Tudo sobre Karl Lagerfeld
Da sua infância na Alemanha ao status de estilista-celebridade, relembre a história do criador multidisciplinar que passou mais tempo em atividade.
Vocês já devem saber: Karl Lagerfeld é o grande homenageado e o tema da exposição de 2023 do Costume Institute do Museu Metropolitano de Nova York (o Met), “Karl Lagerfeld: A Line of Beauty”. Ironicamente, o designer alemão, morto em fevereiro de 2019, aos 85 anos, vítima de um câncer no pâncreas, detestava museus. Apesar da sua obsessão por história e de ser um grande colecionador (de um tudo), seu foco estava no futuro. Diz que ele odiava olhar para o passado no seu trabalho. Outra coisa que ele também disse, quando a mesma instituição escolheu a Chanel para a mostra de 2005, foi: “Moda não é arte – moda pertence às ruas, aos corpos das mulheres, aos corpos dos homens”.
Há quem discorde, é um assunto polêmico. Fato é que não tem como estudar a moda do século 20 sem esbarrar no nome de Lagerfeld repetidas vezes. Ele é citado nas biografias de Pierre Balmain, de quem foi assistente, e de Yves Saint Laurent, seu amigo, roommate e, mais tarde, rival. Aparece nos históricos das marcas Jean Patou, da qual se tornou diretor de criação em 1958; Chloé, onde começou a trabalhar ao lado da fundadora Gaby Aghion; Fendi, casa italiana em que ocupou a direção criativa de 1965 até sua morte, e Chanel, maison que o consagrou como um dos criadores mais influentes, bem-sucedidos e prolíficos.
Outdoor em Berlim com publicidade da collab de Karl Lagerfeld com a H&M. Foto: Getty Images
Ele foi também o precursor das parcerias entre grandes estilistas e redes de fast fashion – em 2004, ele assinou uma linha em colaboração com a H&M. Extraoficialmente, pode-se dizer que foi ainda o primeiro grande estilista-celebridade e um dos responsáveis por validar a silhueta skinny de Hedi Slimane, então à frente da Dior Homme.
Sem contar nos trabalhos como fotógrafo (sua primeira capa de revista no Brasil foi para esta ELLE, em maio de 2013), filmmaker, ilustrador e cartunista (ele teve uma coluna em um jornal alemão).
Lagerfeld foi o couturier que ficou mais tempo em atividade. Mesmo sem ter criado uma peça ou silhueta específica, como aconteceu com Yves Saint Laurent (com o Le Smoking ou o Saharienne) ou com a própria Coco Chanel (com o vestido preto e o tailleur de tweed). Duas das jornalistas e críticas de moda mais relevantes da atualidade já escreveram sobre isso.
Capa da edição de 25 anos da ELLE Brasil fotografa por Karl Lagerfeld. Foto: Acervo
No The New York Times, Cathy Horyn afirmou que “ele não é conhecido por nenhuma silhueta distinta ou por cortes inovadores. Ainda assim, mais do que seus colegas de profissão, ele sabe como tirar o máximo da técnica sem abusar ou ridicularizá-las”. Robin Givhan, no obituário do estilista para o jornal The Washington Post, argumentou: “Lagerfeld não é conhecido por popularizar uma silhueta ou inventar um item de roupa. Em vez disso, ele transformou a maneira como a moda opera e a maneira como as pessoas se relacionam com ela. Ele reconheceu que a maioria das pessoas não procura noções de vanguarda. Elas procuram ser relevantes, se encaixar. Elas estão em busca de status e valor. E usar a etiqueta certa – aquela que brilha com a luz das estrelas, aquela que oferece a possibilidade de você acessar o que está por trás da corda de veludo – pode mudar tudo. Pelo menos no imaginário popular”.
Em vida, não foram poucas as vezes que o designer foi comparado a um tubarão: só vive enquanto está em movimento. “É algo muito saudável ter uma vida profissional em alta velocidade. As idéias vêm quando você trabalha. Não acredito em ficar sentado à espera de informações”, disse ele à jornalista Suzy Menkes. Como muitas de suas falas polêmicas – já teve gordofobia, misoginia, machismo, classismo, elitismo, racismo e apropriação cultural –, o depoimento envelheceu mal. E são tantas colocações que a editora Thames & Hudson publicou um livro inteiro com elas, “The World According to Karl”.
