Para além do mês da consciência negra: uma lista de criativos da moda

Conheça e acompanhe o trabalho de profissionais criativos da moda e da arte que estão transformando o mercado com seu talento.


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Foto: Edgar Azevedo | Styling: Suyane Ynaya



Às vezes parece que esquecemos, mas existem pessoas por trás de cada processo desenvolvido dentro de todos os acontecimentos da moda nacional e internacional. Mas será que as pessoas negras estão, de fato, recebendo o devido crédito pela sua trajetória e arte?

Lindas imagens precisam carregar grandes significados, pois é assim que estamos montando um novo olhar sobre o que é a moda hoje. Para celebrar esse novo momento, fizemos uma lista com indicações de nomes da moda nacional e internacional, que estão deixando lindos rastros de como devemos nos comunicar daqui para frente.

Essas pessoas são uma ponte entre tantas outras que existem por aí e que nos convidam a refletir: qual é a moda que queremos consumir e construir daqui para frente?

Ibrahim Kamara

IB Kamara é um stylist britânico que desafia as noções convencionais de moda masculina e masculinidade com seu estilo e direção de arte distintos. Já trabalhou com marcas como Stella McCartney, Burberry, Dior, Louis Vuitton, entre tantas outras. Em junho de 2018, Kamara se juntou à revista
i-D como editor de moda e logo foi promovido a editor de moda sênior, em julho de 2019.

Nascido em Serra Leoa, Kamara cresceu na Gâmbia e se mudou para Londres aos 11 anos. Na capital britânica, frequentou a Central Saint Martins, onde trabalhou em um projeto intitulado “2026”, que explorou como a masculinidade negra poderia ser imaginada em 10 anos no futuro. Seu trabalho foi exibido na Somerset House como parte do show “Utopian Voices Here and Now”. Para a exposição, ele mergulhou em áreas de Joanesburgo com a fotógrafa e colaboradora de longa data Kristin-Lee Moolman em busca de roupas descartadas e remodeladas em roupas novas.

O estilo de Kamara é de um trabalho exclusivamente africano, que explora a ideia da desconstrução da roupa na moda masculina e, consequentemente, sobre como devemos desconstruir a masculinidade. Orientado pelo falecido Barry Kamen, Kamara também trabalhou como figurinista no curta-metragem do cantor Sampha, Process, dirigido por Beyoncé e Kendrick Lamar.

Edgar Azevedo

Edgar Azevedo, natural de Salvador (BA), fotógrafo autodidata, diretor criativo e filmmaker. Apaixonado pela emoção humana, Edgar diz que a arte deve ser sobre emoções e descreve seu estilo como emocional, inconsciente e muito rico em expressões.

Seu trabalho é centrado na construção da representatividade positiva da pele negra nos campos visuais, oferecendo uma nova percepção sobre como a sociedade atual poderia ser. Entre os principais assuntos abordados pelo artista estão masculinidade, sexualidade, política e também as suas experiências pessoais. Tudo isso é explorado a partir de conceitos visuais e pesquisas que expõem sua visão sobre o que afeta diretamente sua vida na sociedade em que vive.

O trabalho do Edgar Azevedo já esteve em várias publicações, incluindo a ELLE Brasil (fotogranfo a capa da nossa primeira edição impressa de 2020, com Djamila Ribeiro), QuatroCincoUm, AfroPunk, Mujeres en Medio USA e Revista Raça. Atualmente, ele é também o curador de conteúdo e fundador da @marginal.mag, seu mais recente projeto. A revista digital celebra a beleza e a construção do homem negro em três pilares: moda, arte e estilo.

O nome do projeto ressignifica o termo “marginal” – que no sentido literal significa alguém que prefere viver excluso da sociedade ou que foi excluído por ela, mas que também possui um sentido pejorativo, de alguém que é criminoso – já que o homem negro foi colocado dentro desses dois contextos na sociedade: um que os exclui e outro que os criminaliza.

