O ABC da Coach

CONTEÚDO APRESENTADO POR COACH

Arte e moda vivem flertando. Na Coach, esse match acontece por meio de hypadas colaborações com artistas consagrados, como Jean-Michel Basquiat e Keith Haring, mas também com novos nomes da cena. Na coleção Rexy Remixed, apresentada na temporada de pre-fall 2019, diferentes artistas contemporâneos baseados na China foram convidados a reimaginar a mascote da marca, Rexy, um fofo dinossauro T-rex fêmea, em roupas e acessórios. Entre os artistas que colaboraram com a linha, estão os irmãos gêmeos Arthur e Thomas Bray, Erisen Ali, do coletivo musical Yeti Out, além de Sui Jianguo, Zhu Jingyi e Guang Yu.

 

Uma das estilistas estadunidenses mais icônicas da indústria, Bonnie Cashin foi a primeira diretora criativa da grife, assumindo o cargo em 1961. Sob sua liderança, a etiqueta passou por uma verdadeira revolução. Nessa época, surgiram os principais símbolos da marca, como os fechos de metal com botão giratório (mais conhecidos como turnlocks), a introdução de cores vibrantes, entre elas o rosa – que ela apelidou de Pink Pink–, e a Duffle Bag, lançada em 1973 e extremamente cobiçada até hoje.

 

Além das incensadas parcerias com artistas, a Coach também é famosa pelas dobradinhas com outras marcas. Em 2013, por exemplo, colaborou com a Mattel para criar a Barbie Coach, uma edição limitada de bonecas que se esgotou em menos de cinco horas após o lançamento. Em 2021 foi a vez da japonesa Bape contribuir com uma linha de roupas, sapatos e até acessórios para pets, e da Champion trazer seus elementos esportivos para o universo Coach em uma coleção cápsula igualmente desejável.

 

De todas as criações, a Duffle Bag é definitivamente a mais icônica na história da marca. Lançada no início dos anos 1970, ela foi um sucesso instantâneo com os editores de moda mais importantes da época. Seu couro macio e seu shape médio fizeram dela um hit atemporal, que já teve todos os tipos de cores possíveis e imagináveis. Selena Gomez, Gwyneth Paltrow, Jessica Alba e Christina Hendricks são apenas algumas das celebs que foram flagradas com as suas.

 

Ao longo dos anos, a Coach trouxe uma série de personalidades icônicas para representar a label. Em 2018, Michael B. Jordan foi anunciado como rosto global de moda masculina, com direito a uma colaboração com a casa no ano seguinte, inspirada na série de anime japonês Naruto. No mesmo período, Jennifer Lopez entrou para o time de amigas da grife, com uma parceria onde a atriz e cantora desenvolveu a sua versão da bolsa Hutton. Entre outras celebs que já emprestaram seus rostos para a Coach estão Debbie Harry, Kate Moss, Paris Hilton, Selena Gomez, James Franco, Zoe Kravitz e Megan Thee Stallion.

 

Desde 2015 a Coach apresenta suas coleções na semana de moda de Nova York. Para o début, que aconteceu em setembro no parque Highline, o recém-chegado diretor criativo Stuart Vevers iniciou a coleção se perguntando o que tornava a Coach única no mundo da moda. E a resposta que encontrou foi: a sua americanidade. A partir daí, ele decidiu revisitar os bons e velhos clássicos dos EUA, como as jaquetas jeans, colegiais e bombers, olhando também para o cinema como inspiração – filmes como Tubarão e Carrie – A Estranha estão entre as referências –, mas sempre injetando uma dose própria de humor em todas as criações. De lá para cá, os desfiles da label estão entre os mais concorridos da temporada internacional, com grandes locações e cenografias, como no inverno 2016, onde uma escultura de gelo gigante de Rexy cumprimentou os convidados na entrada do show. Vale lembrar que a T-rex também se tornou um código da casa. Feroz e destemida, você nunca sabe o que ela fará a seguir!

