O second-hand é investimento certo

Brechós existem há muito tempo, mas nunca ganharam tanta relevância no mercado de moda. No lugar das lojas de rua com itens vintage sem etiqueta, surgem marketplaces online de luxo e revenda estruturada de peças atuais. Vai apostar na tendência?


origin 7



CONTEÚDO APRESENTADO POR SANTANDER

Gucci. Jean Paul Gaultier. Mulberry. Essas são algumas das grifes que viram algo diferente no mercado de peças usadas. Em vez de apenas assistir às peças antigas da marca serem revendidas em sites – que se tornaram famosos pela boa curadoria de vintages –, eles mesmos decidiram comercializar suas relíquias. Não sem um verniz de luxo: as bolsas e sapatos são restaurados, as roupas podem ser customizadas, tudo tem certificação de origem. E foi assim que, de repente, o second-hand, uma atividade que poderia ser considerada o avesso da produção de luxo, tornou-se uma ótima oportunidade de negócio.

Grifes desse quilate não dão um passo sequer sem avaliar o terreno antes. “O que fez o jogo virar?” é uma pergunta mais do que natural neste caso. Se você está acompanhando o conteúdo do projeto Santander + ELLE Consulting – nossa plataforma de capacitação em empreendedorismo de moda –, já sabe que as práticas sustentáveis (alô, ESG) estão orientando, atualmente, o mundo dos negócios. A pandemia, as notícias correntes sobre o aquecimento global, a preocupação com os índices de poluição via indústria da moda e a possibilidade de economizar dinheiro são fatores que influenciaram, nos últimos anos, a motivação do consumo de itens de segunda mão.

A empresa de consultoria norte-americana Boston Consulting Group fez uma pesquisa com consumidores de joias e relógios de luxo usados e descobriu que promover a venda itens seminovos, ou mesmo antigos, não afeta a venda de coleções novas. Pelo contrário: reforça a marca e pode servir como incentivo para a compra de itens atuais. Nos Estados Unidos, a previsão é que esse mercado cresça até 20% ao ano nos próximos cinco anos.

A geração Z (nascidos entre 1995 e 2015), mais atenta às questões do meio ambiente, é a responsável por arrancar qualquer resquício de preconceito que ainda pudesse existir em relação ao hábito de comprar em brechó. O fato de serem jovens nativos digitais também ajudou. Segundo a mesma consultoria, os canais digitais foram essenciais nessa mudança de paradigma. Fica a dica: ter o apoio de redes sociais, de site e/ou de venda e atendimento via chat online podem ser decisivos para o sucesso do negócio, caso você esteja pensando em empreender por este caminho. Vale saber que, no Brasil, a abertura de estabelecimentos que vendem usados aumentou 48,58% nos seis primeiros meses dos anos de 2020 e de 2021 – o maior número em seis anos, segundo o Sebrae.

A experiência de Natalia Hohagen é um bom exemplo do alcance digital. Em 2020, no início da pandemia, ela voluntariamente juntou amigas em um grupo de WhatsApp, pediu doações de roupas e acessórios e, por meio de um leilão online, vendeu tudo. Os 30 mil reais arrecadados foram doados a uma instituição. Teve repeteco da ação e, diante do sucesso das vendas de bolsas, sapatos e roupas de grife, ela decidiu apostar todas as fichas na criação do Roupartilhar, uma plataforma que funciona como marketplace de peças usadas – o valor costuma ser 30% do preço cheio – e também um marketplace de marcas novas, com curadoria afiada da própria Natalia, que já havia trabalhado como compradora de uma multimarcas de luxo de São Paulo.

Com um projeto de site em mãos, a empreendedora recebeu aporte de um investidor conhecido da família e colocou a ideia em prática, não sem antes criar um plano de negócios com a ajuda de uma assessoria financeira. “Ser referência em curadoria, em novas marcas e em consumo consciente, sem deixar o propósito social de lado, são nossos principais objetivos”, conta ela. Seja de marcas novatas, seja de roupas usadas colocadas à venda por lá, toda transação rende uma porcentagem variável de doação a institutos como Mulheres de Paraisópolis e Hospital São Paulo – ajudar o próximo agrega mais um valor ao serviço.