Capa da edição de 25 anos da ELLE Brasil fotografa por Karl Lagerfeld. Foto: Acervo
Dentre as mais emblemáticas vale destacar “eu crio assim como respiro. Você não pede para respirar. Isso simplesmente acontece”, “comigo não há nada além da superfície, e é uma bela superfície” e “sou um oportunista da moda”. Esta última, aliás, pode ser a explicação mais precisa sobre seu sucesso. “Se sinto que um movimento acabou, eu saio dele, e retorno quando sinto que está voltando”, falou a Suzy Menkes. Em resumo, trata-se da sua capacidade em se adaptar e se transformar em velocidade máxima, antes mesmo que a demanda, o desejo sejam perceptíveis.
Família, infância e adolescência
Karl Lagerfeld nasceu em Hamburgo, na Alemanha, no dia 10 de setembro de 1933. Filho do empresário alemão, Otto Lagerfeld, e da sueca Elizabeth Bahlmann, gerente de vendas de uma loja de departamento e dona de um forte senso estético, teve uma irmã mais velha, Martha Christiane, morta em 1951, aos 14 anos, devido a complicações decorrentes de asma.
Sua família, com negócios nas áreas de alimentos e tabaco, era influente e abastada, o que lhe possibilitou uma educação privilegiada em escolas particulares e fluência em várias línguas, como francês, inglês e italiano. No entanto, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o cenário mudou consideravelmente. O conflito afetou seu lar, sua cidade natal e sua própria sensibilidade estética.
Durante a guerra, a família de Lagerfeld foi obrigada a deixar Hamburgo e se mudar para uma casa em Bad Bramstedt. Em entrevistas, o estilista relatou como foram obrigados a abandonar a maior parte de seus pertences e viver em condições precárias. Com ataques aéreos constantes, a paisagem de Hamburgo foi completamente destruída. Anos mais tarde, ele afirmou que aquele cenário devastado, com escassez de alimentos e roupas, influenciou profundamente sua visão de moda. Ele descreveu como as pessoas na Alemanha se vestiam com roupas improvisadas, muitas vezes feitas à mão, com qualquer tecido e material disponível.
Aos 17 anos, Lagerfeld decidiu se afastar de sua família e se mudou para Paris. Desde então, manteve pouco contato com os pais, apesar da reconciliação com a mãe tempos depois. Os motivos do distanciamento são incertos. Há quem diga que foi devido à influência da figura materna, que o encorajou a seguir seus sonhos, mas o pressionou muito para ter sucesso e se adequar aos padrões sociais de então.
Outra possível razão seria a rebeldia contra as expectativas familiares e da sociedade em geral. Lagerfeld sempre foi um indivíduo criativo e não-convencional. Dada hora, sentiu que não podia expressar plenamente sua personalidade na conservadora Hamburgo. E tem ainda hipóteses sobre como as tensões políticas e culturais na Alemanha do pós-guerra o desiludiram sobre a produção artística local.
Interesse pela moda e a relação com Yves Saint Laurent
O interesse de Karl Lagerfeld pela moda começou cedo. Desde criança, sua mãe, Elizabeth Bahlmann, o expôs a um ambiente artístico. Não à toa, ele sempre dizia que aprendeu a desenhar antes de falar. Até sua morte, a ilustração foi sua forma de comunicação favorita – enviando seus croquis por correio, fax, e-mail ou os mostrando no telefone.
Por volta dos 14 anos, começou a fazer esboços de roupas e enviá-los para concursos de design. Um deles foi o Woolmark Prize. Em 1954, Karl, então com 21 anos, foi o vencedor na categoria casacos. E Yves Saint Laurent, à época com 18 anos, levou o prêmio de melhor vestido. Diz que foi aí que começou a rivalidade entre os dois.
Karl Lagerfeld, Yves Saint Laurent e Colette Bracchi, vencedores do Woolmark Prize em 1954. Foto: Getty Images
A bem da verdade, a relação entre os couturiers sempre foi complexa. Eles se conheceram em Paris e chegaram até a dividir um apartamento. Contudo, à medida em que suas carreiras se consolidavam, a disputa por sucesso os afastou gradativamente. Não era raro a troca de críticas e comentários sarcásticos de um sobre o outro.
Certa vez, Saint Laurent o criticou o estilo de Lagerfeld publicamente, chamando-o de vulgar e comercial. Em resposta, o alemão ridicularizou o estilo do franco-argelino, tachando-o como triste e ultrapassado. Os dois também competiam por clientes e prestígio.
Anne-Marie Munoz, Lou Lou de la Falaise, Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld. Foto: Getty Images
E teve ainda Jacques de Bascher, um dos namorados de Karl Lagerfeld que supostamente o deixou para ser amante de Saint Laurent. Bascher era uma figura conhecida na cena social parisiense dos anos 1970 e 1980 e bem controverso, devido ao seu uso de drogas e vida sexual ativa e descompromissada.