 

Fundada em 1941 como uma pequena oficina no Garment District, de Manhattan, a Coach foi liderada em seus primeiros anos por Lillian e Miles Cahn, que começaram a trabalhar para a empresa em 1946 e a compraram em 1961. Uma das principais contribuições do casal para a marca emergente foi a introdução do Glove Tanned Leather: intrigados com a maneira como o couro macio de uma luva de beisebol fica melhor com o tempo, eles criaram um processo patenteado para curtir peles de modo que mantivessem sua força e elasticidade. Quem passa pela flagship de Nova York atualmente talvez não repare, mas os corrimões das escadas são revestidos de couro e costurados de uma maneira que remete ao acessório esportivo.

 

Em 1974, surgem as Hangtags, etiquetas de couro que acompanhavam as bolsas da marca. Antes da versão retangular usada atualmente, houveram duas outras: a primeira, comercializada entre 1950 e 1970, tinha formato de bola de beisebol e a segunda era um livreto de papel encadernado em couro. Com o tempo ela ganhou a forma que conhecemos hoje, mas não só isso: a hangtag se tornou personalizável. Em qualquer loja da grife é possível gravar seu nome ou iniciais nela, escolhendo tanto cores e fontes, como um charm divertido para complementar.

 

Stuart Vevers, atual diretor criativo da Coach, costuma usar os arquivos da casa e o cinema americano clássico como fontes de inspiração para as suas coleções. Entre os títulos que já entraram nos mood boards estão Garotos de Programa, Tubarão, Terra de Ninguém e As Virgens Suicidas. O esporte também é um tema recorrente e ganhou diferentes interpretações ao longo das temporadas, como na de inverno 2016, quando foi representado pelos times de escolas e universidades estadunidenses. “Busquei modelos de casacos icônicos para ter uma base e, a partir daí, criamos nossas próprias versões”, contou Vevers à ELLE na ocasião. Na coleção atual, de Resort 2022, uniformes olímpicos e de esqui entraram no mix, junto a cenas do filme Cinzas no Paraíso, de Terrence Malik, e um trabalho de upcycling, onde ele tingiu sobras de tecidos xadrez do inverno 2021 para usar nos vestidos e reutilizou alguns looks dessa mesma coleção, mudando apenas a proposta de styling.

 

O fotógrafo alemão entrou para o time de colaboradores em 2019 e trouxe um novo visual para a marca com a campanha de inverno do mesmo ano. “Ele é capaz de criar um espírito caloroso, despretensioso e brincalhão que eu queria”, disse Stuart Vevers sobre a parceria. O elenco incluiu os rostos atuais da casa, Michael B. Jordan e Kiko Mizuhara, ao lado de uma série de novas adições à família Coach, incluindo Yara Shahidi, Jemima Kirke, Lolo Zouaï, Miles Heizer e a nova embaixadora da etiqueta, Liu Wen, todos registrados pelas ruas de Nova York. Em 2020, o projeto evoluiu para o primeiro desfile digital da label, batizado de “Coach Forever”.

 

De 2002 a 2008, a Coach se expandiu pela Ásia, abrindo flagships no Japão, Taiwan, Coreia e Hong Kong. Em 2014, o endereço de Shinjuku, em Tóquio, ganhou um novo conceito de luxo moderno desenvolvido em parceria com o arquiteto e designer William Sofield, com o objetivo de oferecer uma nova experiência para os clientes. Em 2018, foi a vez da China ser agraciada com o desfile “Coach Lights Up Shanghai” (Coach ilumina Xangai), o primeiro da marca na cidade, que trouxe uma coleção criada em parceria com artistas locais.

 

Coach: A Story of New York Cool chegou às prateleiras em outubro de 2014. O livro foi escrito pelo professor e historiador cultural Joel Dinerstein, e celebra o 75º aniversário da marca, explorando a evolução e transformação da Coach como uma empresa americana icônica.

