O que esperar do desfile da Maria Filó sob nova direção criativa

Maria Rita Magalhães Pinto, atual diretora de criação, fala, em primeira mão, sobre suas propostas para a marca carioca e antecipa detalhes da apresentação de sexta-feira (31.03), em evento do grupo Soma.


Look da nova coleção da Maria Filó.
Foto: Luciana Oliveira



Maria Filó está de cara nova. Na próxima sexta-feira (31.03) a marca carioca desfila a primeira coleção assinada pela nova diretora de criação da marca carioca, Maria Rita Magalhães Pinto. Mas vamos com calma. Ou melhor, do começo.

Durante muito tempo, a Maria Filó foi o destino certeiro de quem buscava qualquer peça de tricô, principalmente as coloridas e ricas em detalhes. Ao longo de seus 26 anos de história, mesmo com a oferta de produtos ampliada e lojas espalhadas por quase todo o Brasil, a essência se manteve intocada. O que não quer dizer parada no tempo. 

Não foram poucas as atualizações e adaptações durante essas mais de duas décadas. Uma delas, aconteceu em 2009, quando Roberta Ribeiro, filha da fundadora Célia Osório, assumiu a direção criativa, e intensificou a expansão da etiqueta. Deu tão certo, que chamou a atenção de executivos do Grupo Soma, responsável pela Animale, Farm, Hering, Cris Barros, entre outras. No início de 2020, o acordo estava fechado.

Maria Rita Magalhães Pinto com look da nova coleção da Maria Filó.

Maria Rita Magalhães Pinto. Foto: Luciana Oliveira

Entre meados e o fim de 2022, aconteceram algumas mudanças estruturais e Roberta deixou o cargo. No seu lugar, entra Maria Rita Magalhães Pinto, cuja coleção de estreia será apresentada no dia 31 de março, durante o evento Soma Experience (com desfiles de outras marcas do grupo e alguns shows).

Maria Rita começou cedo na moda, aos 18 anos. Sua mãe a achava muito rebelde e pensou que um emprego poderia ajudar a colocar a filha nos prumos. Conversou com a amiga Alice Tapajós, estilista conhecida de longa data da elite carioca, e conseguiu uma vaga de vendedora. “Eu era supernova, não sabia de nada e nunca imaginei que poderia trabalhar com isso”, diz Maria Rita.

“A Alice foi muito especial. Foi minha guru, quem me ensinou tudo, e com muita paciência. Mais do que tudo, ela me passou confiança e segurança, me ajudou a acreditar em mim, nas minhas ideias, no meu potencial”, continua a diretora criativa. 

“Não cheguei para fazer nenhuma revolução. Minha ideia é preservar e respeitar a essência da Maria Filó, porém com postura e atitude novas” – Maria Rita Magalhães Pinto

Maria Rita pegou gosto pela relação entre imagem, apresentação e vendas. “Adorava montar vitrines e fazer produções para campanhas e catálogos”, relembra. Foi graças a uma dessas campanhas que Alice a convidou para ser sócia de sua nova empreitada, a Ateen, etiqueta mais jovem, voltada para a geração seguinte a de suas clientes. E o sim veio logo de cara. Tapajós deixou o negócio depois de pouco tempo, já Maria Rita continuou lá por 28 anos.

“Até que comecei a sentir que meu ciclo na Ateen tinha se encerrado. Estava querendo novos desafios, dar uma chacoalhada na minha vida”, fala ela. Foi quando recebeu a proposta do grupo Soma. “Tem sido uma experiência muito interessante, porque estava acostumada com uma empresa familiar, bem menor, sem toda essa estrutura”, revela.

Por outro lado, ela vê alguma similaridade entre os estilos da marca que fundou e construiu e da que assume agora. “Ambas têm a feminilidade como elemento-chave. E eu não cheguei para fazer nenhuma revolução. Minha ideia é preservar e respeitar a essência da Maria Filó, porém com postura e atitude novas.”

Look da nova coleção da Maria Filó.

Foto: Luciana Oliveira

Na prática, trata-se de uma oferta de produtos ampliada e focada em elementos feitos para durar, menos sujeitos às efemeridades das tendências. “Acho isso chique, não precisar de mil peças no guarda-roupa, mas algumas poucas que você pode usar de várias maneiras, em diferentes ocasiões, sem se cansar delas.”

Tem a ver com o mood atual do mercado de moda, o fundamento do tal quiet luxury é exatamente esse. As ofertas de básicos não tão básicos vistas nos desfiles internacionais de inverno 2023 e na edição 54 da SPFW, idem. 

Por isso, a alfaiataria é uma das principais apostas de Maria Rita. “É algo que já apareceu em alguns momentos na Maria Filó e se perdeu de um tempo para cá.” E tem também os acessórios. “Prefiro fazer uma roupa mais limpa, para você poder ousar nos acessórios, que dão o diferencial e o tom do look. Isso vai ter muito no desfile, principalmente com os lenços, amarrados de várias maneiras e transformados em diferentes peças.”

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