Dior Men, inverno 2025
Em um de seus melhores desfiles, Kim Jones, o diretor criativo da Dior Men, mistura alta-costura e prêt-à-porter, passado e presente, masculino e feminino.

Não é de hoje que Kim Jones, o diretor criativo da Dior Men, olha para os arquivos de alta-costura da marca em busca de inspiração. Para o inverno 2025, desfilado nesta sexta-feira, dia 24 de janeiro, em Paris, a principal referência é a Ligne H.
Lançada por Christian Dior na coleção de inverno 1954, a silhueta era mais próxima ao corpo, com corte reto e comprimento logo abaixo do joelho. Quase sempre com abotoamento duplo, os modelos da linha H apresentavam uma espécie de painel frontal que achatava o busto e criava um formato geométrico parecido com o da letra.
Dior Men, inverno 2025. Foto: Getty Images

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As interpretações – ou atualizações – de Kim Jones estão mais evidentes nos looks 12, 15, 22, 37 e 48 (fotos acima), mas permeiam toda a coleção de diferentes maneiras: alguns casacos têm pregas ou dobraduras na região das clavículas que criam um volume suave com caimento vertical. Os tricôs com gola canoa trazem o mesmo efeito quando combinados a blusas com colarinho reto.
Mais seca e com modelagem estreita, a linha H original era uma resposta aos excessos de estações passadas. Por sugerir uma silhueta diferente para a época, foi uma das propostas mais polêmicas de Christian Dior.
Dior Men, inverno 2025. Foto: Getty Images

Dior Men, inverno 2025. Foto: Getty Images

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Kim Jones também se propõe o exercício de redução ou simplificação visual – porque de simples, aquelas roupas não têm nada. Em comparação às temporadas passadas, o inverno 2025 de Dior Men deixa bordados e estampas um pouco de lado para focar em silhuetas, volumes e construções.
As poucas decorações ficam por conta dos laços acetinados nos sapatos, dos bordados discretos que simulam padronagens tradicionais da moda masculina – risca de giz, espinha de peixe, listras – e dos brincos, broches e cintos de prata, inspirados no desenho de um bordado da coleção de alta-costura verão 1948. Uma reprodução desse bordado aparece no robe que fecha o desfile.
Dior Men, inverno 2025. Foto: Getty Images

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A monumentalidade vem dos tecidos nobres, em especial as sedas e cetins, e da excelência de execução, numa combinação perfeita de prêt-à-porter com alta-costura. A ideia, como escreveu o próprio Kim Jones em um comunicado à imprensa, era explorar as mudanças ou a evolução da moda masculina na história – da ornamentação e extravagância do século 18 para algo mais linear e utilitário no século 19, pós-revolução industrial, com a consolidação e popularização do que a gente conhece hoje como alfaiataria.
Só que nada disso aparece de forma linear – ainda bem. É tudo junto e misturado. Uma camisa-jaqueta de corte geométrico ganha volumes arredondados nas mangas. A jaqueta mod acetinada lembra coletes ou casacas da corte francesa de séculos passados. As blusas de seda esvoaçantes são atualizações de camisolas e roupas de baixo de antigamente. A calça se mistura com o sobretudo e vira saia e o terno de três peças se condensa em um único casaco.
De novo, não é a primeira vez que Kim Jones mistura alta-costura com prêt-à-porter, masculino com feminino, passado com presente. Talvez seja a primeira vez que todas essas referências são apresentadas de maneira mais bem processada, destilada, sem tanto apego às origens ou concepções pré-definidas. É como se, naquele processo de redução ou limpeza, o estilista pudesse eliminar camadas ou associações mais óbvias para, depois de chegar à essência do que lhe interessa, construir uma imagem carregada de história e ainda interessante para o agora.
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