Nos bastidores da moda, trabalhadores relatam como foram impactados pela pandemia

Se uma parte do setor conseguiu navegar com mais tranquilidade por uma das maiores crises do século, os barcos não foram os mesmos para boa parte da classe trabalhadora.


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Ely Viviana faz parte das mais de 68 milhões de pessoas que receberam o auxílio emergencial do governo, em 2020. Segundo a costureira, o valor ajudou a pagar as contas de água e luz de onde mora. Boliviana, ela emigrou para o Brasil há oito anos, na tentativa de se desvencilhar das condições precárias que enfrentava em seus país de origem. Foi morar em São Paulo e, normalmente, costurava para a região do Bom Retiro.

Ano passado, com as lojas temporariamente fechadas, os pedidos de confecção de vestuário pararam, mas as contas não. Ely relata que, por isso, aceitou as encomendas de máscaras por 0,15 a 0,20 centavos. ”Para ter 1 real, precisava fazer de seis a sete máscaras. Imagina conseguir 2.000 mil reais para pagar aluguel e contas?”, diz ela, que ficou cerca de três meses nessa dinâmica. Com a reabertura dos estabelecimentos, os pedidos de vestuário voltaram. Entretanto, os valores pagos pela costura das peças reduziram ou estagnaram. ”O que se paga, baixou, mas os outros preços (de outros itens) subiram. E, para trabalhar, preciso me alimentar.”

Uma pesquisa realizada pela Business and Human Rights Resource Centre (BHRRC) entrevistou 146 trabalhadores migrantes na indústria da moda de São Paulo. Destes, 78% disseram que os preços dos produtos diminuíram. ”A gente está aqui, sentada, de 14h a 13h por dia, mas às vezes de nada adianta pois você tira uma renda minima”, finaliza Ely.

Sua sorte, segundo ela, foi ter encontrado uma empresa de mesa decor que paga um pouco melhor. Orgulhosa do seu trabalho, Ely mostra os jogos de mesa e guardanapos que costura por um preço um pouco acima do mercado, o que lhe permite, hoje em dia, negar pedidos que ofertam muito pouco. Quando questionada se as marcas para quem trabalhava informalmente antes da pandemia prestaram algum auxílio, a resposta foi um direto não. ”Eles dependem igualmente de nós. Se eles só cortam (o tecido), quem vai costurar? Então deveriam rever esse ponto”, questiona.

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Ely Viviane em sua casa, que também é oficina.Foto: Juliana Farinha/ELLE Brasil.

Histórias e rostos como o de Ely raramente são vistos em editoriais e passarelas. Mas são eles que sustentam uma indústria que movimenta quase três trilhões de dólares no mundo. Estamos falando dos milhares de trabalhadores da moda. No Brasil, eles somam oito milhões, sendo a maioria, 80%, informais. Passados 15 meses de pandemia da Covid-19, muitos têm suas vulnerabilidades agravadas e colhem os frutos das constantes flexibilizações trabalhistas. Tudo na corda bamba de um país onde mais de 500 mil pessoas morreram de uma doença que teve a vacina negada sistematicamente, 11 vezes.

Em maio de 2020, reportamos como estavam as condições na cadeia produtiva do vestuário e quais eram os principais desafios. Na época, medidas provisórias (MPs), foram anunciadas pelo governo federal para atenuar a crise e seus impactos sociais e econômicos. Elas perderam a vigência no final de dezembro, mas foram reabilitadas (em partes) em abril deste ano. Dentre todas as MPs, as principais foram as que regulavam a possibilidade de suspensão do contrato e a redução da carga horária para empregados formais (com carteira assinada), e o auxílio emergencial para os informais – aqueles que, normalmente, são microempreendedores individuais ou autônomos.

