Prabal Gurung repensa o terno em formas femininas e com otimismo pós-pandemia

Vichy, estampas digitais e tons vibrantes decoram vestidos fluídos, comprimentos mini e conjuntos de blazer e calça usados apenas com um top por baixo.


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Fotos: Divulgação



Na última semana, a lei de aborto mais dura dos Estados Unidos foi aprovada no Texas. De acordo com a nova legislação, cidadãos poderão ser ‘fiscais’ e ganhar até 10 mil dólares na justiça ao denunciarem médicos, enfermeiros e até taxistas que ajudarem mulheres com mais de seis semanas de gestação que desejam interromper a gravidez. A lei não abre exceções para vítimas de estupro ou incesto. Esse é o tipo de notícia que, mesmo após a saída de Donald Trump da presidência, continua assombrando mulheres e as levando para as ruas – mesmo no meio de uma pandemia.

Essa força feminina é a grande fonte de inspiração do estilista Prabal Gurung nesta temporada de verão 2022. Com um otimismo até meio ingênuo de quem mora em uma cidade progressista, o estilista nepalês apresenta uma coleção em tons ora açucarados, ora super vibrantes, com estampas florais e formas que delineiam o corpo feminino.

Em um texto publicado em seu Instagram, horas antes do desfile, Gurung fala sobre como ser mulher sempre foi visto como fraqueza. “Uma mulher, quem quer que escolha se identificar como uma, em sua individualidade feminina é o mais enervante para o patriarcado. Isso os assusta. Os ameaça. E, mais do que tudo, eles sabem que isso pode superá-los”, escreveu o estilista.

Para além das palavras bonitas, a mensagem é direta: para ser vista como uma fortaleza, não é mais necessário usar ternos e shapes masculinos. A força da mulher está na sua feminilidade e no controle da sua vulnerabilidade. É isso o que dizem os paletós transformados em vestidos curtos com volumes e babados na cintura e quadril. É também o que se pode ler nos conjuntos de calça e blazer, usado com barriga de fora, ou nas camisas e jaquetas com aberturas com botões, já um clássico do designer.

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E isso é um ponto importante de se considerar. A coleção cresce mais pelo discurso do que pela inovação. Boa parte do que se viu na passarela a céu aberto, na noite desta quarta-feira, foi interpretações de best-sellers do estilista: os vestidos sinuosos e recortados, a alfaiataria fluida, as texturas e uso de cores. Entre elas, aliás, destaque-se o rosa, tanto em looks mais elaborados, com cara de festa, como nos mais esportivos, de tricô e com efeito tingido.

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Seu amor por roupas femininas não é novidade, assim como sua adoração por mulheres poderosas. E, pelo menos em seus desfiles, elas não têm medo de seus atributos mais obviamente femininos – pelo contrário, ele os celebra. “O último ano me mostrou que aquelas que são tradicionalmente rotuladas erroneamente como fracas são nossa maior arma”, continua, no texto sobre a coleção. E nenhuma mulher precisa se vestir com roupas masculinas para mostrar essa força.

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