Paris Fashion Week: Chanel verão 2024

Nesta segunda-feira, (03.10), durante a Paris Fashion Week, me perguntaram antes do desfile de verão 2024 da Chanel começar: “Você é do time que ama ou odeia o trabalho de Virginie?”. 

Virginie Viard é a atual diretora criativa da marca. Ela foi o braço direito e esquerdo de Karl Lagerfeld durante anos, então nada mais justo do que essa sucessão. Acontece que ela tem todo um outro approach e visão para a Chanel, e nem todo mundo gosta ou entende.

Chanel, verão 2024. Divulgação

Tradicionalmente, por exemplo, os desfiles da Chanel acontecem no Grand Palais, que é um centro de exposições bem famoso na cidade. Acontece que ele está em reforma – tudo está em reforma em Paris por conta das Olimpíadas no ano que vem.

Então construiu-se uma espécie de tenda, próxima à Escola Militar, que ganhou o singelo nome de Grand Palais Efêmero. Foi lá onde rolou tudo. Na parte de dentro, como já é de costume nas apresentações de Virginie, não havia um cenário muito complexo. 

Chanel, verão 2024. Divulgação

As paredes estavam decoradas com imagens de flores e, no centro, havia estruturas geométricas como se fossem vigas e colunas de uma casa em construção. É que uma das inspirações foi a Villa Noailles, uma casa modernista construída nos anos 1920 (e bem revolucionária para a época). A sua dona era ninguém menos que Maire-Laure Noialles, artista, escritora e uma das figuras mais influentes do meio artístico da primeira metade do século 20. Diz até que ela teve um romancezinho com Jean Cocteau antes do casamento.

E como ela era amiga de todos os grandes artistas da época, assim como dona Coco Chanel, as duas acabaram também se tornando amigas. Da arquitetura, então, a gente identifica os padrões geométricos que decoram algumas peças da coleção: os quadriculados, os triângulos nas cores primárias, os recortes retangulares, as bolinhas coloridas e também as listras pretas e brancas que lembram a textura das paredes de concreto.

O modernismo também aparece no corte das roupas – não que isso seja uma novidade, afinal a própria Coco Chanel tinha todo um pensamento moderno sobre o vestuário. Mas aqui isso fica mais evidente nos cortes assimétricos das barras de bermudas, saias e tops. E como estamos falando de verão, não faltam opções fáceis e superleves, como os vestidos pretos transparentes, os maiôs e biquínis e os comprimentos curtos que prevalecem nesta estação.

Chanel, verão 2024. Divulgação

Falando nisso, em tendências, os looks brancos plissados do começo do desfile são bem maravilhosos. A blusa de um ombro só, usada com jeans e jaqueta de tweed mais ainda. Destaque também para a sapatilha de bico quadrado (outra tendência), aqui na cor branca e cheia de brilhos, e para os florais que já são a estampa certa do próximo verão.

É uma apresentação completamente diferente das que aconteciam na era Lagferfeld. Isso não se discute, nem a saudade. Porém, a relação e entendimento que se tem da roupa na maneira como Virginie comunica sua moda é algo que merece atenção. 

Não só por ter a ver com o momento, mas também por abrir espaço para interpretações e possibilidades no sentido de uma cliente ou qualquer um, na real, se imaginar naquela roupa ou naquele look, sem necessariamente estar amarrado a proposta vista na passarela.

Visualmente não anima, mas a possibilidade de escolha é algo que vem ganhando cada vez mais força nesta temporada. Mas disso eu falo depois.

Leia também: O desfile íntimo de Demna para a Balenciaga, durante a Paris Fashion Week de verão 2024. 

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