Mas não precisa ser só de luxo

Um dos brechós ícones no circuito paulistano, o Capricho à Toa comemora 30 anos em 2022. Denise Pini, fundadora, é categórica ao afirmar que a clientela dos brechós é outra desde 2019 – e que o apoio do site, que ela correu para criar durante a pandemia, foi essencial para manter o negócio de pé mesmo com as portas da loja fechadas durante os períodos de confinamento.

Segundo a proprietária, o canal digital funciona melhor para quem tem de 20 a 30 anos. Mesmo assim, há mais jovens frequentando a loja física, mais volume de gente procurando o brechó, e o impensável aconteceu em 2021: dezembro, um mês tradicionalmente fraco para este mercado, foi tão agitado que ela precisou contratar mais vendedores, e viu até presente de Natal ser comprado por lá. “As pessoas entram procurando uma bolsa de marca e acabam levando outras peças. Quando voltam, trazem mais gente consigo. Tem quem dê uma passadinha diariamente”, conta. Vai que chega uma bolsa Louis Vuitton ou Gucci; algo da Cris Barros, da PatBo ou da Carol Bassi, não é mesmo? Essas são algumas das marcas mais procuradas no brechó, que costuma vender a 25% do preço original.

Os números mostram que o negócio de Denise é mais do que próspero. No verão, um só comprador leva uma média de dez peças a cada compra; no inverno, 5. Atualmente, em um sábado, dia de maior movimento, o Capricho à Toa chega a vender 2.300 peças. Em dias úteis, a média é de 1.200 itens vendidos. Para conseguir manter as araras sempre cheias, uma equipe recebe com hora marcada pessoas interessadas em vender lotes de, no mínimo, 50 peças, que passam por uma rigorosa seleção. Cerca de 1.500 peças novas são adquiridas pelo brechó diariamente. E então, vai embarcar nessa empreitada?

A pedido da reportagem, Denise lista pontos cruciais para quem pretende entrar no mercado do second-hand:

– Criar boa relação com os fornecedores

– Comprar peças da estação vigente

– Se possível, ofertar peças inéditas diariamente

– Curadoria: tanto de etiquetas, quanto do bom estado das peças

– Manter redes sociais atualizadas

– Manter a loja organizada bem cuidada

– Ter paciência, pois é preciso negociar com pessoas todos os dias

Santander + ELLE Consulting

Um dos propósitos da plataforma Santander + ELLE Consulting é jogar luz sobre o empreendedorismo de moda, inspirando e orientando quem sonha em começar um novo negócio, ou já tem um plano em andamento e precisa de suporte para prosperar.

O Santander Brasil é o Banco da Moda porque investe no desenvolvimento e na democratização de soluções financeiras para apoiar o segmento, um dos maiores empregadores do país. O Banco atua na realização dos negócios em toda a cadeia produtiva, desde costureiras, designers e estilistas, até as grandes marcas da indústria e comércios de vendas de roupas, calçados e acessórios como mostramos no #Movimento. As ações em relação à Moda e os patrocínios evidenciam, ainda, valores fundamentais para a instituição, como inclusão, diversidade, sustentabilidade e também empreendedorismo como nos cursos do Santander + ELLE Consulting.

A segunda edição do projeto traz uma série de três masterclasses exclusivas, com nomes fortes do mercado. Dominique Oliver (CEO da Amaro) vai falar de estratégias centradas no consumidor e expansão de negócios. A estilista Flavia Aranha retoma sua trajetória para ensinar como criar um ecossistema de impacto positivo na moda. O consultor de negócios Felipe Albuquerque (Santander) mostra as oportunidades do universo digital ao empreendedorismo. Além dos cursos completos, há três palestras gratuitas programadas e reportagens sobre o tema aqui no site da ELLE.

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes