Paris Fashion Week: Mugler, verão 2025

Na primavera do ano passado, Casey Cadwallader, atual diretor criativo da Mugler, pegou gosto pela jardinagem na sua casa de campo em Fontainebleau, pequena cidade no interior da França. O passatempo foi longe: o estilista descobriu um aplicativo que identifica espécies de plantas, ficou aficcionado por ele e passou a estudar cada minúcia do que cultivava. O hobbie acabou virando trabalho. Inspirado pela complexidade interna das flores, ele apresentou sua coleção de verão 2025 na tarde desta quinta-feira (26.09), durante a semana de moda de Paris.

A flora já é uma velha fonte de inspiração para a moda, inclusive para o próprio Thierry Mugler. Falecido em 2022, o fundador da etiqueta acaba de ganhar um documentário. Inside the Dream, exibido após o desfile para convidados e em breve disponível no Prime Video, relembra a história dele e a conecta com o momento atual da Mugler.

Mugler, verão 2025. Foto: Getty Images

Voltando às flores, é importante notar que, na marca, o tema nunca foi explorado através de uma imagem bucólica ou romântica. Fundindo os elementos naturais aos símbolos da ficção científica e tecnologia, Thierry passava longe da máxima “florals for spring”. Com a casa prestes a completar 50 anos, as referências de arquivo foram a desculpa perfeita para que Casey levasse seu hiperfoco à passarela.

Ao olhar para a geometria das flores, o designer constrói decotes sinuosos nos ternos. Eles vêm com ombreiras, são acompanhados por pérolas e combinados à minissaias. As pétalas são traduzidas em blusas esculturais com múltiplas camadas, enquanto os caules são referenciados nas barbatanas curvilíneas dos espartilhos que acentuam os quadris. Toda a coleção, aliás, é formada por uma silhueta bem tradicional, de cintura marcada. Ela reforça a feminilidade e, ao mesmo tempo, colabora para a dureza da imagem final.

Mugler, verão 2025. Foto: Getty Images

Diferentemente das temporadas anteriores, em que a marca incluiu celebridades ao casting de modelos e criou momentos virais online, o diretor criativo optou por um desfile mais discreto desta vez. Não houve ventiladores potentes para criar efeitos esvoaçantes, nem acrobacias feitas por personalidades da cultura pop. A atenção, assim, fica apenas na roupa. Embora o movimento seja válido, é uma pena que a diversidade, que vinha sendo impulsionada por Casey, também tenha ficado de fora.

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