O que você precisa saber sobre o desfile da Chanel em Mônaco

Coleção cruise 2022 da Chanel relembra conexão da marca com Monte Carlo e reforça ponto de vista da diretora de criação Virginie Viard.


Desfile Chanel em Mônaco
Fotos: Cortesia | Chanel



A relação entre a Chanel e Mônaco vem de longa data. Foi lá que a Coco Chanel abriu uma de suas primeiras lojas, em 1913. Durante os anos 1980 e 1990, não foram poucas as campanhas da marca, já sob direção criativa de Karl Lagerfeld, fotografadas no balneário. Para além dos negócios, o principado e seus arredores eram destinos queridos para ambos os designers. Ficava lá a mansão La Pausa, construída em 1929, e que pertenceu à fundadora da maison. O alemão também teve uma para chamar de sua, a La Vigie, além de um apartamento, uma de suas residências favoritas.

Aliás, da casa de veraneio do estilista, é possível avistar a praia do Beach Hotel, locação escolhida para a apresentação da coleção cruise 2022. “Para mim, Mônaco é uma questão de sentimentos acima de tudo”, diz Virginie Viard, atual diretora de criação. “Desde muito cedo, sabia que faríamos um desfile lá. Karl estava sonhando com isso.” Pois bem, o sonho virou realidade, combinando um pouco de tudo que há de mais emblemático sobre Monte Carlo.

Modelo desfila conjunto Chanel

Do Grand Prix, saem os macacões, alguns deles com a parte de cima aberta para revelar uma camiseta estampada, como visto nos pilotos da Fórmula 1. Dos clichês da corrida de carros, Virginie empresta ainda as estampas de bandeiras quadriculadas, as modelagens das calças mais largas e até um capacete para se passar por bolsa.

Outro esporte famoso por lá é o tênis, de onde saem algumas saias plissadas, camisas polo e tricôs. Tem também os cassinos, que justificam os brilhos e alguns excessos discretos com pegada anos 1980. Foi nessa mesma década – e em Mônaco – que o fotógrafo Helmut Newton fez algumas de suas fotografias mais famosas. Dessas imagens, a diretora de criação aproveita um pouco da sensualidade de uma camisa caída sobre ombros, da infalível combinação de preto, branco e dourado e da silhueta marcante dos cortes assimétricos e decotes profundos dos maiôs – além da combinação destes com meia-calça, salto alto e um casaquinho.

Modelo desfila conjunto Chanel

Não tem como falar do principado sem lembrar de sua realeza. Principalmente as princesas Caroline e Charlotte. “A primeira vez que vi Caroline foi na praia de Mônaco. Ela estava usando um vestido preto drapeado, meia-calça muito fina e salto alto”, fala Virginie, para explicar os looks pretos que aparecem no último bloco do desfile.

Muita gente critica a diretora de criação por sua imagem um tanto apagada, meio sem sal. De fato, é um mundo à parte dos espetáculos estéticos orquestrados por Karl Lagerfeld. Porém, não se deve olhar para a abordagem como algo inferior. Desde que assumiu o posto, Virginie fala de sua vontade de aproximar a Chanel de suas clientes, e as apresentações são parte importante disso. Diferentemente de seu antecessor, a estilista não impõe uma imagem 100% fechada, um look pronto, uma mensagem com ponto final – ou de exclamação.

Modelo desfila Chanel

Depois de muito tempo, a pessoa no comando não está deixando entrar um pouco de ar em um ambiente, por muito tempo, hermético, quase rarefeito. Para ser mais direto, Virginie está permitindo que as consumidoras possam construir suas próprias imagens, seus próprios looks, e não apenas mimetizar o que foi visto na passarela. E nem é um modus operandi tão novo assim. Várias marcas fizeram e fazem isso, cada um à sua maneira e estilo. O da Chanel, ou da Chanel por Virginie, por enquanto é esse. Um tanto carregado de nostalgia, mas indiscutivelmente mais permissivo e aberto.

Modelo desfila Chanel

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