Por dentro do Tivoli Doelen, o primeiro hotel de Amsterdam

Localizada à frente do Amstel, rio que deu o nome à Amsterdam, a propriedade mantém sua herança secular, com um pé na modernidade.


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A fachada do Tivoli Doelen Amsterdam. Foto: Divulgação



Imagine o destino: um rio se alarga suavemente no centro de uma capital europeia. Suas águas calmas refletem os tijolos coloridos das casas, muitas delas preservadas como patrimônio histórico. Ao redor, numerosas bicicletas repousam nas muretas, completando a cena. Não é difícil concluir que se trata de Amsterdam, a capital holandesa, que completa 750 anos em 2025. 

Esse charme todo, porém, vem de um endereço mais preciso: das margens do rio Amstel, tão turístico quanto parte do dia a dia dos moradores. E é logo à sua frente que está localizado o Tivoli Doelen Amsterdam, o mais antigo hotel da cidade, que é praticamente uma experiência condensada da história e da cultura locais.

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O hall de entrada. Foto: Divulgação

Instalado em uma construção dos anos 1500, o empreendimento operou de início como um ponto de encontro da aristocracia. Virou hotel em 1883, foi tombado em 2001 e entrou para o grupo do Tivoli Hotels & Resorts em 2023. 

Sua herança secular já é entregue na fachada e no térreo do edifício. Isso porque, ao cruzar a porta giratória, você se depara com um hall de arquitetura bem classicista. O piso é de mármore, os mobiliários são aveludados, as paredes são tomadas por molduras ornamentadas e, no teto alto, há um tanto de lustres de cristal.

A majestosidade até poderia intimidar, mas não é o caso. Logo na chegada, o jeito acolhedor e cordial da equipe quebra qualquer gelo e, assim, se mantém em toda a estadia. 

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A suíte Imperatriz. Foto: Divulgação

Para que o atendimento tão atencioso, dos jantares às oficinas, seja uma garantia, o tamanho compacto do hotel ajuda. Ao todo, são 81 quartos, espalhados por cinco andares. As acomodações, aliás, não têm aquela pompa toda da recepção. Mais contemporâneas, elas são discretas, ainda que muito elegantes e superequipadas. A decoração é clean, com cores suaves, e as janelas são amplas, com vista para os canais.

Entre as suítes mais requisitadas, está a maior da propriedade, chamada de Imperatriz. Com um formato de meia-lua e uma atmosfera romântica, ela já hospedou ninguém menos que Isabel da Baviera, mais conhecida por seu apelido, Sissi. Uma das figuras mais ilustres da monarquia europeia no século 19, a imperatriz da Áustria entrou para o imaginário de toda uma geração em uma trilogia de filmes sobre ela, protagonizada por Romy Schneider (1938-1982) nos anos 1950. Sissi, contudo, não foi a única estrela a passar pelo Tivoli Doelen. Nos anos 1960, em uma visita à cidade, os Beatles também se acomodaram por lá.

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A suíte Rembrandt. Foto: Divulgação

Voltando às suítes, outra que merece destaque é a Rembrandt. O título, em homenagem ao lendário pintor e gravurista holandês, também não é à toa. Durante 70 anos, a obra A ronda noturna, desenvolvida por Rembrandt entre 1639 e 1642, decorou esse cômodo do hotel. Hoje, o quadro faz parte do acervo do museu Rijksmuseum, mas há uma réplica em tamanho real da pintura na exata parede em que ela era exposta.

A relação com o mestre ainda é traduzida de outras maneiras pelo empreendimento. É o caso, por exemplo, do restaurante Omber. O menu, assinado pelo chef espanhol José Juan Arias Senes, faz referência às cores, volumes e texturas mais características do trabalho de Rembrandt. Entre os pratos, o bacalhau com alho-poró cristalizado e uma vichyssoise delicada é unanimidade. No bar, de mesmo nome, há uma boa seleção de vinhos, além de coquetéis clássicos e autorais. O drink The Master’s Palette (rum com infusão de ervilha, hortelã e limão) entra na lista de favoritos.

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O restaurante Omber. Foto: Divulgação

Vale reservar um tempo na programação da viagem para comer e beber no Tivoli Doelen, e não só. O hotel também oferece aos hóspedes uma série de experiências, que podem ser contratadas à parte. Uma delas é a oficina de pintura, que nos convida a criar a nossa própria tinta, assim como Rembrandt costumava fazer. Ao chegar ao salão, os minerais e óleos sobre a mesa, acompanhados por ferramentas de moagem, já sinalizam que a ideia é mesmo colocar a mão na massa. Além de educativa, claro, a imersão, centrada no fazer à mão, é tão agradável que é quase terapêutica. Outra oficina, agora mais saborosa (e doce!), é a que nos ensina a fazer o stroopwafel, o tradicional biscoito holandês.

A experiência mais inesquecível, porém, fica a cargo do passeio de barco pelos canais de Amsterdam. A embarcação privativa sai do píer do hotel e nos faz enxergar a cidade por uma outra perspectiva. Enquanto o capitão compartilha histórias da região, as casas centenárias, as pontes e as luzes, vistas da água, ganham ainda mais vida, em um cenário que, com o perdão do trocadilho, nos faz flutuar.

A repórter Lelê Santhana viajou à Amsterdam a convite do Tivoli Hotels & Resorts.

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