Alice Wegmann fala da série sobre Senna, que joga luz sobre a vida pessoal do ídolo
Atriz vive Lilian, primeira mulher do piloto, na produção da Netflix protagonizada por Gabriel Leone.
Tricampeão mundial de Fórmula-1, Ayrton Senna (1960-1994) finalmente tem sua história contada de forma ficcional em Senna, minissérie em seis episódios que estreia nesta sexta-feira (29.11) na Netflix, com direção de Vicente Amorim e Júlia Rezende.
Mesmo 30 anos após sua morte, Senna é considerado um dos maiores pilotos de todos os tempos – basta ver a comoção causada pela homenagem feita no Grande Prêmio do Brasil, em novembro, em que Lewis Hamilton, sete vezes campeão do mundo e um dos maiores fãs do brasileiro, pilotou a McLaren do brasileiro.
Na série sobre Senna, Gabriel Leone interpreta o piloto em sua fase adulta, mostrando sua ascensão no automobilismo até o acidente fatal, em uma atuação bastante detalhista. “Nós concordamos desde o princípio em evitar imitações porque eu acho que seria quase desrespeitoso com ele e sua história”, disse Leone em entrevista com a participação da ELLE. “Então, tive de encontrar o Senna em mim.”
A produção destaca a determinação, a ousadia, a dedicação e a paixão do ídolo brasileiro nas pistas. Mas também ilumina a pouco conhecida vida de Ayrton fora dos autódromos, apesar dos relacionamentos amorosos midiáticos com Xuxa (interpretada por Pâmela Tomé) e Adriane Galisteu (Julia Foti).
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Alice Wegmann como Lilian Foto: Netflix ©2024
Antes, ele foi casado com Lilian (Alice Wegmann), sua amiga de infância. O casamento, quando ele tinha 21 anos, não durou muito quando ficou claro que sua carreira ia longe. Lilian não queria ser apenas dona de casa nem morar indefinidamente na Europa. “Ele dedicou sua vida inteira ao automobilismo e aos carros”, disse Leone. “Essa foi definitivamente sua maior paixão. Diria até que foi o grande amor de sua vida.”
Para interpretar a ex-mulher de Senna, Alice estudou entrevistas e teve acesso a cartas de Lilian. A atriz, que aparece apenas nos primeiros episódios da série, falou à ELLE sobre seu papel:
Quando sua personagem aparece, a relação com Senna já está estabelecida. O espectador não vê o começo do romance. Como vocês trabalharam para fazer com que essa história parecesse vivida?
Um grande fator é a minha intimidade com o Gabriel Leone. A gente já tinha trabalhado juntos em Onde nascem os fortes, em 2018, tinha proximidade. Ele sempre foi um cara que admirei muito. E, de fato, é um recorte. Senna e Lillian viveram toda a infância e adolescência juntos, os pais se conheciam há muito tempo. A série não tem essa história contada antes, mas, ao mesmo tempo, você consegue ver a força e a verdade dessa relação, desse companheirismo, dessa torcida de um pelo outro. Eles estavam juntos em uma época que ele ainda não tinha virado o Ayrton Senna. Era aspirante a piloto.
“Mesmo com 20, 21 anos, eles foram muito maduros de entender o que era melhor para cada um e tomar a decisão que tiveram que tomar”
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A gente sabe um pouco mais sobre os outros relacionamentos do Senna, com a Xuxa e a Adriane Galisteu. O que você fez para entender melhor quem era a Lilian?
Vi diversas entrevistas dela. E o que mais me pegou foi a emoção com que ela fala ainda hoje da figura dele. Porque Senna foi realmente uma pessoa que esteve presente durante os primeiros momentos da vida dela. As memórias são muito fortes. Falando como uma pessoa pública, a gente tem diversos relacionamentos. Alguns deles estão na mídia; outros, não. Mas isso não significa que um foi mais especial que o outro. Cada um tem o seu valor. Acho que nesta série a gente consegue conhecer um pouquinho mais do valor da Lilian. Ela é uma mulher muito decidida, inteligente, à frente do tempo dela. A separação era muito difícil de acontecer na época. Mesmo com 20, 21 anos, eles foram muito maduros de entender o que era melhor para cada um e tomar a decisão que tiveram que tomar. Eu a admiro muito. Sinto que ela bancou as vontades, os desejos, os sonhos dela.
