Silvério faz moda para questionar a própria indústria

Temas da psicologia, literatura, música e tecnologia ganham formas lúdicas e românticas nas mãos de Rafael Silvério, estilista selecionado para a segunda fase do #MovimentoELLE.


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Quando fundou sua marca homônima, em 2017, Rafael Silvério passava por um momento de angústia. Recém-formado e um dos melhores alunos da sua turma de moda na Santa Marcelina, não conseguia ingressar no mercado. “Tive uma crise de ansiedade por não entender o porquê de não encontrar emprego e só fui me dar conta que era uma questão de racismo estrutural mais tarde, após um letramento racial”, conta o estilista. A marca surgiu como resposta à questão racial e com a ideia de reinventar a noção de belo, combinando volumes a silhuetas lúdicas e românticas. “Busco inspiração em questões autobiográficas, na filosofia, psicologia, literatura, música e tecnologia, reinterpretando gêneros e transcendendo a versatilidade”, define.

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Fotos: Zé Takahashi/ FOTOSITE

Um dos principais idealizadores do VAMO (Vetor Afro-Indígena na Moda) e do Projeto Sankofa, Rafael já passou pela Casa de Criadores em 2019, pelo Brasil Eco Fashion Week em 2020 e, agora, integra o line-up do Projeto Sankofa, dentro da SPFW, onde apresentou duas coleções: a primeira, inspirada nas sombras e, a segunda, na cura através do perdão. “Quero trazer ruído e reflexões através das coleções, porque é esse meu papel enquanto cidadão e marca.”

Em ambas, a alfaiataria minimalista com bossa de streetwear está presente em modelagens descomplicadas, mas sofisticadas e elegantes, permeadas por uma cartela de muito preto, branco e rosa. “O rosa acalma e acolhe. Trouxemos a cor para a identidade da marca para poder falar das coisas duras que precisamos, mas de forma acolhedora. Tocar em feridas, mas também ajudar no processo de cura.”

A Silvério também tem olhar sustentável e reutiliza as sobras de suas criações em detalhes como botões forrados, por exemplo. “Mesmo sendo (em escala) pequena, diminuir o impacto ambiental é importante para a marca. Além disso, é preciso ter respeito pela matéria-prima que chega até mim, honrar o trabalho de todas as mãos pelas quais ela passou”.

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Foto: Fernando Tomaz

Não à toa, a etiqueta integra a segunda fase do #MovimentoELLE e vem se desenvolvendo ainda mais nesse sentido. “O projeto está contribuindo para que eu modifique meu negócio, trazendo ferramentas as quais não tive acesso ao longo da minha trajetória, ajudando a estruturar processos e gestão dentro da jornada empreendedora que eu trilho há alguns anos”, diz Rafael. “Acredito que o #MovimentoELLE tem enfoque no capital humano e o alimenta de maneira benéfica, colaborando para o social, cultural ambiental e econômico.”

O que é o #MovimentoELLE
O #MovimentoELLE é um projeto solidário idealizado pela ELLE e pensado para impulsionar o desenvolvimento sustentável entre pequenos empreendedores de moda.

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