O guia completo de plantas para apartamento
Verde que te quero verde! Escolher o lugar certo e entender as necessidades de cada planta é o jeito mais fácil de deixá-las lindas e saudáveis por muito tempo.
Aquela ideia de que apartamento não é lugar de plantas já ficou no passado. Nada como um pouco de cor e frescor para deixar o seu lar ainda mais aconchegante. Desde que o conceito de “Urban Jungle” se popularizou, cada vez mais pessoas têm incluído pelo menos um pouco de verde em casa, seja em formato de uma horta caseira, seja na decoração. Há quem diga que, assim como os pets parecem ser os novos filhos para alguns millennials, as plantas seriam os novos pets.
Além de trazer vida à decoração, é uma forma de ampliar o contato com a natureza e, consequentemente, o bem-estar de quem vive nos grandes centros urbanos. É necessário se lembrar, no entanto, que diferentemente de um quadro ou tapete, elas demandam atenção constante. “Planta não é um objeto, é um ser vivo. Precisa cuidar”, destaca a paisagista Catê Poli. Cada espécie tem suas necessidades específicas de incidência de sol, rega, adubação, entre outras coisas, mas existem regras gerais básicas que podem ser seguidas para garantir a saúde delas.
“Dentro de casa, você está simulando a natureza. É preciso enganar as plantas para elas acreditarem que estão no bosque”, complementa. Um dos pontos principais é a iluminação natural, essencial para que realizem a fotossíntese e produzam seu próprio alimento – sejam do tipo pleno sol, meia-sombra ou sombra. “O ideal é colocá-las a uma distância de no máximo 3 metros da janela, se for a 5 metros ou mais elas vão definhando aos poucos até morrer.”
Isso não significa que você precisa desistir de vez de esverdear aquele cômodo mais escuro. Apesar de dar bem mais trabalho, a arquiteta Pati Cillo garante que quem inclui alguns cuidados extras na sua rotina diária consegue esse feito com algumas espécies. “Tenho uma cliente que todos as noites coloca as plantas do lavabo na varanda e deixa por lá até uma parte da manhã”, conta. Assim, além de curtir umas horinhas de sol, elas também aproveitam a ventilação, outra necessidade primordial de todos os vegetais, como explica Catê.
“Uma planta que prefere a sombra normalmente fica em um sub-bosque, onde tem aquela luz que passa entre as folhas e ótima ventilação”. Então, além da incidência de luz natural, é importante que os espaços estejam sempre bem arejados. “O quarto costuma ser um lugar mais fechado, então pelo menos durante o dia você precisa deixar a janela aberta para ter circulação de ar”, exemplifica ela. Sem essa cautela, insetos considerados pragas, como cochonilha e pulgões, podem acabar se proliferando – o que dá certa dor de cabeça para resolver.
O terceiro ponto fundamental é a umidade. “Tem que prestar atenção para regar as plantas no tempo certo de cada uma. Normalmente, vem uma etiquetinha [quando você compra] explicando quais as necessidades dela”, pontua Pati. “Algumas precisam ser molhadas todos os dias, mas leguminosas e cactos podem ficar até 10 dias sem água, varia muito”. Outra dica, seguindo a lógica de se simular uma mata, é pulverizar as folhas com a ajuda de um borrifador para criar a impressão de um ambiente úmido e deixá-las ainda mais vistosas.
Para um cuidado completo e garantir vida longa às suas plantinhas, é indicado também se atentar à adubação e ao tamanho do vaso. “Na natureza, a raiz tem bastante espaço para crescer e a terra é cheia de nutrientes naturais. Se sua planta parou de crescer, é porque o vaso ficou pequeno e está na hora passar para um maior. Repor os nutrientes também é fundamental”, explica a paisagista. O adubo deve ser reposto em intervalos de 3 a 4 meses para folhagens e de 2 a 3 meses para as que têm flores.
PLANTAS IDEAIS PARA QUARTO E SALA
Foto: Corey Oconnell
Não existe uma regra definitiva para os tipos de planta ideais para cada ambiente. Tomando os cuidados explicados acima, você pode escolher as variedades de acordo com o seu gosto pessoal. “A grande história dentro de casa é mesmo pensar nelas como itens de decoração. Escolher uns cachepôs diferentes ou brincar de usar objetos inesperados no lugar do vaso, como plantas suculentas em xícaras”, sugere Pati.
Tanto folhagens para ambientes internos quanto flores são ótimas apostas para o quarto e a sala – e fazer um mix de estilos fica superinteressante, indica a arquiteta. “Só não pode se esquecer que as flores não duram o ano inteiro, mas a planta segue viva e continua precisando de cuidados até que chegue a época de florir novamente.”
