Chic e confortável: o taper fade é o corte da vez!

Autoestima e valorização da estética negra são alguns dos atributos que fizeram do penteado um dos mais adotados do momento


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Reprodução: Instagram / @emicida



Além de bater números altíssimos nos streamings, o trapper carioca MD Chefe tem um visual capilar ultracool que está se popularizando cada vez mais. No hit “Rei Lacoste”, ele fala do “estilo tchuchuco” entre suas rimas, um tipo de corte que já tem adeptos como ele mesmo, Emicida e DJ Rennan da Penha. Também conhecido como taper fade, ele é uma espécie de “desbotamento” feito a máquina na região das têmporas e nuca baixa apenas, normalmente começando com um pente 1 ou 0.

De acordo com Monicki Taylor, barber girl e hair stylist da Zona Leste de São Paulo, o taper fade, por ser muito querido, já ganhou vários nomes como “corte americano” ou “corte do jaca”, fazendo alusão ao logo da marca francesa Lacoste. Segundo ela, este é um modelo que surgiu nos anos 1940 para os militares e que, com o tempo, novas adaptações foram aparecendo até chegar no que conhecemos hoje. Mara Soul, também barber girl, diz que o hype mais recente do taper fade veio do Brooklyn, em Nova York, onde ele encontrou muito respaldo na comunidade negra do bairro. “Eles chegam em diferentes versões como o high, o low ou o mid fade, que variam na altura de onde começa o degradê na nuca e nas laterais”, explica.

“Conhecer o próprio cabelo é uma oportunidade de conectar-se com sua essência e – à medida que vamos nos relacionando com ele – descobrimos um tipo de paraíso. É de dentro para fora. Nunca foi só cabelo!”, Juninho Loes, expert em cabelo afro.

“Por muito tempo, infelizmente, o racismo estrutural obrigou os homens negros a usarem seus cabelos raspados ou bem baixinhos. Acho que a valorização desse corte é resultado de um movimento pela autoestima deles”, aponta Regiane antes de dizer que muitas mulheres também têm investido no corte. Algo similar acontece com os clientes de Mara Soul: muitos deles estão aposentando o curtinho para investir no taper fade. “Além de traduzir a personalidade de homens e mulheres aqui no Brasil, o taper fade pode ajudar na transição capilar e nos processos de autoconhecimento. É sobre poder deixar o cabelo solto e nem por isso se sentir marginalizado”, explica o expert em cabelo afro, Juninho Loes. “Quando vemos um menino tão novo como o MD Chefe assumindo sua vaidade de ser homem negro, fazendo a fitagem, investindo no seu visual, a gente vê uma imagem que, no decorrer da história, foi apagada. Gera uma identificação muito forte. Estamos trazendo ancestralidade para o cabelo”, completa Regiane.

Sobre a finalização dos cachos e crespos nesse contexto, Regiane Alexandre – hair stylist do Emicida e fundadora do Lounge Juba Trançadeiras – diz que “a fitagem tem sido mais escolhida, recentemente. Há algum tempo, as pessoas curtiam mais o cabelo garfado. Agora, contudo, com mais opções de produtos para a hidratação do cabelo crespo, essa técnica – que auxilia nesse processo e faz o penteado durar mais tempo – está mais em voga”. No mais, fica a dica de Monicki: “Para quem quer fazer esse corte, o segredo é deixar os cabelos em um comprimento sobre o qual seja possível criar o sombreado. O ideal é ir semanalmente a um barbeiro de confiança para o retoque”, sugere. “Conhecer o próprio cabelo é uma oportunidade de conectar-se com sua essência e – à medida que vamos nos relacionando com ele – descobrimos um tipo de paraíso. É de dentro para fora. Nunca foi só cabelo!”, finaliza Juninho.

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