Chanel, Métiers d’art 2025
Em Hangzhou, na China, Chanel reforça seu legado e as técnicas manuais de seus ateliês com a coleção Métiers d’art 2025.
Na tarde desta terça-feira (03.12), a Chanel desfilou sua coleção Métiers d’art 2025 em Hangzhou, na China. A principal inspiração é um painel de laca coromandel – uma técnica chinesa de laqueamento – que Coco Chanel tinha no escritório do seu apartamento, no famoso número 31 da rue Cambon, em Paris.
Diz que a estilista se apaixonou pela arte chinesa aos 18 anos. Todo seu apartamento era decorado com chinoiseries. Mas sua predileção mesmo eram os coromandels. O primeiro foi presente de um de seus amores, Boy Capel. Ao longo da vida, ela colecionou cerca de 20 painéis datados do século 17 ao 19.
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
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Voltando… A obra em questão foi criada durante a Dinastia Ming, no século 17, e retrata a paisagem do Lago do Oeste, em Hangzhou, com seus templos, pagodas, jardins e atividades cotidianas da época. O desfile aconteceu sobre suas águas, numa estrutura de madeira.
Outros elementos do painel também vão parar nas roupas: o brilho da madrepérola e do pó de ouro se transformam em bordados geométricos do ateliê Lesage. Da mesma casa, vêm os motivos florais de camélia e lótus que decoram vestidos e ternos de caimento leve. A famosa jaqueta Chanel ressalta o colarinho mandarim, as blusas e vestidos têm mangas construídas no estilo pagoda e casacos longos são decorados com bordados de trança feitos pelo ateliê Montex.
E aqui vale um parêntese. A linha Métiers d’art foi lançada em 2002 para destacar e enaltecer o trabalho manual dos ateliês adquiridos e administrados pela marca. Eles são especializados em técnicas como bordado, ourivesaria, plissado, sapataria, chapelaria, entre outras.
A escolha de Hangzhou para apresentar justamente esta coleção começa a se explicar por aí. Tem a ver com o legado da marca e o que ela representa. Tem a ver também com a manutenção de técnicas e saberes antigos ou tradicionais e sua aplicação em um contexto contemporâneo ou moderno.
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
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Hangzhou foi fundada por volta do ano 606 e tem uma história riquíssima. Foi ocupada, destruída e reconstruída por vários povos e culturas. O que sempre se manteve – e se mantém – vivo são as tradições e as artes artesanais. A cidade também foi uma grande produtora de seda – ainda hoje é um polo têxtil importante no país.
A seda é a matéria-prima base de alguns dos melhores looks do Métiers d’art 2025 da Chanel. Ela aparece em vestidos pretos alongados e de silhueta simples, slip dresses com babados, conjuntos tipo pijama e em versões inspiradas na alfaiataria, com direito a um primoroso trabalho de plissados.
Hoje, Hangzhou é uma das quatro maiores metrópoles chinesas e um hub de tecnologia digital. E a China continua como um dos grandes mercados consumidores de itens de luxo, apesar do cenário não muito favorável atualmente – as vendas de marcas europeias estão bem baixas por lá.
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
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É que a economia do gigante asiático enfrenta dificuldades desde o fim da pandemia. Fato que tem afetado a confiança dos consumidores locais. Ou seja, comedimento nos gastos. Se alguém estava em dúvida sobre o que levou a Chanel a tal locação, está aí uma das respostas. Reforçar a presença e o comprometimento com o mercado e com os clientes locais pode ajudar a reverter esse cenário.
Outra justificativa tem a ver com a situação em que a casa se encontra. A marca está desde junho sem diretor de criação. As coleções apresentadas após a saída de Virginie Viard, a última profissional a ocupar o cargo, foram desenvolvidas por uma equipe interna e baseadas no rico passado da maison. Esta não é diferente.
Sem alguém para apontar um caminho, uma visão ou estilo próprio, a solução tem sido elaborar narrativas em cima do universo criativo da fundadora da maison. Os números positivos dos resultados financeiros da empresa provam o quão forte é esse legado e que a estratégia tem dado certo exatamente por isso.
Até quando, ninguém sabe, nem vai esperar para ver. O aguardado anúncio do novo diretor ou diretora de criação deve rolar logo mais, ainda neste mês.
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
Chanel, Métiers d'art 2025. Foto: Divulgação
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