Fundação Swarovski celebra sete anos de trabalho comunitário na Amazônia
De maneira coesa e integrada com as necessidades das comunidades locais, o projeto Escola d'Água é um exemplo de terceiro setor bem sucedido.
Em 2013, a Fundação Swarovski nasceu na Áustria como um braço filantrópico da marca de joias e acessórios. Após três anos, em parceria com a FAS (Fundação Amazônia Sustentável), eles começaram a levantar o projeto Escola d’Água, que hoje atua em cerca de 135 comunidades ribeirinhas e indígenas na região do Amazonas e do Pará. Com o foco na água, como o nome sugere, a ideia é conscientizar e levar educação, saneamento básico e acesso à água potável a cidades ao longo dos rios mais importantes dos dois estados. Hoje o projeto está presente em 87 países pelo mundo, impactando 1,6 milhão de pessoas.
No fim do mês de maio, a Swarovski convidou a ELLE Brasil para entender e ver os resultados concretos dos 300 mil euros ao ano (cerca de 1,6 milhão de reais) investidos na região. O resultado é realmente surpreendente. Em vez de levar jornalistas para celebrar o começo de um projeto de terceiro setor, como é de praxe, é interessante que a escolha tenha sido mostrar os resultados de sete anos de trabalho. O projeto atualmente está amadurecido e forte.
A comunidade de Tuiué Caio Palazzo
Durante quatro dias, viajamos ao longo do Rio Purus, um afluente do Rio Amazonas, para conhecer algumas das fases do projeto em diferentes comunidades. Carla Assumpção, diretora-geral da Swarovski Crystal Business Brasil, Chile e Argentina, Jakhya Rahman-Corey, diretora da Swarovski Foundation, e Raquel Luna, coordenadora do projeto Waterschool estiveram com a gente durante a expedição.
Morando em grandes centros comerciais e capitais cosmopolitas ao redor do mundo (Carla está baseada em São Paulo, enquanto Jakhya mora em Londres), é difícil compreender o que essas microcidades ao longo do rio necessitam de verdade. Há lugares onde as temporadas de cheia e seca fazem com que as construções precisem ser elevadas ou flutuantes. Há comunidades sem saneamento básico mínimo e outras em que a educação sobre o lixo e as consequências de seu descarte na natureza é estritamente necessária. Apesar de viverem na mesma floresta, a Amazônica, cada comunidade tem uma demanda bastante específica. E é aí que entra a esperteza desse projeto: o de trabalhar com uma equipe local que consegue traduzir essas necessidades e canalizar o investimento da melhor forma.
Indígenas da comunidade Ilha do Jamari Caio Palazzo
A expedição que nos levou, em muitas horas de viagem de barco, partiu de Manaus e passou por cinco cidades e quatro comunidades ribeirinhas. Na Boas Novas, uma das primeiras a entrar no projeto, a escola já está construída e operante, com mais de 90% de seus 70 habitantes participando ativamente dela. Já a segunda, a comunidade indígena Ilha do Jamari, entrou na Escola d’Água ano passado. As diferenças dos anos em que o projeto esteve atuante em cada uma delas é gritante.
Na terceira comunidade, a flutuante Tuiué, a Escola d’Água já está bastante avançada. Uma das primeiras integrantes do programa, ela já conta com água potável e sistema de saneamento. Foram precisos três anos de pesquisa para que a solução para o problema dos banheiros fosse resolvido, já que a pequena cidade não havia nenhum saneamento básico por ficar em uma área de várzea (onde o rio enche e esvazia de acordo com o período do ano). Segundo os moradores, isso mudou completamente a vida de todos que nasceram e vivem por lá. A última comunidade, Santa Luzia do Jari, é praticamente a cidade-modelo do projeto, com escola já construída, saneamento básico instalado há anos e professores qualificados para ensinar às gerações mais jovens sobre a importância da água.
A comunidade de Tuiué Caio Palazzo
A Fundação Swarovski desenvolveu um modelo de filantropia sem acento colonizador e que funciona, apenas entendendo o que cada região precisa ao trabalhar em conjunto com organizações locais.
A jornalista Giuliana Mesquita viajou a Manaus a convite da Swarovski.
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