Teve oportunidade de encontrá-la?
Não cheguei a encontrá-la, mas dei uma fuxicada nas entrevistas, a gente teve acesso a uma carta ou outra. E isso foi muito legal, já deu para construir a atmosfera desse relacionamento.
Gabriel Leone como Ayrton Senna Foto: Alan Roskyn/Netflix ©2024
Muitas vezes esse papel da mulher que está com esse homem genial antes da fama e, quando a carreira dele começa a deslanchar, ela começa a pegar no pé, é um pouco ingrato. Não é o caso da série. Como você fez para evitar esse clichê?
Vejo na Lilian uma mulher dona dos próprios desejos, dos seus próprios sonhos. Isso era ainda mais difícil na época deles. Hoje em dia, a gente fala muito mais dessa independência feminina, tanto emocional quanto financeira. Por mais que no primeiro momento a Lilian tenha se dedicado a ir para a Inglaterra, a cuidar da casa, ela percebeu que queria mais que aquilo. E é um direito dela voltar atrás e bancar essa ideia. Tanto ela quanto ele entenderam o que era melhor para os dois. Porque ela não podia fazer com que ele deixasse de ser piloto. No fundo, ela sabia disso, porque olha o talento do cara, o que ele virou depois. Isso ficou bem resolvido entre os dois. Nas entrevistas, ela não demonstra arrependimento de não ter vivido com ele uma vida projetada, e sim a dor da perda, da morte precoce dele.
Como a caracterização e os figurinos te ajudaram a entrar na personagem?
Foi a caracterização mais rica que já tive. Nunca tinha usado peruca e aqueles figurinos da época mais pesados – jaqueta, bota de frio. Foi uma grande experiência. O Martín (Macías Trujillo), nosso caracterizador, arrebentou a boca do balão. E a Cris (Cristina Kangussu) também arrasou nos figurinos. Quando cheguei a Buenos Aires para filmar, já tinha 40 pessoas trabalhando no figurino. Foi a maior produção em que já trabalhei. E de fato isso reflete na tela. Espero que as pessoas se encantem também porque a gente fez essa série com todo o amor, carinho e dedicação. Senti a presença do Senna todos os dias no set por meio dessa equipe que estava ali botando energia para fazer acontecer. Toda vez que falo, fico arrepiada.
Você começou a praticar esportes ainda criança. Foi talvez seu primeiro amor junto com a atuação. E até a carreira de atriz tem muito esse elemento do sonho, de não saber se vai dar certo. Você se identifica com o Senna?
Totalmente. Nasci em 1995, um ano depois da morte dele, mas acho que ele é um exemplo para todas as gerações, ainda hoje, 30 anos depois de sua morte. Ele segue ecoando pelo caráter e pela dedicação que colocava nesse esporte e no que amava. A gente volta e meia sente falta desses heróis. O melhor exemplo disso foi recentemente, nas Olimpíadas, quando a gente teve a Rebeca Andrade, a Jade Barbosa, todas as meninas da equipe. Aquilo de alguma forma recupera esse sentimento de amor pelo nosso país e de acreditar que a gente vai conseguir, que vai dar certo, que vale a pena. É o que o Ayrton trazia para a gente, a persistência, dedicação, disciplina. E também todo o sentimento patriota, de amor pelo nosso país, de união, de torcida. Ele carregava muito esse respeito pelo Brasil. Mesmo morando fora durante muito tempo, ele levava o Brasil com ele de muitas formas. Acho isso muito especial.
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