Como o Senac ajuda a moldar a nova geração da moda brasileira

Marcas como Foz, Leandro Castro e Fauve mostram como o domínio técnico e a formação do Senac estão redefinindo o que significa criar no Brasil hoje.


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Desfile de Leandro Castro na SPFW N60. Divulgação



CONTEÚDO POR SENAC

Durante muito tempo, a moda brasileira foi definida pela criatividade. Mas a geração que hoje ocupa as passarelas e os ateliês do país vem mudando esse eixo: mais do que imaginar, é preciso saber executar. O domínio técnico, o estudo acadêmico e a pesquisa aplicada transformaram o modo como as roupas são pensadas, construídas e percebidas.

Com mais de 60 anos de tradição na área de moda e beleza, o Senac tem papel essencial nesse amadurecimento, formando profissionais que unem excelência, repertório e propósito. Alinhado a essa missão, o Senac promove vivencias educacionais que aproximam os estudantes do mercado e reforçam o aprendizado na prática.

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Durante eventos e atividades que reúnem cursos técnicos, graduações e pós-graduações – como o realizado no campus Senac Santo Amaro, que mobilizou mais de 400 alunos em oficinas de produção de moda, modelagem, beleza e fotografia – a instituição reafirma seu compromisso com a democratização da educação e o desenvolvimento profissional.

“Técnica e poesia são interligadas”, diz o estilista Leandro Castro, que iniciou sua trajetória em cursos livres do Senac e hoje coordena uma pós-graduação em Styling e Imagem de Moda na instituição. “Todas as peças passam pelas minhas mãos, da ideação ao corte e ao ajuste. A técnica é o fundamento do meu trabalho.” Com formação em alfaiataria e experiência prática em ateliê, Leandro defende o que chama de “intelectualidades manuais” – a união do pensamento com a prática.

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Suas peças podem levar de 50 a 200 horas para serem concluídas, combinando bordados, camisaria e experimentações com materiais como a semente saboneteira. “Costura é tecnologia”, resume. Em sua coleção batizada de Gaiafilia, lançada recentemente e inspirada na relação entre corpo e natureza, ele propõe um olhar poético para o processo. “O futuro da moda é olhar para o planeta”, enfatiza.

Para Antonio Castro, à frente da Foz, o Senac foi o seu primeiro laboratório criativo. Natural de Maceió, ele começou nos cursos livres de corte, costura e modelagem – os únicos disponíveis em sua cidade – e mais tarde se formou em moda pelo Centro Universitário Senac – Santo Amaro, em São Paulo. “Toda turma que abria, eu entrava. Eu sabia que dominar a técnica era o que me permitiria criar com liberdade.”

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O estilista Antonio Castro, da Foz, em premiação no Senac. Divulgação

O método aprendido virou estrutura da marca. Hoje, o designer conduz um trabalho que combina pesquisa artesanal e desenvolvimento industrial, misturando tecidos como o jacquard a técnicas como patchworks e fuxicos feitos por artesãos. “O saber-fazer está no meu ateliê, mas também nas manualidades brasileiras. Nós desenvolvemos produtos lado a lado, sem nos apropriar do que eles fazem.”

Com o objetivo de estreitar o diálogo entre ensino e mercado, Antonio convidou alunos do Senac Lapa Faustolo para participar de sua última coleção. Cinco duplas do curso técnico de Modelagem foram desafiadas a interpretar um look da Foz. O modelo vencedor, assinado pelas alunas Victoria Carinho e Jennifer Gentil, desfilou na edição 60 da SPFW – uma experiência que, apostam elas, “pode abrir portas inimagináveis”. Além do concurso, Antonio organizou a Expedição Foz, levando clientes a Alagoas para conhecer os artesãos que produzem as peças da marca. “Eu cansei do discurso, agora levo as pessoas até lá”, arremata ele.

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Clara Pasqualini, da Fauve. Divulgação

Na carreira de Clara Pasqualini, da Fauve, o aprendizado técnico virou ponto de inflexão e começou na pós em Modelagem do Senac. “Foi quando eu me dei o tempo de criar sem pensar em vendas. Muitas das modelagens que hoje são carro-chefe da marca nasceram naquela sala de aula”, conta. A estilista se define como alguém que gosta de entender cada etapa do processo – da estrutura de uma peça às camadas de entretela e barbatanas que definem a silhueta.

“Dominar a técnica me dá autonomia. Primeiro você aprende as regras, depois se desprende delas para encontrar algo novo.” Entre a moulage artesanal e a modelagem em sistema computadorizado, Clara dosa tradição e tecnologia. “Sou vintage no olhar, mas prática no método. A tecnologia agiliza e potencializa o trabalho manual.” A nova geração entende que técnicas ancestrais e ferramentas digitais caminham juntas, abrindo espaço para uma moda inovadora e consciente.

A integração entre tradição e futuro também se reflete nos programas do Senac. Os cursos de Alfaiataria e Modelagem, além da Pós em Modelagem Criativa, reforçam o domínio técnico como base da criação contemporânea. Já a websérie produzida pela escola e exibida na FashionTV amplia o olhar sobre o ofício do modelista, valorizando o trabalho de quem constrói a moda a partir do processo e da experimentação.

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Aunos do Senac na SPFW. Divulgação

Mais do que o resultado, o luxo para esses criadores está no próprio fazer. A sala de aula se torna extensão do ateliê e o método passa a ocupar o centro da narrativa estética. Na instituição, isso acontece diariamente, em cursos livres, graduações e pós-graduações que conectam o estudante à prática. Nos bastidores das passarelas, a Beleza Senac complementa esse ecossistema com equipes formadas pela escola, reforçando o papel da imagem na construção de marca.

Hoje, o saber-fazer brasileiro vai além da metodologia. É uma filosofia de trabalho que envolve designers, modelistas, artesãos e docentes, profissionais que pensam e executam em conjunto. Entre o corte e a costura, a pesquisa e a inspiração, surge uma moda que entende o produto como discurso, o ofício como arte e o aprendizado como herança.

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