Alguns relatos sugerem que o moço pode ter sido um catalisador para a rivalidade entre os dois criadores. Segundo algumas fontes, ele teria alimentado o ressentimento de Lagerfeld em relação a Saint Laurent e incentivado a rivalidade. No entanto, outros argumentam que a disputa já existia antes da chegada de Bascher e que ele simplesmente se tornou uma das muitas pessoas em torno de Lagerfeld e Saint Laurent.
Início de carreira
Quando se mudou para Paris, aos 17 anos, para estudar desenho e história da arte, Karl Lagerfeld começou a trabalhar como assistente de Pierre Balmain, um dos principais estilistas da época, em 1955. Apesar da pouca experiência, foi convidado, em 1958, para assumir a direção criativa da maison Jean Patou.
Na década de 1960, a inquietude começou a falar mais alto e o jovem estilista passou a atuar também como designer freelancer, criando coleções para várias marcas. Foi nessa época que seu estilo ousado, inovador e com uma mistura precisa de influências de diferentes períodos históricos e culturas, começou a ganhar notoriedade.
Karl Lagerfeld no ateliê da maison Jean Patou. Foto: Getty Images
Foi assim que chamou a atenção da designer Gaby Aghion, fundadora da Chloé. Em 1963, ela o convidou para ser estilista da maison que ganhava cada vez mais destaque pela abordagem fácil e prática na moda, num momento em que o prêt-à-porter ainda engatinhava.
Karl Lagerfeld na Chloé
Karl Lagerfeld se tornou diretor de criação da Chloé, três anos depois de sua contratação inicial. Em 1966, quando Aghion decidiu se afastar do lado criativo de sua empresa e passou o bastão para seu protegido. Até 1982, quando deixou o cargo, o estilista alemão teve um papel fundamental na definição da estética da marca. Tanto que, após a venda da etiqueta para outros administradores, o Kaiser foi chamado novamente para a comandar entre os anos 1992 e 1997.
Quando chegou à maison, a oferta de produtos girava em torno de roupas românticas e boêmias, com silhuetas fluidas e tecidos leves. Não demorou muito (ou nada) para que o designer colocasse seu próprio estilo na jogada. Sem negar a essência da casa, injetou modernidade e ousadia por meio de silhuetas estruturadas, materiais mais pesados e menos convencionais, como couro, tweed e denim. Entre blusas com gola alta, vestidos tubulares e jaquetas com ombreiras, ele adicionou também elementos masculinos, como calças de alfaiataria e gravatas.
Karl Lagerfeld com modelo vestindo look da coleção verão 1974 da Chloé. Foto: Getty Images
Outro aspecto importante do trabalho de Lagerfeld na Chloé foi uma paleta de cores mais sofisticada, contrapondo tonalidades escuras, como preto e marrom, com tons pastel suaves. Isso sem contar nas estampas de animais e geométricas, que se tornaram parte da identidade visual da grife.
Seu ponto de vista deu certo. Toda uma nova geração de clientes se viu atraída pelas propostas do alemão, incluindo celebridades como Brigitte Bardot e Jackie Kennedy. Pessoalmente, a experiência na Chloé consolidou sua reputação como um designer influente e preparou terreno para o que ainda estava por vir.
Karl Lagerfeld na Fendi
Karl Lagerfeld trabalhou na Fendi por mais de 50 anos, de 1965 até sua morte em 2019. Durante esse tempo, foi pivô da transformação da marca italiana em uma potência da moda internacional. Sua chegada foi a convite das cinco irmãs Fendi – Paola, Franca, Carla, Anna e Alda –, herdeiras do negócio fundado pelo pai, Edoardo Fendi.
No início, seu cargo era de consultor criativo. Naquela época, a etiqueta era conhecida por suas peles e couros de alta qualidade, mas Lagerfeld viu um potencial maior para além daquele nicho. Ele começou a experimentar novas técnicas de design e a incorporar elementos de prêt-à-porter nas coleções de pele, algo fundamental para a expansão do alcance da marca.
Karl Lagerfeld, no centro, com as cinco irmãs Fendi. Foto: Getty Images
Em 1966, desenhou o famoso logo FF (abreviação de fun fur – pele divertida em inglês), que se tornaria um dos ícones mais reconhecidos da moda a partir de então. Também supervisionou a expansão global da marca, com abertura de lojas em todo o mundo. Ao longo das décadas seguintes, Lagerfeld continuou a inovar, introduzindo novos materiais, padrões, silhuetas e tecnologias. Sob sua direção, a Fendi lançou uma das bolsas mais famosas da história, a Baguette, em 1997. Já nos anos 2000, foi a fez do modelo Peekaboo assumir o topo da lista de desejos de muita gente.