Na suspensão de contratos, as empresas podem, temporariamente, deixar de pagar o salário ao empregado. Já na redução da carga horária, a jornada pode ser reduzida em até 70%, o que implica numa despesa menor para o empregador. Em ambos os casos, o déficit no salário do trabalhador é subsidiado pelos cofrespúblicos. Acontece que, não raramente, esse profissional recebe menos do que sua renda anterior. Isso porque os valores repostos pelo governo são calculados com base no teto do seguro desemprego, que não passa de aproximadamente 2 mil reais. À reportagem de ELLE, todos os entrevistados relatam que foram contemplados por alguma dessas medidas.

”Cobrava barato pela produção e ficava calada, pois era melhor ter algo do que não ter nada.” Inês Bento da Silva.

A eficácia das MPs para a classe trabalhadora é, ainda, avaliada e debatida. Um dos percalços são empresas que podem usá-las de forma ilegal ou para beneficio próprio. Há ainda a questão de intermediar com o patrão, que nem sempre é tão simples. ”A ampla possibilidade de negociar trás um risco grande para nosso país, pois muitos empregados desconhecem seus direitos. Você pode ficar em uma situação insuficiente e muitas pessoas podem ter sido lesadas”, pontua a advogada trabalhista Janaina Madeira. Com isso, ela projeta um aumento dos processos judiciais por parte de trabalhadores, mas destaca que ”a MP permitiu suportar a pandemia” e diz que é preciso usar a legislação com ”boa fé”.

Atualmente, Cida Trajano visualiza um cenário em que tudo parece ter se normalizado. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário (CNTRV) diz que, no setor de confecção, houve certa estabilidade, sem demissões em massa. Porém, ela ressalta um quadro mais agravado no setor calçadista. Um dos pontos mais prejudiciais para as trabalhadoras formais, de acordo com Cida, foi a perda dos prêmios de produção (bens ou valores pagos às trabalhadoras se houver um desempenho superior ao esperado), já que o trabalho ficou pausado por algumas semanas.

Questões de direito

As medidas federais foram emergenciais, mas a flexibilização das normas de trabalho não é novidade no Brasil. A mudança recente mais significativa foi em 2017, com a reforma trabalhista, aprovada na gestão do presidente Michel Temer. “Quando a reforma trouxe essa possibilidade, houve uma uberização e pejotização dos trabalhos”, afirma Janaina.

Dados do SEBRAE esboçam a realidade: entre janeiro e abril deste ano, mais de um milhão de micro e pequenas empresas, famosas MEI, foram abertas. Destas, a maioria são do comércio varejista de vestuário. ”A renda diminuiu por causa da informalidade, e essa abertura de MEI é indício de precarização”, continua a advogada e também docente.

Na moda, a informalidade não é nenhuma surpresa. Tampouco é exceção. Uma prática convencional do setor é terceirizar a produção, principalmente a confecção. Isso fragmenta o trabalho, dificulta a rastreabilidade e fortalece a opacidade da indústria. Esse é um dos motivos que torna violações trabalhistas e de direitos humanos comuns nas cadeias do vestuário, ao mesmo tempo em que empurra os trabalhadores para a precariedade e os deixa sujeitos aos preços dos empregadores.

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Comércio de rua no Brás, em São Paulo.Juliana Farinha/ELLE Brasil.

É uma realidade bastante diferente dos trabalhadores formais, que são mais amparados pela legislação. ”Com a pandemia, (eles) ainda têm onde recorrer. Se sofrem qualquer dano, existe de alguma forma a proteção previdenciária. Se não receberem as verbas rescisórias, podem entrar com uma ação na Justiça”, explica Cida. ”O informal não. Ele, normalmente, trabalha hoje para comer hoje”, continua. Ela também cita os malefícios da reforma trabalhista e pontua que as ”condições de trabalho foram mais precarizadas” durante a atual crise sanitária.

Em concordância com Janaina, Cida ainda ressalta que para as mulheres, representantes de 75% da cadeia produtiva da moda, esses efeitos podem ser potencializados. Suas jornadas podem ser duplas ou até triplas. Globalmente, elas perderam pelo menos 800 bilhões de dólares, cerca de 4,3 trilhões de reais, em renda no ano passado. O dado é da Oxfam. Somamos a isso o marcador racial e vemos que pessoas negras são a maioria na informalidade e também no desemprego.