Renell Medrano

Com apenas 28 anos, a fotógrafa dominicana-americana Renell Medrano construiu um portfólio invejável ao longos dos anos (trabalhos recentes incluem parcerias com Jay-Z, Solange e com seu namorado Asap Ferg). A primeira vez que pegou em uma câmera foi aos 14 anos e, desde então, ela vem fotografando pessoas em Nova York, onde mora atualmente. Entre seus seguidores nas redes sociais, estão Bella Hadid, Kendall Jenner e Justine Skye, que também são grandes amigas da fotógrafa. Com um trabalho íntimo e colorido, inspirado em NY e na República Dominicana, a fotógrafa já declarou que seu ímpeto na fotografia é “ser capaz de se conectar com um completo estranho e descobrir sua vulnerabilidade”.

Camila Simões

Camila Simões é modelo negra, mineira e sua carreira internacional é marcada por fotos de beleza para Saint Laurent, Fenty e por capas de revistas, como a francesa Madame Figaro e a Solstice Mag.

No Brasil, já esteve em editoriais e capas das principais publicações de moda e desfilou para Lenny Niemeyer, Ronaldo Fraga, Silverio Brand, Nalimo e diversas outras marcas. Coloque na conta também campanhas para Vult, Natura, Farm, Neutrogena e Paula Raia.

Camila faz parte da liderança ativista da Pretos Na Moda, uma plataforma de comunicação que une o movimento entre modelos e criativos pretos na moda nacional e que atua pela proporcionalidade, pertencimento e direitos igualitários na área. O coletivo atua principalmente nos bastidores, onde tem como objetivo mexer nas estruturas desiguais já erguidas pelos grupos dominantes. Pautada pela luta antirracista, tão necessária para a sociedae como um todo, a ideia é seguir atuando até que presenças plurais dentro do mercado sejam algo comum.

Nadine Ijjewere

O trabalho da fotógrafa do sudeste de Londres Nadine Ijewere já apareceu em revistas como
i-D, Wall Street Journal e Vogue, quando se tornou a primeira mulher negra a fazer uma capa da revista.

Sua fotografia foca principalmente no tema da identidade e diversidade, e é muito inspirada por sua herança nigeriana e jamaicana. Ijewere começou a estudar fotografia na escola. Atraída pelo campo criativo, continuou seus estudos na London College of Fashion, da University of the Arts London. Depois de se formar, foi trabalhar para uma empresa de design de interiores no Chelsea Harbor Design Center, mas continuou fotografando em seu tempo livre. Ela credita as mídias sociais pela ajuda na construção de relacionamentos com colaboradores, incluindo o stylist Ibrahim Kamara.

O trabalho de Ijewere já foi apresentado na exposição The Tate Britain Generation (2016), no Lagos Photo Festival (2017) e no Unseen Amsterdam (2018). Representada pela Agência CLM, ela também trabalhou com cinema e criou campanhas para nomes como Stella McCartney, Valentino, Selfridges e Gap.

Artur Figueiredo

Artur Figueiredo, 30 anos, maquiador, hoje reside na cidade de São Paulo. Adotado em Vitória e criado em Niterói, suas vivências como adulto se deram na cidade do Rio de Janeiro.

Em 2012, morou quatro meses na Califórnia, onde foi estudar e acabou se descobrindo como pessoa também. Começou sua carreira trabalhando com a MAC Cosmetics, em 2013, e descobriu uma paixão crescente pelos bastidores sendo ativo em semanas de moda desde então.

Defensor da representatividade, da pele natural e amante de skincare, desenvolveu um grande interesse por modelos de pele escura, assim aplicando a inclusão da sua história em seus projetos. Na indústria da beleza, ele adora tanto compartilhar quanto aprender com os muitos amigos que fez dentro dela.

Agatha Barbosa

Agatha Barbosa tem 28 anos e nasceu no Rio de Janeiro. Começou sua trajetória na moda aos 15 anos como modelo e, com 18, resolveu que faria faculdade de moda, já que o que a atraía verdadeiramente eram os bastidores. Dos 18 aos 22 se especializou por meio de cursos e há cerca de três anos trabalha na área como stylist e produtora de moda. “Tenho muito orgulho da minha trajetória até aqui e ainda muita garra para chegar no topo. Vejo vocês no pódio!”, diz ela.

Kai-Isaiah Jamal

O trabalho do modelo, ativista e poeta Kai-Isaiah Jamal pode ser difícil de se definir com palavras porque fala sobre experiências. Crescendo como um homem trans em uma família muçulmana, ele vem desmantelando estereótipos sobre masculinidade negra e a intimidade do amor e do sexo queer com o máximo de cuidado e beleza possíveis.