Karl Lagerfeld na Chanel
Foi na Chanel que o oportunismo de Karl Lagerfeld se materializou com excelência. E não só em termos de moda, cultural também. Sua contratação partiu do executivo Alain Wertheimer, herdeiro da família que se tornou sócia de Gabrielle Coco Chanel em 1974 e assumiu a empresa após sua morte. Em 1982, quando assumiu o novo cargo, encontrou uma marca ofuscada e irrelevante para o mercado de luxo.
Foi sob sua visão, sensibilidade, sagacidade e rapidez que o negócio recuperou o prestígio, garantindo seu lugar entre as três maiores e mais populares marcas de luxo do mundo. Um dos aspectos mais importantes do seu na Chanel foi sua capacidade de reinterpretar o legado de Coco Chanel e torná-lo relevante para uma nova geração de consumidores de moda e constante e acelerada mutação.
Em vez de tentar imitar os designs clássicos da fundadora, preferiu construir sua própria história sobre eles. Tem até quem diga que o estilista vivia numa eterna competição com o legado de sua antecessora.
Lagerfeld reinventou o famoso tailleur nas mais variadas formas, posicionou e reposicionou a icônica camélia que Coco tanto gostava, criou e aplicou o logo dos dois Cs espalhados em todo o tipo de produto, de jaquetas de motocicleta a cestas de supermercado, recriou o tweed com fibras e materiais jamais imaginados, introduziu biquínis, jeans, tênis, mochilas e leggings ao reportório da casa e lançou um bolsa quase tão famosa quanto a clássica 2.55, chamada 11.12.
Reedições e inovações técnicas, no entanto, não se sustentam isoladamente. O sucesso é sempre atrelado ao contexto. E como bom oportunista, o couturier foi mestre nessa arte. Lagerfeld era, ao mesmo tempo, uma esponja cultural e satélite de tudo que havia de mais quente e relevante na moda, no mercado de luxo e nos setores mais elitistas da sociedade.
A partir dos anos 2000, além de primeiro grande estilista-estrela, se tornou diretor de espetáculo. Se Fellini tinha o Cinecittà, em Roma, ele tinha o Grand Palais, locação parisiense que abrigou, durante décadas, cenários imersivos, tão meticulosamente concebidos quanto qualquer construção de cena do mestre do cinema italiano.
Eram mundos sob medida criados para garantir a melhor experiência – presencial e virtual –, perfeitos para direcionar o olhar, a atenção e tudo mais que fosse necessário. Ao longo dos anos, o centro de exposições de Paris se transformou no interior de um avião particular futurista, em um enorme supermercado com produtos Chanel, um palácio bizantino, um jardim congelado, uma galeria de arte, uma fazenda, no apartamento de 1930 de Le Corbusier, nas ruas de Paris e ainda recebeu um iceberg de 265 toneladas – um enorme pedaço de gelo retirado de uma geleira na Suécia.
Identidade visual
Karl Lagerfeld se tornou o Karl Lagerfeld que conhecemos (pelo menos visualmente) nos anos 1970, quando passou a prender seu cabelo com um rabo de cavalo baixo. Inicialmente, o penteado era meramente funcional, para domar seus cachos suaves. Porém se tornou uma das suas principais ferramentas de marketing.
Nos anos 1980, quando considerou passar a tesoura nas madeixas, foi orientado por uma profissional de comunicação com quem trabalhava a não se livrar do rabo, pois poderia ser prejudicial aos negócios – principalmente em termos publicitários.
No livro The World According to Karl: The Wit and Wisdom of Karl Lagerfeld, o designer diz que “quando era mais jovem, queria ser caricaturista”, mas, “no final, acabei me tornando uma caricatura”. Sua carreira durou mais de meio século, e por grande parte dela, ele vestiu exatamente a mesma coisa: camisas brancas de colarinho alto, luvas pretas, muitas jóias, o tal rabo de cavalo e óculos escuros pretos.
Karl Lagerfeld no Studio 54. Foto: Getty Images
O uniforme ganhou consistência após sua chegada na Chanel, na década de 1980. Imune às variações da moda, seu visual, somado à sua trajetória de sucesso, ajudou a fazê-lo o primeiro grande estilista-celebridade. E seu estilo monogâmico não se limitava ao closet. Em casa, ele selecionava um movimento de design específico e se comprometia totalmente com ele. Suas caixas de joias eram abastecidas quase exclusivamente com peças da marca Chrome Hearts.