Três mil máscaras por trezentos reais

Histórias similares a de Ely, de máscaras e outras peças produzidas a preços absurdamente baixos, percorrem toda a indústria da moda. ”Fiz três mil máscaras e ganhei 300 reais”, diz Inês Bento da Silva, costureira há 14 anos em Santa Cruz, cidade que engloba o polo têxtil do agreste pernambucano junto a Toritama, Caruaru e outras. Na região, predomina a informalidade. Lá, entre 2010 e 2017, houve um aumento de 989,75% nos registros de novos MEI, conforme relatório da organização Aliança Empreendedora. A maioria dos negócios emprega só até quatro pessoas.

”Cobrava barato pela produção e ficava calada, pois era melhor ter algo do que não ter nada”, continua Inês. Segundo ela, as máscaras que produziu a esse preço foram destinadas à prefeitura da cidade. A costureira conseguiu receber o auxílio emergencial em 2020, mas não mais neste ano. O valor foi reduzido drasticamente. Antes, ia de 600 a 1200 reais, mas em abril foi reajustado para no máximo 375 reais.

Atualmente, Inês diz que as coisas estão piores. Isso porque em alguns meses do ano anterior, houve aumento das compras e vendas na região, principalmente no maior centro comercial local, o Moda Center. Com o segundo fechamento dos estabelecimentos, em maio e junho, permaneceu a incerteza e os preços dos itens básicos só cresceram. ”Já é pouco o dinheiro que recebemos e tudo aumentou”, diz ela. De acordo com dados divulgados pelo IBGE há dois meses, o preço dos alimentos subiu 15% no Brasil.

Aluga-se

O bairro do Bom Retiro, para onde Ely costurava a maioria de suas produções, é um dos maiores centros de comércio da América Latina, ao lado do Brás, território vizinho. Quem entende da dinâmica é Fauze Yunes, proprietário da Dinhos, empresa que produz e comercializa jeans há 45 anos na região. Segundo ele, 80% do que é fabricado na marca vai para o atacado e o restante para o varejo. No primeiro, as peças são vendidas para outros comerciantes, que, no geral, revendem a mercadoria com uma margem de lucro

Costureira no setor de acabamento da loja de Fauze Yunes, no Br\u00e1s.

Costureira no setor de acabamento da loja de Fauze Yunes, no Brás.Foto: Juliana Farinha

Fauze relata que, no início da pandemia, foi bastante difícil. Sua empresa, pelo tempo de mercado, conseguiu se adaptar mais rapidamente e manter a clientela fiel. Nas vendas e comunicação, houve uma migração para as mídias sociais e principalmente para Whatsapp – o canal digital preferido pelas empresas atualmente. Porém, com as medidas restritivas mais intensas, retomadas a partir de março, o faturamento caiu consideravelmente. Seu negócio concentra por volta de 20 funcionários diretos, e nenhum foi demitido, segundo o empresário. Ele recorreu aos auxílios do governo, que ajudaram a subsidiar os salários. A quantia, contudo, foi insuficiente para pagar todas as contas. ”Por exemplo: o IPTU do Brás é um dos mais caros do Brasil, mas não houve redução. Pelo contrário, aumentou”, relata.

Se a loja de Fauze conseguiu se manter, basta uma volta pelo bairro central para constatar que isso não foi a regra. São dezenas de placas de ”aluga-se”. Muitas marcas não conseguiram sobreviver. E a realidade não se restringe a São Paulo, contempla todo o país. É o caso de Marli Zimmermann, que era proprietária de uma loja de roupas em Chapecó, Santa Catarina, mas teve de fechá-la em maio de 2021.

”Muitas vezes, nós, que trabalhamos com moda, ficamos presos em atividades que cortam a liberdade, então acho que a pandemia agravou isso”. Ana, modelista.