Em 2020, em uma parceria com a Browns, Jamal e a diretora Emily McDonald criaram um vídeo íntimo e alegre para ilustrar dois de seus poemas: “S is for skin” e “G is for grip”. Combinando movimento e verso, o curta-metragem, intitulado Somewhere, We Dance Forever, explora a identidade queer e encontra a libertação nos espaços sem gênero da poesia e da dança.

Ode

Ode é brasileira e baseada em São Paulo. Aos 22 anos, trabalha como stylist, escritora e curadora independente. Ela é a fundadora da extinta Projeto Dúdús, uma plataforma digital com foco em produções artísticas afro-diaspóricas e africanas. Nos últimos três anos colaborou com marcas e instituições dentro da moda e da arte, como editora contribuinte para a Bubblegum Club Magazine (África do Sul), com o MASP, Red Bull e ALLSAINTS. Ode também trabalhou com diversos artistas, entre eles a francesa Tabita Rezaire, os sul-africanos CUSS Group e Bogosi Sekhukhuni, e brasileiros Samuel de Saboia, Urias, Rodrigo Sombra e Nixon Freire (Diego Bonfim).

Atualmente, assina a curadoria da série em andamento From Brazil, with love and optic games sobre jovens fotógrafos pretos do Brasil para a revista britânica Nataal. A ideia desse projeto é explorar como seus respectivos trabalhos podem expandir ideias de representação e participação a fim de desafiar as perspectivas ocidentais que ignoram o sul global como parte da vida negra e das conversas diaspóricas.

Ela também faz parte da exposição online A mirror and a prophecy: cyberspace, the noise ontology pela galeria HOA, de Igi Lola Ayedun, e do programa de intercâmbio cultural suíço COINCIDENCIA Pro Helvetia, com foco na promoção de diferentes possibilidades de entendimento sobre a relação da sociedade com sua digitalização (em breve aberto ao público).

Multifacetada, ela ainda possui a pesquisa curatorial “Notes on travecacceleration”, dividida em três partes com desdobramentos expositivos, sonoros e visuais. Um deles é o lançamento de uma faixa homônima produzida por Mafius, através da plataforma REIF.LIFE, e outro uma exposição online na galeria LUX de Londres, mentorada pela curadora britânica e criadora do SITE Projects, Cairo Clarke. Por fim, Ode também colabora com a BRICKS Magazine escrevendo e produzindo imagens sobre a indústria da moda do Brasil que não seja encabeçada pela hegemonia branca e cisgênera.

Lídia Thays

Lídia Thays, conhecida também como Lilly B./Bijou, tem 27 anos, é residente do grande ABC (Santo André) e é uma artista multidisciplinar que atua em diversos universos entre arte, música, design e beleza. Trabalhando com ID visual e pesquisa, é co-fundadora e diretora criativa da empresa criativa MO.O.C (@wearemooc) e atua com direção e concepção de arte e beleza. Lídia é também designer/estilista graduada pelo IED SP, maquiadora, artista plástica, cantora/backing vocal e compositora. Ela já fez trabalhos de moda, concepção, pesquisa, criação e desenvolvimento/ressignificação de produtos para empresas como Levi’s, Box1824, Melissa, WGSN, Paper Magazine, Netflix e M.A.C.

Lídia acredita em mundo da moda possível para todos os corpos e em uma metodologia de trabalho que desamarre o ego dos cargos e acredite mais na potência da comunidade. Sua ideia é trabalhar mesclando arte visual, upcycling e novos métodos de consumo com uma cadeia de produção assumida por mulheres negras.

Neco Oblangata

Neco Oblangata, 24 anos, nascide e criade na zona sul de São Paulo. Iniciou seu contato com a moda por meio de pesquisas em revistas e vídeos de pessoas que admira. A partir daí, criou seu próprio espaço de curadoria imagética de moda e arte em múltiplas plataformas, assinando como @theoblangata. Ao lado de sua melhor amiga, adentrou em espaços de galerias e da noite paulistana na mesma época em que desenvolvia trabalhos independentes para veículos e eventos de moda, como a Casa de Criadores. Teve experiências em trabalhos fixos como o Estúdio Orth, onde pôde expandir seu apreço pelo design e experimentar trocas com pessoas inseridas no mercado de arte, e na Haight, onde fortaleceu seu conhecimento de mercado de moda e imaginou seus próximos movimentos.