Algumas opções que ficam lindas tanto no quarto quanto na sala e não dão muito trabalho são:
- Ficus lyrata ou figueira-lira: Tem folhas grandes e brilhantes que chamam a atenção. É uma planta bastante resistente e deve ser regada de 2 a 3 vezes por semana de forma abundante. Gosta de ambientes úmidos e bem iluminados, mas sem sol direto – e não se dá bem com frio.
- Ráfia ou palmeira-ráfis: Perfeita para quem busca uma planta maior e robusta. A rega deve ser feita de 2 a 3 vezes por semana tomando o cuidado de molhar toda a terra contida no vaso. Passar um pano úmido nas folhas ajuda na captação de nutrientes. Se as pontas começarem a queimar, deve ser falta de água. Pode ser cultivada tanto a sol pleno quanto com luz difusa.
- Costela-de-adão: Famosa por ser bastante instagramável e de fácil manutenção, ela precisa ficar em um canto iluminado, porém sem sol direto. Até sobrevive com pouca luz, mas perde o design repleto de fendas e furos que a distingue. Basta fazer a rega duas vezes por semana – folhas amarelas indicam excesso de água.
- Pacová: Exuberante, tem folhas enormes de verde intenso. Exige rega uma vez por semana, mas é preciso ficar atento se o solo está sempre úmido. Ideal para ser colocada onde bate aquele solzinho no fim do dia. Não gosta de frio.
- Zamioculca: Algumas linhas de Feng Shui a associam ao sucesso financeiro, o que faz, junto com seu tom de verde intenso, com que seja conhecida também por “árvore de dinheiro”. Também é associada à proteção e sorte. Escolha perfeita para quem sempre se esquece de regar, já que pode ficar até 15 dias sem receber água nos dias mais frios – no tempo quente é melhor molhar 2 vezes por semana. Adapta-se bem à sombra e à meia-luz.
- Espada-de-São-Jorge: Com seu nome de origem religiosa, é associada ao poder de espantar energias negativas e maus espíritos. É também conhecida por sua alta capacidade de purificação do ar. Suas folhagens alongadas em sentido vertical e com três tons de verde fazem dela um tipo único. Basta regar uma vez por semana. Cresce melhor no sol direto, mas também se dá bem na luz difusa.
- Lírio-da-paz: A luz difusa é perfeita para ela, já que suas folhas queimam com facilidade. Dá flor o ano inteiro e é bastante resistente. Lembre-se de regá-la 3 vezes por semana e borrifar sempre as suas folhas, pois ela ama umidade. Pode fazer certo drama quando fica sem água e murchar toda, mas se recupera facilmente quando regada corretamente.
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PLANTAS IDEAIS PARA BANHEIRO E LAVABO
Para banheiros e lavabos, o ideal é apostar em espécies que gostem de locais úmidos e prefiram luz indireta. Foto: Kelly McCrimmon
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Por ser um local geralmente pouco iluminado, é melhor pensar bem se quer enfeitar o banheiro com plantas. Lembra do caso da cliente da Pati que todos os dias coloca as dela por algumas na varanda? Tem que ter esse comprometimento para que elas durem mais tempo. “Você pode até deixar uma orquídea no lavabo, mas dois meses depois ela está morta”, comenta Catê. “De qualquer forma, ainda é melhor que ter uma artificial. Pelo menos você não está gerando mais lixo plástico e contribui para o pequeno produtor brasileiro.”
Mesmo tendo esse cuidado de levar para um espaço com sol e bem ventilado, o ideal é apostar em espécies que gostem de locais úmidos e prefiram luz indireta. Eis algumas sugestões:
- Jibóia: Tem aquele efeito cascata que fica lindo para ser colocada por cima do espelho, em hangers ou em uma prateleira – mas também escala pela parede se for direcionada. Ama umidade, que inclusive ajuda a se fixar como trepadeira, e deve ser regada de 2 a 3 vezes por semana. Atenção para a adubação para evitar cochonilhas.
- Samambaia: Demanda pouca manutenção! Gosta daquele solzinho de leve, mas se adapta superbem à sombra. Também adora umidade e se dá bem em temperaturas em torno de 21ºC, combinando perfeitamente com o vapor do chuveiro. Precisa ser regada todos os dias, mas sem exageros.
- Renda portuguesa: É da família da samambaia, mas tem uma textura própria muito delicada. Gosta de locais sem corrente de vento e à meia-sombra, além de adorar umidade. Também precisa ser regada diariamente. Deve ser podada no fim do inverno para favorecer seu crescimento na primavera.
