Celine desfila verão 2022 em Nice

Hedi Slimane retoma os ares burgueses da marca em nova coleção.


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Fotos Cortesia | Celine



Como você vai ler em muita retrospectiva de modas neste fim de 2021, um dos principais acontecimentos do ano foi o retorno das fashion weeks e desfiles presenciais. Mas teve quem achasse um pouco cedo demais para voltar às passarelas ou quem não via sentido em abrir mão do engajamento e visualização digitais. Hedi Slimane, diretor de criação da Celine, é um desses.

O verão 2022 da marca francesa foi apresentado com um filme gravado na Promenade des Anglais (ou passeio dos ingleses, em livre tradução), em Nice, no sul da França. O desfile segue o clima das últimas estações, com modelos caminhando acelerado por cenários visualmente impactantes – com direito ao logo da marca num cruzeiro e no topo do histórico Hotel Negresco.

A coleção, à primeira vista, também parece mais do mesmo. Só que isso tem mais a ver com a maneira como o diretor criativo constrói imagens – bastante coesas e facilmente reconhecíveis – do que com falta de novidade.

De um lado tem a constante obsessão de Slimane com movimentos jovens e com o streetwear. Daí os moletons oversized, as bermudas ciclistas, camisetas e tops cropped. Entram aí também as várias referências ao estilo dos anos 2000, como os jeans largos, as cinturas baixas e o high-low nos acessórios.

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Do outro, tem sua proposta original para Celine. Quando assumiu o atual posto, o estilista disse que sua ideia era reconectar a grife com suas origens burguesas clássicas. Por isso, vemos uma maior quantidade de blazers, calças de alfaiataria, saias com volumes abaloados, bordados e paetês e mais um tanto de babados.

São elementos que também se relacionam com a locação. Nice é um dos balneários mais conhecidos do mundo. A orla, que agora serve de passarela, foi construída no século 18 pela aristocracia inglesa. Naquela época, a família real e a corte britânica elegeram a Côte D’Azur como uma das suas residências de férias. Já o Hotel Negresco, inaugurado em 1913, é um dos principais símbolos da Belle Époque e do movimento neoclássico na Riviera Francesa. Desde então, hospeda celebridades, figuras políticas e realezas.

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Como já falamos, Slimane não dá ponto sem nó. Sua produção imagética não é ao acaso ou aleatória. Em coleções passadas, o estilista foi criticado por focar demais numa clientela mais jovem. Muito pautado por movimentos e estilos popularizados em redes sociais como o TikTok, era como se tivesse deixado de lado outros elementos essenciais à Celine. Agora, o resultado é mais harmônico. Atende aos desejos das novas gerações, faz uso de nomes conhecidos (Kaia Gerber, Suzanne Lindon, Lalisa Manobal e Diana Silvers) sem superexposição e se alinha à demanda por uma moda mais luxuosa e sofisticada, bem como manda as principais tendências de mercado. E tudo devido é precisamente clássico e atual ao mesmo tempo.

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