Heloisa Faria mantém essência lúdica na Casa de Criadores

Estilista quer seguir conectada às características de sua marca e explora em vídeo, protagonizado pela atriz Gilda Nomacce, o que encanta as clientes.


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Enquanto a maioria das marcas parece satisfeita com dois ou três minutos de vídeo nesta Casa de Criadores, a estilista Heloísa Faria, se pudesse, encabeçaria um filme completo. No caso, ela respeitou o evento com um curta de cinco minutos, mas o ambienta com direito a cenário, um roteiro e a atriz Gilda Nomacce, respeitada do circuito independente.

Uma das razões para esse esforço é que, enquanto muito designers veem o vídeo como um problema a ser solucionado até que a passarela volte, essa estilista encara a criação audiovisual como um gostoso frio na barriga. “Eu quero que as pessoas aproveitem o curta, uma vez que já não sigo mais com conceitos nas coleção e as minhas roupas seguem um movimento contínuo”, diz.

Isso não significa que fazer roupa tenha se tornado tarefa enfadonha para ela. Mas a estilista identificou há um tempo o que é fundamental em seu processo de trabalho e desenvolve isso aos poucos, em conjunto com suas clientes. Essa preocupação de atenter aos desejos das mulheres faz parte de sua carreira e é vista neste desfile, cujo vídeo é quase uma celebração do modus operandi colaborativo.


HELOÍSA FARIA CDC JULHO 2021

No guarda-roupas das mulheres que Heloísa Faria veste tem camisa branca e jeans. Mas, claro, com um toque de personalidade, expresso com voluminhos na modelagem. Essa mulher também curte história e cor, o que aparece na coleção por meio de roupas de garimpo, tecidos reutilizados e outros materiais que estavam presos em estoques de fábrica há 20 ou 30 anos. Também são destaques os acessórios, como as luvas bordadas e os brincos de flores presos em caixas de acrílico, uma parceria com Suzana Maria (@soshmaria). “Sigo com a reconstrução do vintage e o toque lúdico”, ela diz.

Mas se podemos contar uma novidade é a de que o perfume retrô da vez é um pouco 1970. Chamada Gildas, a peça filmada mostra essa mulher por volta dos 40 anos, que faz piada com o próprio espelho, brinca que seria bom ter aprendido sobre o amor próprio na escola e que, apesar de levemente melancólica e talvez frustada (afinal, quem não está?), dança sozinha no ambiente que parece uma sala de estar.

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Ela lembra amores antigos, abraça flores e escuta “Soon”, “Cactus” e “My Fair Lady”, enquanto troca de roupa. Essas roupas são feitas de um jeans bruto cortado em A, e outros modelos de um closet completo, do pijama ao vestido que cairia muito bem em uma festa. A paleta de cores que se confunde com os móveis antiguinhos de madeira escura também lembram papéis de parede, tudo o que ajuda a remontar a década. Ou pelo menos alguém que curte muito esse tempo.

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Por fim, o vídeo envereda para a apresentação de um lookbook com a presença de mais outros dois modelos. Aí é possível ver bem todas as roupas que estarão disponíveis na nova temporada, mas a escolha quebra um pouco a conexão com a atriz principal, que imprime belamente o tipo de mulher que Heloísa Faria veste e a quem ela tanto respeita em seu processo criativo.

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