Giup é a nova marca de sapatos para ficar de olho
Inspirada em sua bisavó, a designer Priscila Casna aposta nos recursos sustentáveis para desenvolver calçados livres de crueldade animal.
Giuseppina Casna, descendente de italianos, perdeu o marido cedo e até seus 98 anos, batalhou para que não faltasse nada para sua família. Encontrou na costura o ofício ideal. Começou confeccionando roupas para a comunidade judaica de Higienópolis, em São Paulo, e aos poucos cresceu. Tanto que acabou fundando sua própria malharia.
Quem nos relata a história acima é a designer Priscila Casna, bisneta de Giuseppina. Em junho de 2022, ela lançou a Giup, marca de sapatos inspirada na matriarca. “Minha ideia inicial era homenagear a mulher que ela foi e tudo que construiu para nós com seus conhecimentos e valores”, diz.
O negócio começou a ser esboçado quando bateu aquela fadiga profissional. “Estava um pouco cansada da moda e comecei a pensar em algo para o futuro. Assim cheguei na ideia de ter minha própria marca de sapatos”, fala a estilista, formada pela FMU e com passagens pela Thadiva 775, Neriage e Paula Raia (onde ainda atua como consultora de comunicação).
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“Desenvolvi seis peças pilotos, produzi duas e postei no Instagram.” A repercussão foi rápida. O sapato Mary Jane Olga e a mule Aurora foram hit de likes, pedidos e vendas. “Foi um sucesso. Então, decidi produzir mais alguns modelos, mas o orçamento estava além do previsto.” Priscila quase desistiu. Eis que chegam as amigas Fernanda e Giuliana Mora dispostas a investir e se tornarem sócias da empresa, que a partir daquele momento ganhou o nome de Giup.
Além da homenagem à bisavó, Priscila quer desenvolver sapatos de qualidade que não agridam animais, tenham durabilidade e sejam o mais sustentável possível. “Sou vegana e senti falta de propostas melhores de design entre as marcas do segmento”, relata. “Ainda há muita gente utilizando couro e outros materiais que já vêm de processos poluentes na produção de calçados, então pensei em ir para outro lado.”
Entre os materiais mais utilizados estão a camurça e o couro sintético de PU reciclado. Para os próximos lançamentos, a etiqueta importou o Pinatex, uma fibra de celulose com aparência de couro feita a partir do abacaxi. “Também estou trabalhando com sobras de tecido e um estoque limitado, de 20 a 50 unidades por mês”, conta.
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Há ainda iniciativas em parceria com organizações de compensação de carbono e restauração florestal, como a Iniciativa Verde, por meio da qual uma árvore será plantada a cada sapato vendido, além da autenticação com selos, como Eu Reciclo e Peta – “esse último vai demorar mais tempo, mas é uma conquista que queremos para 2023”.
Entre as novidades que estão por vir, há uma edição limitada do Olga em três cores diferentes (preto, branco e azul céu), e uma versão repaginada com lacinho, ambas previstas para o fim do mês. “Também desenvolvi modelos novos que entrarão ao longo do ano. Serão no máximo oito”, antecipa.
Com dois filhos pequenos; Conrado, de cinco anos, e Santiago, de dois meses; a ideia é manter o ritmo slow fashion, abrir um showroom no futuro e, mais tarde, uma loja física. “Além de ter uma marca vegana, quero promover esse estilo de vida de uma maneira geral”, diz Priscila. “Como era minha bisavó: uma mulher feminista, dona de si e que se preocupa com o futuro que deixará para quem ama. É o que estou fazendo pelos meus filhos.”
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