Marli comprava a maioria das peças em São Paulo ou no próprio estado, no mesmo esquema em que Fauze vende, no atacado. Sua loja contava com uma funcionária, mas era a comerciante quem fazia tudo e transitava de vendedora a gestora. Com a pandemia, ela viajou poucas vezes para a capital paulista e fazia as encomendas via Whatsapp. Até o início do ano, foi possível se manter. Em abril, com um novo fechamento das lojas e o pior período na cidade do oeste catarinense, com hospitais colapsados, houve uma queda brusca nas vendas.

Sua loja era sua única fonte de renda. Marli até conseguiu um empréstimo na Caixa Econômica Federal, mas os custos para manter o estabelecimento eram altos demais. As vendas no âmbito digital também exigiam investimento e uma plataforma adequada, que ela não tinha, já que sempre focou no ponto físico. ”Amava ter a loja, era muito gratificante”, compartilha ela, que está trabalhando em outro segmento e pretende reabrir o comércio assim que possível.

Um pouco longe das máquinas de costura

Normalmente, antes de chegar às confecções e lojas, as roupas tem uma etapa anterior: a criação. É um outro formato de trabalho, quase sempre longe das máquinas de costura e mais perto de computadores e manequins. No início da pandemia, em março de 2020, muitos estilistas, designers e modelistas passaram a realizar suas atividades nas próprias casas, pois grande parte das marcas aderiram ao isolamento social.

Trabalhar nessa modalidade, às vezes, não é fácil. E também não é para todo mundo: em cada quatro postos de trabalho no Brasil, apenas um pode ser realizado em casa. Ana (pseudônimo, para garantir a privacidade da fonte) se enquadra nessa minoria. Modelista em uma grande e capilarizada varejista de vestuário, ela diz que passou a maior parte de 2020 em home office, e sente que, hoje, o trabalho aumentou. ”A gente acaba fazendo as duas coisas, a versão adaptada e a online”, explica.

Seu relato é de que não houve grandes demissões na empresa, mas sim suspensões de contrato e redução de carga horária. Atualmente, a maior parte do trabalho voltou a ser presencial no escritório da varejista, em São Paulo. No seu caso, a principal adaptação foi ter que aprovar as modelagens das peças de forma totalmente digital. Em sua visão e experiência, isso dificulta o processo, já que questões ergonômicas de modelagem são mais visíveis presencialmente. Segundo Ana, sua empregadora pretende manter essa dinâmica mesmo após a pandemia.

Estoque da loja de Fauze Yunes, no Br\u00e1s.

Estoque da loja de Fauze Yunes, no Brás.Foto: Juliana Farinha

Para Douglas de Souza, designer em uma marca consolidada de alto padrão, também em São Paulo, houve um clima de insegurança com o choque do fechamento das lojas e pausa nas atividades, no início da pandemia. Ele teve uma redução de carga horária e, consequentemente, de salário. Hoje, seu trabalho acontece de forma híbrida, tanto presencial como remoto. Um ano depois, a sensação é ”de que naturalizamos esse número de mortes”, relata. ”Tudo foi absorvido pela rotina dos protocolos.”

Além do clima de insegurança e medo que uma pandemia pode causar, surge outra questão crucial: como ser criativo enquanto três mil pessoas morrem por dia, só no Brasil? Como seguir com um trabalho como o da moda, que fala sobre consumo e comportamento, numa das maiores crises da história da humanidade?

”É difícil ser produtivo e entregar o que estão esperando no contexto atual”, diz Ana. ”Não é 100% da sua sanidade mental trabalhando.” E isso não é exceção: uma pesquisa do Instituto Ipsos mostra que 53% dos brasileiros relatam que seu bem-estar mental piorou no último ano. ”Muitas vezes, nós, que trabalhamos com moda, ficamos presos em atividades que cortam a liberdade, então acho que a pandemia agravou isso”, continua a modelista, que também afirma ter ficado aliviada por não ter sido demitida e diz entender o lado das empresas.

Douglas compartilha dos sentimentos. Sua experiência foi ”criativamente estressante”. Para quem trabalha com prospecção de tendências é ainda mais complicado. ”Como prever, nesse tempo incerto, o que vamos precisar? Como falar em um futuro breve com tanta incerteza?”, questiona o designer.