Na arte, sua pesquisa se dá por meio da performance, onde retrata suas raízes atravessadas por seus textos. Já performou o trabalho “Papo Cabeça” em 2018, na SP-Arte, e também a extensão da mesma, “333.mov”, na mostra “Vesícula”, da HOA. Atualmente, atua principalmente como stylist e em seu portfólio reúne trabalhos para revistas como Glamour, MJournal, e Claudia, além de assinar campanhas para marcas como Facebook, Melissa, Teodora Oshima, RoRo Rewind e Lucas Leão.

“Com meu trabalho, quero conseguir enxergar minha essência em tudo que faço, além de realizar uma busca maior pela minha identidade no conhecimento e ensino de outras ao meu redor. Quero o conforto de trabalhar com equipes com quem posso ter trocas reais e espaço de criação, possibilitando a abertura de uma gama maior de criatives”, diz Neco.

Shaolin

Shaolin tem 19 anos, nasceu em Buracão, Guarulhos, extremo norte de São Paulo. Trabalha como modelo e ator há quase dois anos e começou na moda por acidente. Sem grana na época, conheceu um fotógrafo que cobrava R$ 100 reais pela sessão de fotos. Sem dinheiro, uma hora depois de falar com ele, Shaolin acabou encontrando exatamente o dinheiro necessário no chão. “Senti que as fotos eram o que eu deveria fazer”, diz ele. As fotos repercutiram e logo depois ele já estava trabalhando como modelo para marcas como Facebook, Lucas Leão, Renner, Mash e Samsung, para citar algumas. “Hoje, meu maior objetivo na moda é mostrar para a juventude preta que podemos ser quem a gente quiser”, diz Shaolin.

Camila Anac

Camila nasceu no extremo leste de São Paulo. Com 12 anos, começou a trabalhar no salão de beleza do seu bairro pois percebeu que se quisesse conquistar algo na vida, teria que conquistar ela mesa. Assistindo a vlogs e acompanhando as influenciadoras de maquiagem, pouco a pouco começou a adentrar nesse universo.

Aos 16 anos, ela participou do processo seletivo do Instituto Criar e cursou cabelo e maquiagem. De lá, Camila conseguiu seu primeiro estágio dentro do SPFW, onde fez assistência para alguns maquiadores da área, como Max Weber. “Hoje eu sou a mulher dos meus sonhos, cheguei de tão longe e agora assino revistas, campanhas e estou trilhando meu próprio caminho. Eu sou quem eu queria ser aos 13 anos”, diz ela. “É triste como as pessoas que vêm da periferia precisam lutar para conseguir conquistar seus sonhos, o processo é muito injusto, mas acredito que nunca poderão nos tirar nossos sonhos, são eles quem nos impulsionam”.

Felipa Damasco

Felipa Damasco, @damascozzz nas redes, é interiorana de São Paulo, mas atua na capital desde 2010, integrando companhias profissionais de dança clássica e contemporânea, linguagens base de suas práticas artísticas e que pautam a disciplina e sensibilidade que ela traz para seus trabalhos mais recentes. Atualmente diretora de arte e diretora criativa de linguagens híbridas, tem no seu currículo produções na música, moda e arte visuais.

Na música, colabora com a produção artística de Jup do Bairro para quem assinou a direção criativa do recente EP visual “Corpo sem juízo”, que recebeu o prêmio de Revelação do Ano, pelo Prêmio Multishow 2020. Também na música, desde 2016, trabalha na produção artística de Linn da Quebrada: assinou recentemente a capa do single “Mate & morra” e participou do elenco do premiado
Bixa Travesty.

Já na moda, Felipa, que estudou criação de imagem de moda em escolas como FAAP e Escola São Paulo, integra, desde 2019, a equipe de foto de nomes como Cai Ramalho, Karla Brights e Wallace Domingues, além de assinar direção de set e direção de arte em revistas de moda e campanhas publicitárias.

Ainda nas produções artísticas, Felipa ocupa a cadeira de curadora de arte performática da galeria de artes contemporâneas HOA ao lado de Igi Ayedun, com quem já colaborou em diversas outras articulações, como a Escola Efêmera de Artes pelo AEANFDC, em 2018.