 

Ao lado da mulher, Lillian, Miles Cahn fundou a Coach em 1961 depois de comprar a pequena fábrica de carteiras na West 34th Street, em Manhattan, e rebatizá-la. O casal permaneceu anos no endereço e, enquanto Miles supervisionava os negócios, Lillian coordenava o showroom e promovia os produtos para jornalistas e editores de moda. As vendas atingiram cerca de 20 milhões de dólares no início dos anos 1980 e, em 1985, os Cahn venderam a empresa para a Sara Lee Corporation, por cerca de 30 milhões. Após a venda, eles estabeleceram a Coach Farm em Gallatinville, Nova York, onde produziram diferentes tipos de queijos de cabra. A fazenda foi vendida em 2006 e Miles se aposentou aos 85 anos. Lillian faleceu em 2013, aos 89, e o marido, em 2017, aos 95. Seus últimos anos de vida foram dedicados à escrita, resultando em um compilado de páginas chamado de “reflexões”. “Olhando para trás, posso apreciar que a vida, com toda a sua aleatoriedade, me deu uma boa mão”, escreveu ele. “Vou me render com relutância quando meu tempo acabar e sentirei muita falta quando eu partir.”

 

Foi onde a história da etiqueta começou e até hoje continua a ser uma infinita fonte de inspiração. “É um lugar excitante e maravilhoso para ser um designer. Ando pelas ruas todos os dias apenas para ver como as pessoas se vestem”, diz Stuart Vevers. A primeira grande loja foi aberta na Madison Avenue, em 1981. Entre os outros endereços pelos quais a marca está distribuída na cidade, destaca-se a Coach House, flagship global aberta em 2016 no número 685 da Quinta avenida.

 

Em 2019, a etiqueta lançou a Coach Originals, uma coleção de bolsas restauradas dos arquivos e remixadas para os dias atuais, que também contou com novas versões inspiradas nesses modelos antigos. A linha vintage ainda ganhou uma pop-up store especial dentro da loja localizada na Madison Avenue, em Manhattan. Por coincidência ou não, Stuart Vevers também apelidou o time de musas da label de Originals, que ele descreve como “um grupo de indivíduos de espírito livre, unidos por valores compartilhados e a coragem de ser real”.

 

Para complementar as cobiçadas hangtags, em 2016 foram lançados os Craftsmanship Bars em diversas lojas da Coach pelo mundo. Por lá, as clientes podem ter suas bolsas limpas e acondicionadas ou personalizadas com um monograma, enfeites e outras customizações, através do serviço Coach Create.

 

Junho de 2016 foi um marco importante para a Coach, pois a empresa mudou-se para uma nova sede no número 10 de Hudson Yards, próxima do Rio Hudson, em Nova York. É lá que os arquivos estão localizados, abrigando mais de 2.500 peças, incluindo aquelas que datam do início da marca, em 1941. Há também uma oficina própria, onde uma equipe de artesãos mestres desenvolve à mão os protótipos e amostras de produtos.

 

A bolsa Rogue, que foi apresentada na primeira coleção pre-fall 2016, é inspirada em espíritos livres, rebeldes e sonhadores, além de um grande hit da Coach. Os detalhes do modelo foram todos pensados a partir da herança e elementos clássicos da label, incluindo as alças de estilo bagagem e o tipo da costura, assim como o bolso “kisslock”, que é uma homenagem a alguns dos designs vintage de Bonnie Cashin.

 

 

Stuart Vevers é o cara. Desde que assumiu a direção criativa, em setembro de 2013, o britânico – que já passou por Louis Vuitton e Mulberry – trouxe um frescor cool e urbano para a Coach, investindo também nas roupas e nas parcerias muito bem-sucedidas. Antes de ingressar no time, ele passou as férias viajando pelos EUA em trens Amtrak, parando e explorando pequenas cidades ao longo das rotas, e as referências de suas viagens aparecem com frequência nas coleções da grife. A primeira bolsa de sua autoria ganhou o nome de Rhyder e é inspirada nas vestimentas de trabalho norte-americano, como cintos de ferramentas. Seus feitos também renderam prêmios importantes da indústria: em 2015, ele foi nomeado designer de acessórios do ano pelo ELLE Style Awards, em 2016 ganhou o título de designer do ano pelo ACE Awards e, em 2017, o CFDA também o nomeou designer de acessórios do ano.

