Por que somos tão fascinados pelo estilo de Lady Di?
24 anos após sua morte, relembramos a expressão duradoura da Princesa Diana.
Alguns meses antes do casamento que a tornaria a princesa mais popular do planeta, Diana Frances Spencer apareceu, aos 19 anos, em uma partida de pólo de seu noivo Charles, o Príncipe de Gales. Era o verão de 1981 e o mundo já estava encantado por ela. Diana, porém, ao menos naquele momento, não parecia estar disposta a se apresentar para os fotógrafos. São raras as suas imagens do dia. Dentre as existentes, a britânica não aparece posando ou sorrindo em nenhuma. O suéter que usava parecia sutil mas, quando observado de perto, revelava um detalhe interessante: uma ovelha negra isolada em meio ao rebanho branco.
É impossível saber o que Diana quis dizer quando usou aquela peça pela primeira vez. Era uma espécie de mensagem? Ou apenas uma jovem que achou divertida a ideia de um suéter coberto por ovelhas? A segunda hipótese parecia mais provável, até que a história mostrou que talvez a primeira opção fazia mais sentido.
Dois anos depois, a princesa ia a uma outra partida de pólo e com uma peça bem similar àquela de quando ainda era noiva. Dessa vez, o suéter foi usado por cima de uma camisa branca e com um laço preto no pescoço que conduzia os olhos até a ovelha negra. E há um ponto a se destacar aqui: a peça usada em 1983 não é a mesma da de 1985. É o mesmo estilo e conceito, mas algumas pequenas mudanças no padrão podem ser notadas. Seja lá qual for o motivo para que ela tenha precisado de um novo suéter, o esforço para isso faz com que seja difícil não considerar que há alguma mensagem intencional nele.
Getty Images
Nessa segunda vez que apareceu com os motivos de ovelha, Diana já era esposa, mãe e um ícone global. Ela também já havia passado por uma clara mudança de estilo. Quando apareceu pela primeira vez, possuía uma imagem ingênua e usava peças românticas, agora, explorava a moda a partir de uma silhueta forte e amadurecida.
Um dos principais diferenciais da princesa era a sua capacidade de se comunicar a partir do que vestia. É surpreendente perceber como existem poucos registros de Diana falando mas, mesmo assim, todos nós temos uma noção de quem ela era e o que pensava. Muito dessa noção vem a partir de fotos estáticas (daí a dificuldade de validar qualquer teoria sobre seu discurso estético). Enquanto parecia se manter reservada, a britânica falava com o mundo por meio de suas roupas.
Foto: Getty Images
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Para viagens ao exterior, escolhia homenagear a nação anfitriã 一 diplomacia que, aliás, reverbera entre as líderes atuais. Quando se tratava de eventos, preferia quebrar as regras. Diana foi a primeira mulher da realeza britânica a usar calça em um evento noturno, algo que repetiu algumas vezes. A tradição importava para ela, mas, silenciosamente, a princesa promoveu subversões sutis, sinalizando um afastamento da rigidez dos códigos reais.
Quando o seu casamento desmoronou, Lady Di evitou a moda. O seu olhar era mais sério e o estilo centrado na alfaiataria. Após o divórcio, emergiu novamente, agora, com a liberdade para explorar marcas não britânicas, como vestidos Versace para a noite e biker shorts para o dia. Nos últimos anos de sua vida, quando quis que o foco fosse o seu trabalho social, Diana leiloou as suas peças mais luxuosas, arrecadando cerca de 3,5 milhões de libras para instituições de caridade contra o câncer e HIV, e arregaçou as mangas de suas camisas. Nas visitas filantrópicas, não usava luvas. Mas, em uma rara ocasião quando o fez, as tirou de maneira visível para dar as mãos a um paciente com Aids.
Ao longo de cada uma dessas mudanças, o mundo a assistiu. Lady Di aprendeu as regras de se vestir em público e, significativamente, aprendeu a quebrar e desdobrar cada uma delas. Enquanto assumia riscos com a moda, a princesa alcançava a multidão, abraçava estranhos com entusiasmo, era expressiva, emocional e disponível 一 todas as coisas que a família real não havia sido até então. E embora seja um ícone de estilo indiscutível, Diana desenvolveu um senso misterioso de como roupas podem realçar a presença física, chegando em um nível em que tudo que víamos era apenas ela.
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