Grupo cria fundo de auxílio aos profissionais de moda

Produtores e agentes se unem para garantir práticas mais seguras e melhores condições de trabalho após a quarentena.


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Há cerca de um mês o produtor executivo Rodrigo Crespo criou um grupo no WhatsApp para convidar outros produtores e agentes baseados em São Paulo para uma reunião virtual. O objetivo era criar estratégias e planos de proteção profissional e pessoal durante a quarentena e para um eventual momento de retomada de trabalhos. “Queríamos estar alinhados para quando pudermos voltar às nossas atividades”, disse Rodrigo, em entrevista a ELLE.

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Divulgação

Juntos, os 16 profissionais (Agência-An, As Meninas Produções, Due Produções, Fernanda Sá, Group Art Management, JF Rigo Mgmt, Joana Vieira, Mangaba Produções, MLages, ONE STOP, Per Ardua, RM MGMT, Soraya Chara, The Box.Ag, W/Born, 42.Partners) elaboraram um protocolo de segurança para shootings e filmagens. A ideia é que marcas, imprensa, estúdios e locações também sigam as sugestões dispostas na cartilha divulgada pelo grupo.

“Nossa primeira preocupação foi estabelecer medidas de segurança para todos os envolvidos”, relata Rodrigo. “Liguei para as produtores que conheço em Nova York e Los Angeles, falei com diretores da Globo e com algumas produtoras de cinema locais para entender e conhecer os protocolos com que eles já estão trabalhando.” A partir daí, elaboramos uma série condutas para garantir a proteção e saúde de todos.

A carta, disponibilizada aqui integralmente, estabelece práticas como distanciamento social, higiene e limpeza de equipamentos e roupas, testagem de equipe e restrição no uso de maquiagem e produtos de beleza. Há também um acordo, ainda em desenvolvimento, visando barrar reduções abusivas nos valores pagos aos profissionais envolvidos. “Infelizmente, já vimos alguns clientes se aproveitando da situação de crise para abaixar desproporcionalmente os cachês cobrados pelo mercado”, diz Rodrigo.

Como já reportado por ELLE, pessoas envolvidas na produção e criação de imagens de moda estão entre os mais afetados pela crise causada pelo novo coronavírus. Em sua maioria, são freelancers e autônomos, raramente com contratos duradouros com publicações ou empresas. Muitos estão impossibilitados de trabalhar durante isolamento. A situação é ainda pior para aqueles que não atuam na linha de frente, mas têm papel essencial na boa execução de qualquer trabalho – assistentes, camareiras, manicures e contra-regras, por exemplo.

“Existem vários trabalhadores que foram direta e intensamente impactados pelas interrupções das nossas atividades, fala Rodrigo. Em entrevista a ELLE, o fotógrafo Pedro Pinho já havia mencionado a situação precária de tais profissionais “Lembro sempre das pessoas envolvidas num set: assistentes, camareiras, pequenos empreendedores. Gente que desempenha funções vitais na nossa indústria e que não possuem qualquer direito trabalhista. São muitos os casos esquecidos, é hora de lutar por direitos básicos e condições de trabalho mais justas no nosso mercado”, disse Pedro.

“Inicialmente, nossa intenção era de criar uma ONG”, revela Rodrigo. Porém, como o processo de abertura era muito longo e burocrático, o grupo optou por uma solução mais rápida e eficaz por hora. Fomos simplificando e chegamos no vaquinha.com, uma plataforma de crowdfunding”, explica o produtor. Inicialmente, a meta de arrecadação é de R$ 50 mil. “Junto com nossos colaboradores, criamos uma planilha com todos os assistentes e profissionais com quem todo mundo trabalhou e estão em situação vulnerável. A cada 15 dias vamos fazer repasses para 10 pessoas listadas”, conta o produtor. O nome dos profissionais beneficiados também será atualizados quinzenalmente. Futuramente e dependendo do sucesso da iniciativa, os planos de criação de uma ONG devem seguir em frente.

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“Nós somos uma área muito desunida, nunca tivemos um sindicato nem nada do tipo e acho bem difícil que isso acontece agora”, diz Rodrigo. “Fico feliz que essa união esteja acontecendo e espero que seja algo verdadeiro e duradouro”, finaliza.

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