre no perfil da chef e do Sud no Instagram.

De terça a domingo, das 11h às 19h. Delivery próprio, com pedidos por WhatsApp (21) 99370-9996) ou telefone (21) 3114-0464.

Os preços e horários de funcionamento foram apurados em junho de 2020 e estão sujeitos a alterações.

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