SPFW N60: Patricia Viera

O verão 2025 de Patricia Viera parte de Londres, cidade onde a estilista carioca iniciou sua carreira nos anos 1970. A referência funciona mais como um exercício de memória do que como uma inspiração literal. No recém-inaugurado Teatro Iguatemi, em São Paulo, o couro, matéria-prima que sustenta o DNA da casa, é submetido a um processo de revisão. Desde 2023 sob a direção criativa de Andrea Viera, filha da fundadora, a grife continua a explorá-lo como linguagem.

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Ze Takahashi/Agência Fotosite

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Ze Takahashi/Agência Fotosite

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“Comecei na moda trabalhando com o que chamavam de couro de classificação baixa. Aprendi a pegar o que era considerado menor e transformar em luxo”, diz Patricia Viera. Desde 2017, esse olhar é colocado em prática através do projeto zero waste, que agora dá origem aos poás e microflores da coleção, feitos com sobras de curtume.

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

Entre as novas experimentações, o macramê criado pela artesã Eleni Gomes introduz outra camada de textura e movimento – não para moldar o corpo, mas para revelar a fluidez da artesania. “É a importância do feito à mão. Por mais que a gente tenha indústria, tem coisas que só o gesto humano alcança”, fala Patricia.

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Ze Takashi/Agência Fotosite

A cartela de cores percorre tons de branco, baunilha, menta e azul céu, com acentos em chiclete, tomate e preto. Padrões florais, xadrezes e relevos a laser equilibram tradição e técnica, criando composições que transitam entre o clássico e o gráfico. As referências britânicas também aparecem nos “cílios” inspirados em Mary Quant, aplicados como elemento decorativo sobre o couro e reproduzidos na beleza.

Patricia Viera, verão 2025. Foto: Ze Takashi/Agência Fotosite

Os cortes a laser, uma das assinaturas de Patricia Viera, aparecem em vestidos curtos e longos, bem delineados. “Deixamos tudo mais abstraído. São os jardins de Londres, os prédios, as pontas de lápis”, explica a estilista. Desta vez, Patricia acompanhou o desfile da primeira fila, enquanto Andrea comandava os bastidores e subiu à passarela para receber os aplausos finais.

A trilha ao vivo de Dora Morelenbaum costurou a apresentação, que reforça a permanência de uma linguagem construída entre gerações.