Conheça Gabriela Rocin, nome promissor da moda brasileira

Com seu projeto de moda e arte Samuel Studio, a jovem designer foge das fórmulas prontas e quer fazer roupas que proponham pensamentos e identificaçao.


Campanha da Samuel Studio, da estilista Gabriela Rocin, novo talento da moda brasileira



Mais pensamentos em construção, menos imagens pasteurizadas. Esse é o legado que a jovem designer Gabriela Rocin quer deixar na moda brasileira por meio de seu projeto Samuel Studio. Trata-se de um mix entre criação de roupas e acessórios com trabalhos artísticos, como desenhos e ilustrações. “Sempre gostei muito de me expressar desenhando roupas”, conta a paulista de 22 anos. “Quando tinha uns cinco anos já desenvolvia lookinhos para meus parentes, geralmente montados em bonecos de palito”, lembra.

Conforme o tempo foi passando, seu interesse por moda e arte se aprimorou. Logo que ingressou no colegial, Gabriela começou a pesquisar faculdades na área. “Tinha 15 anos e, na época, não entendia direito as possibilidades de cursos e carreira.” Nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, ela encontrou na Santa Marcelina a grade curricular que melhor combinava com seus interesses. “Estudei até o terceiro ano do colégio para conquistar uma bolsa, que felizmente consegui via Prouni e comecei o curso de moda”, conta.

Assim que iniciou as aulas, teve a certeza de que estava no caminho certo. “Muito além da profissão, a faculdade me transformou como pessoa”, diz. “Comecei um processo de aceitação pessoal em que pude explorar com mais profundidade tanto a estética que queria construir com as roupas, quanto meus gostos pessoais. No final, a Gabriela que começou o curso já não era mais a mesma que estava se formando.”

Criação de Gabriela Rocin, nome emergente da moda brasileira

Samuel Studio.Foto: Rafael Arantes | Beleza: Alma Negrot | Modelo: Yngrid Ferreira

Durante o período de graduação, terminado no fim de 2019, Gabriela teve suas primeiras experiências no mercado de moda. “Fui estagiária de estilo em uma marca de beachwear e depois entrei para a equipe da NK Store, onde trabalho atualmente como assistente de malharia, tricô e jeans”. O contato com diferentes universos serviu como ponto de partida para a criação do seu próprio projeto. “Vou entendendo os processos de outras grifes para poder criar a minha”, explica. O ano 2020, aliás, está sendo dedicado ao estudo do tipo de roupa que Gabriela quer colocar no mercado da moda brasileira. “Gosto muito de misturar texturas e cores, sempre trabalhando com elementos de uma cultura afro centrada”, diz. “Quero que isso seja cada vez mais forte e potente, pois é o que acredito e defendo.”

Observar pessoas e a maneira como elas se expressam é parte importante do processo criativo de Gabriela. “Como moro em Jundiaí, pego o trem diariamente, então uso esse momento para me inspirar. Curto ver o que pessoas que não têm ligação direta com a moda estão usando e como elas misturam suas peças. Isso me ajuda a sair de uma imagem pronta e olhar viciado para algo mais real.”

O próprio nome da marca vem de um desses momentos. “Samuel é uma criança que vi no trem em 2018”, diz. “Ele estava com a mãe e dois irmãos e fiquei muito impressionada com a sua beleza”. Quando o trem partiu, Samuel começou a percorrer os vagões. “Conforme ele andava, algumas pessoas o olhavam com uma expressão que me incomodou”, lembra. “Na hora comecei a escrever um poema direcionado a ele, sobre uma beleza que muitos não conseguem ver e o quão forte era essa criança por estar andando em um lugar onde não querem que ela esteja.” A partir daí ela foi desdobrando essas ideias que resultaram em seu projeto pessoal. “É sobre não pertencer a esse mundo e tudo bem, porque você pode criar o seu próprio.”

Em seu universo particular a jovem estilista gosta de misturar elementos distantes da moda. “Lojas de material de construção são um paraíso”, revela. “Gosto de qualquer estabelecimento que não venda tecidos para moda, como aqueles dedicados a estofados, carpetes, etc.” As peças favoritas de seu TCC, por exemplo, foram produzidas dessa forma. “Tenho itens construídos com acetato de vinila (EVA) e outros feitos com espuma expansiva. “É o tipo de material que você controla da mesma forma que controla uma criança, ou seja, não controla”, brinca. “Gosto desse lado meio lúdico também.”

O mesmo processo se aplica aos acessórios, produzidos a partir de tudo que existe na casa de Gabriela. “Invisto em pequenos detalhes, como fechos de brincos, com o objetivo de entender melhor o funcionamento desses materiais.” Não ter uma receita pronta e trabalhar com os recursos disponíveis fazem parte de sua essência criativa. “Por conta dos anos de faculdade, tenho acervo para produzir opções similares de um mesmo modelo, porém nenhuma peça ficará igual a outra”.

Apesar de ainda estar em processo de desenvolvimento para um lançamento oficial em 2021, a Samuel Studio já funciona através de encomendas. “Para os acessórios as clientes podem me dar um direcionamento de uma pedra que gostem e, a partir daí, crio amostras e desenvolvemos juntas o produto final.” Já para as roupas, o processo é um pouco mais pessoal e parte da própria estilista. Os desenhos e ilustrações também podem ser adquiridos tanto pelo seu perfil pessoal (@gabrielarocin), quanto da Samuel Studio (@samuelstudio.br), no Instagram. Vale a pena conferir.

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