SPFW N58: Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025

Parece que foi ontem que falamos do inverno/primavera 2024 da Herchcovitch;Alexandre, que rolou no fim de julho, na Casa de Criadores. É que o convite para voltar ao line-up oficial da São Paulo Fashion Week veio meio em cima da hora – e o estilista teve pouco mais de 45 dias para criar sua nova coleção. O verão/outono 2025 da marca do estilista Alexandre Herchcovitch abriu os trabalhos da edição 58 do evento, nesta segunda-feira (14.10).

E parece que a cabeça do estilista ainda estava na coleção anterior. Por isso, vimos os vestidos pretos de seda com jacquard lamê com voluminhos nas ancas e detalhes de couro envernizado. Alexandre conta que eles são uma continuação de seu último trabalho. As peças xadrez transparentes com parte de cima corsetadas fazem parte da mesma família. A silhueta histórica do século 18 foi hit no desfile passado, o de inverno/primavera – vide as várias convidadas usando os vestidos florais daquela estação na fila A.

Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025. Foto: Zé Takahashi

SPFW N58: Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025

Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025. Foto: Zé Takahashi

A novidade, agora, fica para a influência da década de 1970, que aparece tanto nas calças boca de sino feitas com novos tecidos, mais uma evolução da temporada anterior, quanto na estampa psicodélica feita por Fábia Bercsek. A artista se inspirou nas pinturas à mão dos hippies de São Francisco.

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Note também os vestidos em A do final dos anos 1960, aqui com recortes ousados no centro do tronco, deixando aparecer calcinhas felpudas, de tricô ou com lacinhos, peça que é uma derivação de um look de seu desfile de formatura. O brilho das festas dos anos 1970 também marca presença em um costume bordado de paetês e em vestidos de lurex com decotes redondos e volume no quadril. Já o jeans vem em jardineiras recortadas e em terninhos em tons lavados ou escuros.

No backstage, o estilista explica que nunca gostou muito dessa era. “É uma década difícil de trabalhar, porque tem muitos signos fáceis de entender. Isso foi só mais um desafio para mim. Eu não tenho tanta familiaridade porque acho a roupa um pouco caricata. Gosto de pensar qual seria a minha versão desses elementos”, diz.

Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025. Foto: Zé Takahashi

Mas o que tem de mais Alexandre nessa coleção? A sensualidade fetichista, que na sua moda é sempre meio subversiva e meio esquisita – no melhor dos sentidos. A construção das peças deixa áreas erógenas nem sempre muito exploradas à mostra. Não é qualquer um que segura a virilha de fora. Os bodysuits que já fazem parte do repertório da etiqueta ganham boca de sino e até as peças teoricamente mais comportadas são recortadas e mostram que essa mulher quer colocar o corpo pra jogo. Aqui, saltam aos olhos a nudez da lateral da coxa, a barriga e a pélvis.

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Na parte mais facilmente assimilável, digamos assim, a alfaiataria em tons vibrantes ou com estampas florais são combinadas a tricôs listrados. As blusas de correntes que marcaram a apresentação passada também dão seu pivô, fazendo alusão aos vestidos longos do verão 2001 de sua marca homônima.

Herchcovitch;Alexandre, verão/outono 2025. Foto: Zé Takahashi

A novidade fica com a parceria com o crocheteiro Matheus Igor, mais conhecido como Sem Nome Ateliê, que faz parte do coletivo Artesanato Chave. Nesta coleção, as abas dos chapéus são exageradas e descem até o tronco, fazendo as vezes de coletes. O artista conta que uma das peças demorou 17 dias para ficar pronta.

Há uma rica mistura de novas referências com outras que já fazem parte do vocabulário da marca. O resultado é ainda mais interessante, já que vemos a década em questão, tão presente em nosso imaginário, através das lentes únicas do estilista. É 1970, é BDSM, é histórico, mas é, acima de tudo, Alexandre Herchcovitch.