Felipa, que se identifica como artista multimídia, diz que, em suas produções, propõe sonhos e que o estado de presença, generosidade e um ambiente saudável para corpas como a dela são primordiais para a realização de um bom trabalho.

Alysson Freitas

Paulistano e autodidata, Alysson iniciou sua trajetória no cenário criativo no final de 2018, trabalhando na co-criação e execução de projetos, editoriais e fashion filmes em parceria com seus amigos. A primeira ferramenta que teve e, curiosamente, a que mais gostou de trabalhar foi o celular. Grande parte dos seus conteúdos até hoje é desenvolvida a partir de dispositivos Apple, o que lhe deu bastante praticidade e desempenho nos primeiros trabalhos. Atualmente, ele desenvolve a direção e produção de conteúdos autorais e trabalhos que surgem principalmente através do meio digital.

Alysson acredita que um dos seus pontos mais fortes é a valorização dos detalhes em cada cena. Além disso, gosta de trazer e enfatizar o sentimento para que o telespectador se enxergue e se identifique com o seu trabalho. Um dos fatores que ele mais leva em consideração é a valorização das pessoas. “Sem elas, nada é possível, nada se cria, nada sai do papel, por isso, sempre desenvolvo e produzo com outros criadores. Assim, meu trabalho se dissemina de forma orgânica e consistente”.

Adriano Bâ Letelier

Nascido em Senegal, 24 anos, modelo, diretor artístico e estudante de design de moda no Istituto Europeu di Design, de São Paulo. A moda, a arte e a cultura sempre foram muito presentes na vida de Adriano. Seu pai, originário da região andina do Chile, e sua mãe, da Costa Oeste africana, fizeram com que ele compreendesse muito cedo como o mundo é composto de uma ampla e incrível variedade de identidades.

No Senegal, culturalmente, há uma grande presença da costura como negócio. “Em qualquer esquina há um costureiro, é um daqueles trabalhos que todo mundo tem pelo menos um parente fazendo”, diz ele sobre a presença da moda em sua vida.

Adriano começou a desenhar e fazer pinturas muito cedo com Abdou Bâ, que hoje é cantor. Eles costumavam sair no bairro com pedaços de carvão na mão fazendo gravuras na paredes de casa abandonadas do bairro. Hoje, Adriano desenha peças no Instituto Europeu di Design, produz peças autorais e trabalha com grifes negras emergentes em Paris e São Paulo.

A sua proposta na moda é de possibilitar que ela não seja uma ferramenta que se limita ao espectro construído de quem somos hoje, mas de quem podemos ser no futuro, propondo diferentes maneiras pelas quais principalmente minorias podem se reafirmar. “Cabe a nós, tanto como designers quanto como seres humanos, fazermos a nossa parte para garantirmos um futuro melhor para todos, por mais utópico que isso soe. Juntos somos fortes”, diz ele.

Mylena Saza

Mylena Saza, 22 anos, é de São Luís (MA). Começou a fotografar aos 18 anos ainda na faculdade de biomedicina, da qual desistiu após decidir que tomaria a fotografia para a sua vida. No começo, fotografava tudo o que era interessante aos seus olhos até que começou a monetizar seu interesse trabalhando em eventos, aniversários e casamentos. Ela logo percebeu que não era esse o caminho da fotografia que gostaria de seguir e conheceu uma casa de criação em sua cidade, a @haus337. “Os meninos faziam curadoria em brechós e comecei a me envolver mais em produções de moda, comecei a ver referências e encontrei os MarVin, que até hoje continuam sendo minhas principais referências. Conheci também o guarda roupa SP, Maika, Suyane…”. Ela se encontrou em um mundo em que poderia criar, somar, expor suas experiências e incentivar o seu povo a ocupar espaços maiores.

Já trabalhou com empresas como Avon, Dipua, Aluf, e Pitaia e diversas publicações de moda. “Tento colocar no mundo minha arte como forma de expressão, sentimento e inspiração para pessoas que são alcançadas por mim”, diz ela. “Quero mostrar que é possível fazer muito com pouco, experimentar novos conceitos, criar uma beleza única e dar força para pessoas que estão em lugares que informações não chegam”.

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