Mais mulheres na bolsa, mais histórias para contar

Embora avancem em direção ao mesmo destino, são variados os caminhos que as levam para o mundo dos investimentos.





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É consenso no mercado: as mulheres despertaram para os investimentos e a participação delas cresce cada vez mais entre aqueles que poupam dinheiro. Na B3, a bolsa de valores brasileira, elas passaram a representar 26% do total de pessoas físicas que investiram no ano passado. Ainda que pareça pouco em comparação aos homens (2,38 milhões), elas já são 847 mil investidoras. E é surpreendente que o avanço tenha acontecido mesmo em um período de muita instabilidade financeira como foi 2020.

De acordo com Marina Faustino, diretora associada do BTG Pactual, esse movimento pode ser explicado justamente pelo atual cenário de juros baixos, que obrigou as mulheres a pesquisarem alternativas de investimento para além das opções mais tradicionais e conservadoras que elas costumavam escolher. “A renda fixa atrelada ao CDI, que por muito tempo foi bastante rentável e de baixo risco, passou a perder para a inflação”, explica. “E aí, fundos multimercado e também investimento em ações se tornaram possibilidades mais atraentes.”

Outro aspecto, de acordo com a executiva, é o crescente interesse feminino em se informar mais e falar mais abertamente sobre finanças, seja com amigos ou especialistas. E, por fim, houve um empurrão da clara democratização do mercado, que atualmente oferece produtos para toda faixa de renda, sem necessidade de capital elevado – hoje, algumas empresas financeiras já operam com fundos que permitem aplicação inicial de 1 real.

Cada história um começo

Iniciar a carteira por opções mais conservadoras é quase um conselho unânime entre os especialistas. O que, antigamente, significava guardar o dinheiro na boa e velha poupança. Foi para ela que a relações-públicas Giovanna Bozio, 28 anos, destinou 30% de seu primeiro salário assim que o montante caiu na conta. Começava ali, há quase dez anos, sua trajetória como investidora, a partir da consciência de que um dia poderia precisar de uma reserva em caso de emergência.

“Tive a oportunidade de fazer um intercâmbio em Nova York por três meses. O que só foi possível pois meus pais tinham uma aplicação que faziam desde que nasci. Assim, eles puderam me apoiar sem se descapitalizar e ainda vivi uma baita experiência”, conta ela, que acredita ter sido este o momento em que compreendeu a importância de poupar. Por meio de planilhas simples, Giovanna controlava o que tinha na poupança. Até que, há quatro anos, com o surgimento dos bancos digitais, passou a estudar opções que garantissem mais rentabilidade.

Na família da executiva Debora Zambeli, 43 anos, a história é outra. De uma geração acostumada a ver o dinheiro perder valor da noite para o dia em função da hiperinflação do fim dos anos 1980 e início dos 90, não havia a cultura de guardá-lo. “Comecei a investir totalmente por acaso, sem saber que estava investindo”, diz. Diretora em uma multinacional, o ponto de partida foi um bônus por performance que recebeu em forma de ações da empresa. “Quando veio pensei: o que vou fazer com isso? Como não tinha a menor ideia do funcionamento e já havia uma corretora americana na operação, deixei como estava e fiquei um bom tempo sem pensar nisso”, explica.

O desconhecimento, ela avalia, acabou sendo um bom aliado: “Sempre vi como um extra, não contava com aquele recurso financeiro nem para situações inesperadas. O que hoje, entendendo melhor de investimentos, vejo que faz todo sentido para quem quer ter lucro em suas aplicações”, diz Débora, que se considera bastante conservadora, mantém uma reserva de emergência em separado em um CDB, mas confiou na corretora para diversificar seu portfólio e até ousar um pouco.

Depois que deu pé, mergulhe!

É justamente à medida que o o investimento vai se tornando um hábito – e depois de garantir a reserva de emergência -, que profissionais de mercado indicam a diversificação e entrada em produtos de maior risco, como ações. Ao sentir segurança – e passar a achar divertido – Giovanna passou a investir em renda variável. “Digo que é a que mais gosto de ‘brincar’, pois exige checagem semanal de desempenho. Então, reservo as segundas para olhar minhas aplicações e me atualizar sobre o que especialistas estão orientando.”

Embora não tenha seguido exatamente este caminho, assim como Giovanna, Débora também sentiu mais confiança em arriscar com o passar do tempo. “Quando me dediquei a entender o funcionamento do mercado e de cada produto, compreendi que poderia arriscar um pouco para fazer o dinheiro crescer”, lembra. Acompanhar as oscilações não faz parte de seu dia a dia, mas ela monitora seus rendimentos a partir dos relatórios da corretora.

“Hoje, mulheres de todas as faixas etárias e perfis de renda estão investindo”, comemora Marina Faustino. Para ela, a tendência é de que se fortaleça a percepção de que não é preciso seguir uma cartilha específica para se tornar investidora. Claro, a cada experiência, algumas questões farão mais diferença para umas do que para outras. Debora Zambeli aponta que, ao optar por ações, é importante conhecer o setor e as empresas onde se pretende investir, seja tecnologia, saúde ou qualquer outro. Giovanna busca conscientizar as amigas a dar um primeiro passo com a reserva de emergência. Mas, além das histórias, são muitas as portas de entrada também. Quando se sentir pronta, corra para abrir a sua!

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