Embora tenha experimentado diversos fabricantes de óculos de sol, raramente era visto sem um par de armações escuras da Chanel. “Para mim, óculos escuros são como sombra para os olhos. Através deles, o mundo é mais bonito e todos parecem dez anos mais jovens”, disse ele ao jornal Le Monde em 2010.
Karl Lagerfeld com seu look-assinatura. Foto: Getty Images
A peça indispensável em seu guarda-roupa, contudo, era a camisa branca. “Se me perguntarem o que eu mais gostaria de ter inventado na moda, diria a camisa branca. Todo o resto vem depois”, disse o alemão. As suas eram feitas apenas por um alfaiate, Hilditch & Key, marca fundada em 1899 na Jermyn Street, em Londres, a qual foi apresentado aos 16 anos por um tio.
Já suas luvas, eram todas da Causse, loja especializada no acessório, fundada na cidade francesa de Millau em 1892. E foi graças a Lagerfeld que a oficina familiar sobrevive até hoje. Em 2012, o negócio foi adquirido pela Chanel como parte do grupo de ateliês especializados, chamados Métiers d’Art.
Karl Lagerfeld e Hedi Slimane. Foto: Getty Images
E teve o extreme makeover no início dos anso 2000. “Me dava bem com meu excesso de peso e não tinha problemas de saúde, mas de repente quis usar as roupas feitas por Hedi Slimane, que trabalhava para a Saint Laurent e agora cria a coleção Dior Homme“, explicou ao jornal The Telegraph em 2004.
Suas casas
Lagerfeld era um grande colecionador de obras de arte e objetos de design. Suas casas eram verdadeiros museus, apesar de seu desdém por esse tipo de instituição. Ele tinha uma coleção impressionante de pinturas, esculturas, móveis e objetos de decoração, com peças de artistas e designers renomados, como Salvador Dalí, Pablo Picasso, Jacques-Emile Ruhlmann, Jean-Michel Frank, Ettore Sottsass e entre muitos outros.
Casa de Karl Lagerfeld em Hamburgo. Foto: Divulgação
No momento de seu falecimento, o estilista possuía cinco casas em diferentes partes do mundo. Além de sua residência em Paris, ele tinha uma casa de campo no sul da França, um castelo em Biarritz, no litoral francês, um apartamento em Nova York e uma propriedade na sua cidade natal, Hamburgo.
Karl Lagerfeld e parte da sua biblioteca pessoal. Foto: Divulgação/Selby
O estilista também era conhecido por sua paixão pela literatura, e suas casas eram repletas de livros. Estima-se que sua biblioteca pessoal tenha 300 mil livros, alguns deles, edições raras e limitadas. Ele frequentemente se referia à coleção literária como sua fonte de inspiração e sabedoria.
A gata Choupette
Karl Lagerfeld encontrou a gata Choupette em 2011, quando foi contratado para fotografar a campanha da marca de carros alemã Vauxhall. O bichinho pertencia a um dos modelos e encantou Lagerfeld com sua personalidade. Ele pediu para ficar com ela por um tempo e a dona concordou. No fim, o estilista se apaixonou pela gata e decidiu adotá-la permanentemente. Desde então, Choupette se tornou uma figura icônica no mundo da moda, com sua própria conta no Instagram e uma legião de fãs dedicados.
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Após a morte de Lagerfeld, a gata ficou aos cuidados da diretora criativa da Chanel, Virginie Viard, que era uma amiga próxima do designer e trabalhava com ele havia mais de 30 anos. Lagerfeld deixou instruções claras em seu testamento de que Choupette deveria ser bem cuidada e ter uma vida confortável, incluindo uma equipe de cuidadores, veterinários e seguranças.
Fortuna
Karl Lagerfeld foi um dos designers de moda mais bem-sucedidos de todos os tempos e, como tal, sua fortuna era estimada em cerca de 200 milhões de dólares. A verdadeira extensão de sua riqueza nunca foi divulgada publicamente. Após sua morte, a divisão de seus bens foi objeto de muita especulação, mas os detalhes exatos de seus negócios e propriedades permanecem em grande parte desconhecidos, já que o testamento é protegido por sigilo legal.
No entanto, Lagerfeld deixou instruções claras em seu testamento sobre como sua herança deveria ser distribuída. De acordo com os relatórios, a maior parte de sua fortuna foi deixada para a Fundação Karl Lagerfeld, que foi criada em sua homenagem e é responsável por promover arte e cultura. Acredita-se que a fundação também tenha recebido os direitos autorais de suas criações e o controle de sua marca homônima. Além disso, Lagerfeld teria deixado parte de sua fortuna para membros de longa data de sua equipe, incluindo sua governanta, sua secretária pessoal e o modelo Baptiste Giabiconi.
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