Cinco fatos sobre Fran Lebowitz

Nova série documental da Netflix, Faz de conta que NY é uma cidade, joga luz sobre a escritora, uma das mais sarcásticas observadoras de Nova York.


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Foto: Divulgação/Netflix



Em Faz de conta que NY é uma cidade (Netflix), Fran Lebowitz dá continuidade a um papo que começou há dez anos com o amigo Martin Scorsese, quando ele dirigiu Public Speaking (HBO), documentário sobre a autora estadunidense.

Este encontro é a premissa da nova série documental, lançada no início deste mês pela plataforma. Como o título da produção sugere, Nova York é cenário e também assunto, e Lebowitz, que arranca gargalhadas de Scorsese, o foco. Ao longo de sete episódios, ela mostra sua perspectiva ácida sobre temas como política, especulação imobiliária ou o preço de um Picasso.

Quem é Fran Lebowitz

Escritora estadunidense, 70 anos, conhecida por suas inúmeras palestras e talks, em que dá opinião sobre quase tudo, além de atriz ocasional. Foi contratada por Andy Warhol para assinar uma coluna na Interview ainda na década de 1970, lançou livros como as coletâneas de ensaios Metropolitan life (1978) e Social studies (1981) e também ficou conhecida por suas palestras e talks. Aproveitando o lançamento do ótimo Faz de Conta que NY é uma Cidade, relembramos cinco fatos sobre a escritora.

Cinco fatos sobre Fran Lebowitz

De perfil, sentada em uma mesa, Fran Lebowitz sorri
Fran Lebowitz em cena da série

Foto: Divulgação/Netflix

Lebowitz nasceu no estado de Nova Jérsei, onde morou até ser expulsa do colégio — ela lia o tempo inteiro, mas não era boa aluna e não gostava que lhe dissessem o que fazer. Decidiu, então, mudar-se para Nova York. Por anos, dirigiu um táxi e fez faxina em apartamentos, enquanto circulava pela cena artística e intelectual da cidade. Quando teve oportunidade, abordou Andy Warhol, que lhe ofereceu um trabalho na revista Interview.

Apesar de escrever artigos para a imprensa, Lebowitz sofre de um bloqueio de escrita desde 1994. O entrave é causado, primeiro, por sua enorme preguiça. A autora gosta mesmo é de não fazer nada e ler o dia inteiro. Com uma biblioteca com mais de 10 mil livros, lê sobre qualquer assunto e já disse que, se houvesse relação entre falar e escrever, seria a mais prolífica de todos. O segundo motivo é o medo clássico da página em branco. “Conheci apenas uma escritora realmente boa na minha vida que ama escrever (Toni Morrison). A maioria das pessoas que ama escrever é péssima escritora”, conta na série. Ela e Morrison (1931-2019) passaram mais de 40 anos se falando todos os dias por telefone. A escritora, primeira mulher negra a ganhar o Nobel de literatura, foi, segundo Lebowitz, a única pessoa sábia que ela conheceu.

Um dos sonhos da autora era se tornar juíza. Ninguém, de acordo com a própria, é capaz de julgar qualquer situação tão bem quanto ela. O desejo era tão forte que, quando foi apresentada aos produtores da série policial Law & order, Lebowitz pediu um papel. A solicitação foi aceita e, ao menos atuando, ela comandou julgamentos ao longo de 13 episódios, entre 2001 e 2007. Anos depois, veio o convite de outro tribunal, dessa vez no cinema e pelas mãos de Scorsese: a autora foi uma juíza no filme O lobo de Wall Street (2013), dirigido pelo amigo.

A escritora sempre escreveu à mão, inclusive os seus livros. Nunca usou máquina de escrever ou computador. Smartphone? Jamais. Mesmo na pandemia, quando dispositivos eletrônicos facilitam a comunicação em meio ao distanciamento social, ela não cedeu. “A filha de uma amiga me ligou hoje de manhã dizendo que me traria um iPhone e que me explicaria como usar. Eu disse que não ter essas coisas não é um acidente. Eu sei que elas existem. É como não ter filhos: não foi um acidente”, explicou à The New Yorker.

Lebowitz tem a mesma rigidez em relação ao que veste. Seu estilo é um monolito: blazers dos tradicionais alfaiates Anderson & Sheppard, da Savile Row, botas de caubói, jeans Levi’s (com barras dobradas) e óculos tartaruga. O “uniforme” a levou a ser eleita uma das mais bem vestidas pela Vanity Fair.

Martin Scorsese e Lebowitz
Martin Scorsese e Lebowitz

Foto: Divulgação/Netflix

Os livros de Fran Lebowitz

– Metropolitan life, 1978

– Social studies, 1981The Fran Lebowitz reader, 1994

– Mr. Chas and Lisa Sue meet the pandas, 1994 (livro infantil)

– Progress (incompleto)

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