 

Uma versão moderna de um design de arquivo dos anos 1970, a bolsa Tabby é um must-have indiscutível, mas a sua versão Pillow (travesseiro, em inglês), lançada no começo do ano, foi um fenômeno ainda maior. Feita com couro macio napa, a peça acolchoada possui uma variedade de tons, indo do rosa blush ao giz suave e um verde tropical, e virou uma sensação entre as fashionistas logo no seu lançamento. O sucesso também se deve à campanha clicada por Juergen Teller com Jennifer Lopez, Camila Morrone, Paloma Elsesser, Binx Walton e Quincy. As imagens em que elas aparecem abraçando e brincando com a bolsa em diferentes tamanhos, inclusive um bem agigantado, que poderia mesmo servir de travesseiro, rapidamente viralizaram nas redes e a peça foi logo catapultada ao status de it-bag do ano.

 

A Coach e a United Airlines formaram uma parceria no início dos anos 1980 com a bolsa The Stewardess Bag, que foi introduzida como parte do uniforme das comissárias de bordo da companhia aérea. O modelo inspirou o primeiro ícone da Coach, a Saddle Bag, lançada nas lojas na primavera de 2016. O seu design prático serve até hoje como inspiração para outras it-bags.

 

 

Além dos arquivos que constantemente inspiram novas criações, a Coach recentemente lançou uma coleção para incentivar a circulação de peças vintage. Batizada (Re)Loved, a linha é composta de itens previamente usados, que foram cuidadosamente restaurados e reimaginados e fazem parte de um compromisso da casa para reduzir seu impacto no meio ambiente.

 

O site da Coach foi lançado em 1999 e, desde então, a marca vem se fortalecendo cada vez mais nas plataformas digitais. No perfil do Instagram, por exemplo, há muitas novidades bacanas, mas vale também seguir as postagens de Stuart Vevers na rede. Já no canal do Youtube é possível conferir desfiles, detalhes exclusivos de backstage, entrevistas com celebridades, making of de campanhas, e até pequenos filmes produzidos especialmente para o endereço virtual, como a recente série Coach ASMR.

 

Em 2018, a Coach realizou seu primeiro desfile na China, em Xangai, para apresentar a coleção de pre-fall 2019. Além de ser um cenário novo e emocionante, a marca também buscou colaborações com os principais criativos da área, que infundiram na coleção um espírito que reflete a cultura jovem chinesa atual, em vez de simplesmente incorporar elementos tradicionais, numa pegada mais superficial. Intitulado “Coach Lights Up Shanghai”, o show aconteceu no West Bund Art Center e exibiu uma coleção de casacos, acessórios em patchwork e vestidos de lenço metalizados, tudo permeado por um mood rock 1970s. Quatro artistas contemporâneos baseados na China foram convidados a reinterpretar a dinossauro Rexy em diferentes mídias. Do grafite do artista de rua Guang Yu à impressão distorcida de fotos do escultor Sui Jianguo, passando pelo desenho a tinta do ilustrador Zhu Jingyi e o tema do coletivo musical Yeti Out, as criações reinventadas foram trabalhadas nas roupas e acessórios da coleção, que também celebrou uma presença de 15 anos da marca no país.

 

O espírito jovem está em todos os aspectos da marca, desde produtos até a seleção de colaboradores e musas. Para Stuart Vevers, é tudo uma questão de atitude e frescor, de brincar com a justaposição. “A mulher Coach vai do hard ao soft de uma maneira muito fácil”, explica ele. “Uma biker jacket com um vestido delicado, que resgata toda uma maneira urbana de vestir”. Nesse mix and match, a marca se renova a cada temporada e vai agora conquistando a geração Z, especialmente as nova-iorquinas de 20 e poucos anos residentes do Brooklyn, que vira e mexe são vistas ostentando as peças de inspiração vintage da etiqueta.

 

Na Coach, nenhum detalhe é esquecido e pode levar até 100 etapas para finalizar uma bolsa da grife. As versões coloridas, por exemplo, passam por um rigoroso processo de tingimento e recurtimento que dura 12 horas e garante a penetração profunda do corante, evitando o desbotamento e protegendo de riscos. A técnica é fruto do legado de Bonnie Cashin, pioneira no uso de cores ousadas e saturadas no couro. Além disso, a marca também é famosa por submeter seus produtos aos testes mais exigentes do setor antes de enviá-los às prateleiras.

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