LFW: Dilara Findikoglu, verão 2026

Em junho deste ano, na festa anual da Serpentine Gallery, em Londres, Cate Blanchett vestiu um espartilho de conchas de Dilara Findikoglu. Alguns dias depois, em um casamento em Veneza, Kim Kardashian foi vista com uma saia transparente e um corpete desconstruído da estilista. Em solo brasileiro, ela também foi a escolha de Bruna Marquezine para seu aniversário, em agosto. Esses são só alguns exemplos recentes da ascensão vivida pela designer turca, baseada em Londres. E a coleção de verão 2026, apresentada na noite do domingo, 21 de setembro, define o momento de crescimento.

Dilara Findikoglu, verão 2026. Foto: Divulgação

Com Naomi Campbell no casting, Dilara apresenta suas primeiras bolsas (com o formato retangular de uma maleta vintage e espelho compacto pendurado na corrente), aumenta o número de peças para pronta-entrega e anuncia uma ampliação nas operações de atacado. “Quero me conectar com mais pessoas e ver todo o mundo usando a marca”, diz ela em entrevista ao WWD, antes do desfile. As vontades, contudo, não significam uma redução nas artesanias – pelo menos, por enquanto. “Um dia, teremos camisetas brancas com o logo da Dilara, mas ainda não é o caso.”

Na passarela, a estilista dá sequência à sua proposta de reinterpretar códigos do guarda-roupa feminino que costumavam aprisionar ou sufocar as mulheres. A estrutura do corset está no centro desse estudo. O item aparece em vestidos aveludados de comprimento míni, em blusas com laços desfiados e ainda ganha versões mais glamourosas com gola alta e canutilhos bordados. O jeito sombrio, outra assinatura de Dilara, é traduzido em calças bem justas com barbatanas, na aplicação generalizada de metais e nas roupas que parecem ter sido rasgadas à mão.

Dilara Findikoglu, verão 2026. Foto: Divulgação

A novidade fica a cargo das cores mais claras, como o branco, rosa e creme. Embora elas cheguem em looks com detalhes de renda, a imagem final passa longe do romantismo, e não é à toa. Era uma vontade de Dilara que esses tons, frequentemente associados à virgindade e à inocência, estivessem nos looks mais sensuais da apresentação. Daí, a preferência por silhuetas ampulheta, tecidos transparentes e elementos fetichistas.

A designer, que teve uma criação bastante religiosa e conservadora, faz questão de reforçar que nenhuma dessas ideias vêm do vácuo. Ela conta que, em 2009, quando deixou a Túrquia para estudar na Central Saint Martins, em Londres, seu irmão passou 10 anos sem falar com ela. “Ele achou que eu me tornaria uma pessoa má porque uma mulher não deveria ter a liberdade de ir para outro país”, lembra. Isso explica o nome da coleção: Cage of Innocence (gaiola da inocência). “Estou curando meus traumas e me libertando das gaiolas que fui colocada”. Ainda bem.