Mais funky que o sushi, onigiri sai do Japão para o mundo
Saiba onde comer diferentes versões do bolinho de arroz japonês que conquistou os restaurantes de São Paulo.
Não vale chamar de sushizão. Dito isso, há pelo menos mil anos, os japoneses apreciam esses bolinhos de arroz, geralmente de formato triangular e comumente recheados e envoltos em nori. Bolinho, na verdade, é modo de dizer: um onigiri pesa coisa de 100, 110 gramas – bem mais substancioso que a pequena porção de arroz que forma a base dos sushis.
Em geral, 90% da receita do onigiri fica por conta do arroz cozido – daí a importância de sua qualidade. Recheios são bem-vindos, sendo o mais tradicional a umeboshi (conserva salgada de ameixa). Furikake (condimento com ingredientes como algas e peixe seco) é aceito! Como se nota, a simplicidade faz parte do sucesso. A praticidade de transportá-lo e manuseá-lo também. A versatilidade na hora de recheá-lo? Cada vez mais.
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No Japão, há onigiris em lojas de conveniência, supermercados, izakayas e até nos trens. Afinal, eles estão entre os lanches mais populares e acessíveis do país. Sem contar o apelo afetivo, visto que são parte de qualquer reunião familiar. Dá até para fazer um paralelo com nosso pão de queijo: vão bem purinhos, porém podem converter-se em sanduíche; são mais gostosos quentinhos, na hora em que saem, mas duram numa vitrine.
Onigiri pelo mundo
Nos últimos tempos, o quitute nipônico invadiu Londres, Sydney, Paris e ganhou até status de Bib Gourmand em Orlando. William Shen, chef duas estrelas, batizou a primeira casa especializada em onigiris da Flórida de Unigirl: “É muito especial, porque é o nome da minha bebê shiba, a Uni”. Uni, em japonês, significa ovas de ouriço. Falando rapidinho, “unigirl” (a menina Uni) e onigiri soam iguaizinhos.
Claro, uni é um dos sabores itinerantes do box no Mills Market. No entanto, fica menos em cartaz do que best-sellers como o frango frito e o beef sukiyaki. Sabores inusitados assim começam a pipocar em São Paulo, furando a bolha da maior comunidade japonesa fora do Japão.
Exemplo dos bons é o que o casal Júlia Tricate e Gabriel Coelho faz no Santokki, na Vila Madalena: “Maneiro é o recheio de cebola caramelizada com missô. Aí lambuzamos o onigiri numa manteiga cheia de katsuobushi (raspas de peixe bonito fermentado e seco), colocamos no yakitori (grelha) para subir fumaça e ficar com bastante gosto. Depois entra o molho tarê. Por fim, umeboshi picada e sal Maldon”, explica Gabriel.

Onigiri grelhado do Santokki. Foto: Rubens Kato
Menos ortodoxo ainda é o do Fôrno, na Vila Buarque, que combina arroz japonês tostado, o pastrami divino da casa, maionese, óleo de gergelim, togarashi (tempero apimentado), sunomomo, tarê, cebolinha e alga crocante. A maluquice nasceu numa collab com Ravi Leite: “É a fusão de coisas que eu gosto muito. Tudo bem equilibrado”, garante o chef Fih Fernandes.
Contudo, nem só de restaurantes vivem os onigiris paulistanos. O Pato Rei, uma das melhores cafeterias do país, inclui a receita em formato retangular e douradinha na manteiga em seu brunch diário. “A brincadeira é que ele simule um pão na chapa, por isso é chapeado e recebe sal em flocos”, conta o sócio Otávio Albuquerque.
Outro café que investe no preparo é o Pace. Dentro da flagship da marca de streetwear, ele é tocado pelas sócias do Jojo Ramen e inspirado no arquipélago de Okinawa. Não, não tem ramen e esse nem é o assunto, não é mesmo? Em compensação, os onigiris estão lá.
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“O onigiri com carne de porco e missô é bem tradicional. O de spam também, porque foi um embutido enlatado que se popularizou durante a guerra”, diz, referindo-se ao Butamissô e ao Spam Musubi, a sócia e sommelière Yasmin Yonashiro. À dupla soma-se uma versão vegana com umeboshi e pó de shissô.
Calma que tem mais onigiris por aí! No novíssimo Standing Sushi Bar, em Pinheiros, onde se come em pé (mas não somente), há três opções. A mais diferentona é a Yaki Spicy Siri, que leva a carne do caranguejo em Kewpie (maionese mais vendida do Japão), toque de gergelim e ovas de massagô.
Já na Casa Aguiko, o cliente escolhe seu sabor numa máquina. Um dos queridinhos é o vegano de abóbora, picles de rabanete, coentro, cogumelo, especiarias e amendoim. Dito isso, o emporiozinho charmoso no bairro da Consolação aposta também nos onigirazus, misto de onigiri e sanduíche. Dentre os sabores, faz sucesso o de croquete cremosíssimo de milho com tarê e o de tonkatsu (porco à milanesa, repolho roxo e maionese de wasabi). Deu pra notar que o hype tá on?
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