No verão 2022 da Hermès, a liberdade de apenas o essencial

Em colaboração com a artista Flora Moscovici, a diretora de criação Nadège Vanhée-Cybulski aborda o sentimento de ressurgimento após meses de quarentena.


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Fotos: Getty Images e Divulgação



Foi durante as reformas no prédio do Ministério da Cultura da França que a diretora de criação da Hermès, Nadège Vanhée-Cybulski, conheceu o trabalho de Flora Moscovici. A artista havia coberto os andaimes da obra com uma pintura de cores intensas que, “de repente, iluminou toda a rua”, nas palavras da estilista. “A maneira como ela usa cores para transformar o espaço público casa perfeitamente com os processos que meu time e eu estávamos engajados desde o início da pandemia.”

Nadège, assim como muitos nesta temporada, estava pensando em como ressignificar a experiência do desfile e encontrou em Moscovici uma possível solução. As duas se juntaram para criar o pano de fundo da apresentação de verão 2022 da maison francesa. Num hangar no aeroporto de Le Bourget, a artista desenvolveu imensos painéis de tecidos pintados em tonalidades que lembravam um amanhecer ou pôr do sol.

As cores têm relação direta com as roupas, todas numa cartela complementar de beges, marrons, amarelo, preto, cinza e branco. Como de costume, as decorações são pontuais: uma nova interpretação da estampa Cliquetis, pespontos e debruns de couro e alguns detalhes (bolsos e ilhoses) inspirados em elementos da bolsa Mangeoire.

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O destaque fica nas formas – confortáveis e arrumadas ao mesmo tempo – bem como na escolha de tecidos naturais como linho e algodão, além do couro. Pode não parecer, dado o gosto por uma moda limpa e quase minimalista de Nadège. Desta vez, porém, o exercício de redução foi ainda mais intenso, o que resulta numa imagem leve, prática e extremamente sofisticada. É como se, o exercício de desapego que muito se falou no início da pandemia fosse aplicado em termos de design para atingir a máxima e mais essencial funcionalidade de uma roupa.

Ao fim da apresentação, os painéis começam a se movimentar pela passarela circular até revelarem a parte externa do aeroporto, o céu aberto, a liberdade. Depois de um ano e meio confinados, a performance dispensa maiores explicações.

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