- Cissus ou cipó-uva: Também pode ser usada em efeito cascata ou como trepadeira, mas fica um pouco mais volumosa que a jiboia. Mesma coisa das outras: prefere ambientes amenos com alta umidade. Gosta de meia-sombra, então melhor deixar próxima à janela caso bata aquele solzinho.
- Bromélia: Cresce com sucesso no banheiro pelo mesmo motivos das outras. Tem como destaque a sua inflorescência vermelha lindíssima que contrasta com o verde intenso das folhas. Deve ser regada a cada dois dias e precisa que seu centro seja limpo para evitar a proliferação de mosquitos.
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PLANTAS IDEAIS PARA COZINHA
A cozinha fica ainda mais charmosa e completa com uma hortinha pessoal. “O ideal é colocar no peitoril da janela para bater um sol direto, assim ela dura mais”, explica Catê. “Mas como o ciclo dos temperos é curto e eles custam baratinho, tudo bem se precisar ficar trocando”. Fica legal tanto montar um arranjo variado, quanto colocar cada tipo em um vasinho.
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- Alecrim: Além de ser um tempero superversátil, dura bastante se bem cultivado. Precisa de pelo menos 3 horas de luz direta por dia e basta regar de 2 a 3 vezes por semana. As flores também podem ser usadas em saladas e outros pratos.
- Manjericão: Deve ser regado a cada dois dias e precisa de, no mínimo, 4 horas de sol direto. Volta e meia dá florzinha, que precisam ser podadas para as folhas crescerem saudáveis. Ótimo para dar mais sabor a molhos, massas e saladas.
- Tomilho: Ótimo tempero para cogumelos e carnes, precisa de 4 horas de sol por dia, mas só pode deve regado quando o solo estiver seco, o que deve acontecer a 4 dias.
- Hortelã: Precisa ser plantada sozinha para não sufocar as outras plantas. Pode virar chá e fica uma delícia tanto em doces, quanto salgados, deixando tudo mais refrescante. Consegue se dar bem na sombra, mas precisa ser mantida sempre úmida, com regas dia sim, dia não.
- Cebolinha: Sabor bem brasileiro, vai bem com todo prato salgado. Deve receber sol direto 4 horas por dia e ser regada a cada 3 dias. Sempre tire os talos pela base, nunca pela metade.
- Salsinha: Não exige luz direta, mas precisa de boa iluminação. O solo deve estar sempre úmido sem ficar encharcado. Colha sempre talos inteiros e que estejam do lado de fora – se começar pelo centro, ela vai morrer.
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PLANTAS IDEAIS PARA VARANDA
É um espaço que costuma bater bastante sol, então é melhor optar por plantas que gostem de luz direta – se a sua cozinha for muito escura, é mais seguro colocar a sua horta aqui. E, claro, caso a sua varanda tenha áreas com sombra e meia-luz, qualquer uma das outras plantas citadas acima são bem vindas. Também é legal fazer um rodízio com os vasos dos outros ambientes caso sinta que eles precisam passar um tempo em um local mais arejado e curtir um pouco de sol. “Só precisa observar se venta muito e onde bate sol demais para não prejudicar as espécies que não gostam dessas características”, alerta Pati.
- Cactos: São muitas as opções, opte por aquelas que amam sol pleno como cacto-ouriço, barba de velho, capuz de monge e cacto botão. Deve-se regar uma vez por semana em pouca quantidade – no inverno, essa frequência pode ser reduzida para duas vezes no mês.
- Lança-de-São-Jorge: Suas folhagens são pontudas e compridas e podem ser mantidas tanto retas ou quanto trançadas. Adora sol e deve ser regada apenas duas vezes por semana. É associada à proteção.
- Árvores frutíferas: Os tipos que podem ser plantados em vasos são ótimas opções para se ter na varanda. Jabuticabeira, pitangueira, pé de acerola e pé de limão-siciliano são boas apostas. Só evite em caso de vento demais!
PLANTAS E PETS
Uma observação especial para quem tem gato ou cachorro. Quando for escolher as suas plantas, sempre cheque se ela é tóxica para o bichinho. “Geralmente são as que têm folhagem colorida ou diferentona que podem ser perigosas, mas o melhor é conferir caso a caso”, destaca Catê.Além disso, pode ser que seu animalzinho curta revirar os vasos – o que gera dois desesperos: a planta destruída e o apartamento imundo. Nesses casos, nos ambientes por onde seu pet tem circulação livre quando está sozinho, é melhor colocar os vasos em locais elevados. Estantes, prateleiras e hangers ajudam nessa missão – e ainda enriquecem a decoração.
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