Morre Issey Miyake, aos 84 anos de idade

Designer foi um dos responsáveis por levar ideais nipônicos da moda à Paris e, consequentemente, para o mundo na década de 1970.


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Issey Miyake, um dos mais importantes representantes do design japonês, nome famoso pelo jeito inovador de lidar com tecidos, unindo tecnologia e artesanato, faleceu em Tóquio, na última sexta-feira, dia 5.8. De acordo com um comunicado do Grupo Issey Miyake e do Miyake Design Studio, a causa da morte foi um câncer no fígado. Ambas as instituições afirmaram que ele se foi “cercado por amigos”.

Durante os anos 1970, Issey Miyake foi um dos designers japoneses responsáveis por levar ideais da moda nipônica à Paris e, consequentemente, para o resto do mundo. Dentre as suas marcas registradas estão a inspiração na natureza, os plissados em tecidos, bem como a sua queda por cores, apresentações que fugiam do padrão e o sucesso de suas fragrâncias – L’Eau d’Issey, lançado em 1992, foi um hit da perfumaria internacional.

Miyake cursou design gráfico na Tama Art University, em Tóquio, e se mudou para Paris em 1965, onde estudou alfaiataria e costura e trabalhou com Guy Laroche e Hubert de Givenchy. Retornou à Tóquio em 1970, onde estabeleceu seu estúdio, e desfilou em Nova York e, posteriormente, Paris, derrubando clichês europeus em relação à moda japonesa e apresentando um estilo que unia tradições e tecnologia, praticidade e inspiração artística. Várias criações do designer, por sinal, estão em museus, como o Victoria and Albert, em Londres, e MoMa, de Nova York.

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Vestido da coleção Rhythm Pleats, de 1990, exposta no Museu de Arte de Indianápolis.Foto: Indianapolis Museum of Art/Getty Images

Entre as suas contribuições para a moda, a mais notável é, sem dúvida, a criação dos seus plissados. Produzidos por uma técnica revolucionária, que envolvia metros e metros de tecido de poliéster e uma prensa quente, os tecidos plissados não amassam e têm uma leveza e uma maleabilidade únicas. Para além das passarelas, o nome do designer também ficou conhecido pela associação ao indefectível suéter preto de gola alta de Steve Jobs. Segundo a biografia do criador da Apple, escrita por Walter Isaacson, Jobs tinha uma centena de peças iguais, enviadas pelo designer japonês.

Em 1997, Issey Miyake deixou o cargo de diretor criativo da marca, abrindo caminho para estilistas mais jovens que já vinham trabalhando com ele. No ano seguinte, a equipe levou adiante a veia inovadora do fundador com a nova etiqueta A-POC (sigla para “a piece of cloth”, ou um pedaço de pano). Nesse projeto, as roupas eram feitas a partir de uma estrutura tubular de tecido, com muito menos desperdício.

Nascido em Hiroshima, em 1938, Miyake tinha 7 anos e estava na escola quando a bomba atingiu a cidade, na Segunda Guerra Mundial. Sua mãe morreu três anos após a explosão, em decorrência da radiação. O episódio não era algo que o estilista costumava comentar – não queria ser rotulado como “o designer que sobreviveu à bomba atômica”, explicou. Em 2009, no entanto, Miyake trouxe essas memórias à tona em um texto publicado no New York Times. “Tentei, embora sem sucesso, deixá-las para trás, preferindo pensar em coisas que podem ser criadas, não destruídas, e que trazem beleza e alegria. Fui atraído para a área do design de roupas, em parte, porque é um formato criativo, moderno e otimista”, escreveu.

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