A realidade nos campos

Ainda mais longe das máquinas de costura e muito antes da roupa se quer ser pensada, o ciclo da moda se inicia na terra. No mundo, segunda matéria-prima mais utilizada na indústria do vestuário é o algodão – produto do qual o Brasil é um dos cinco maiores produtores globais. Ainda assim, muito se falou sobre a escassez da fibra natural na segunda metade de 2020 e do seu atual aumento de preço.

Júlio César Busato, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), diz que a crescente se deve à lei da oferta e demanda: ”Diminuímos a produção, mas o consumo acelerou, então existe uma procura maior do que a oferta, e isso aumenta os preços”. Na safra anterior, de 2019/2020, os números foram recordes com a colheita de três milhões de toneladas da pluma.

O projetado para 2020/2021, contudo, é um tanto diferente. Segundo o Busato, a área de plantio foi reduzida em 17% no ano passado, pois não se esperava uma demanda tão acentuada com a pandemia. Ele diz, contudo, que a decisão teria sido outra se fosse possível prever a rápida guinada da cotonicultura. Outro ponto a ser levado em conta é de que a fibra, por ser uma commodity agrícola, é negociada em bolsa de valores. A alta do dólar também interfere.

”A ampla possibilidade de negociar trás um risco grande para nosso país, pois muitos empregados desconhecem seus direitos. Você pode ficar em uma situação insuficiente e muitas pessoas podem ter sido lesadas.” Janaina Madeira.

A produção de algodão convencional é, em maioria, realizada por maquinários específicos, mas ainda concentra 7% dos trabalhadores da produção agrícola no mundo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Brasil, seu manejo ocorre em sistema de rotatividade com a soja e milho. Quanto aos cotonicultores, Júlio diz que ”a pandemia afetou a todos, mas houve uma vantagem, pois os processos são a céu aberto, então conseguimos fazer um isolamento na parte de plantio, condução e produção da lavoura. Porém, já no setor de beneficiamento, torna-se complicado pelo seu caráter mais industrial”.

Já na produção de algodão orgânico, que não utiliza os agrotóxicos do algodão convencional, o cenário varia de região para região. Infelizmente, na comunidade da Cachoeira do Peixe, no Ceará, houve um momento bastante complicado. Rita Ambrosio, uma das agricultoras locais, relata que o coronavírus chegou por lá em março deste ano e adoeceu praticamente todos os moradores – inclusive ela. ”Ficamos sem produção alguma. Não plantamos algodão, feijão nem milho”, relata. ”Neste ano, estamos tentando manter o que plantamos no ano passado, já que o algodão não morre no primeiro ano”, continua.

Os produtos cultivados por ela são agroecológicos. Isso significa que seu manejo garante a conservação da água e do solo, não utiliza agroquímicos e é realizado em consórcios e comunidades locais – como a citada acima. Essa dinâmica tem o apoio da Esplar, organização que realiza um trabalho de base no sertão cearense, desenvolvendo atividades para a agroecologia e agricultura familiar, e da Associação de Certificação Participativa Agroecológica (ACEPA), na qual Rita compõe o quadro de coordenadoras.

Por meio dessas intermediações, esse algodão é destinado para algumas marcas de moda, como, por exemplo, a calçadista Vert. No contexto pandêmico, a agricultora conta que foi amparada com orientações por ambas instituições e marcas. Assim como as costureiras Inês e Ely, ela também recebeu o auxílio emergencial. Mas, quando o valor foi drasticamente reduzido, ”voltou ao que era antes, recebendo o Bolsa Família”, explica. ”Ano passado, havíamos trabalhado e não ficamos só dentro de casa, mas neste ano estamos acuados e amedrontados”, desabafa. Porém, ela se diz otimista. ”Tenho certeza que no próximo ano, se Deus quiser, será melhor. Estamos aguardando a vacina.”

Leia a próxima matéria da série abaixo:

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