Almodóvar, Wes Anderson e outros destaques do 76º Festival de Cannes
Evento exibirá o faroeste gay do cineasta espanhol, o novo longa de Wes Anderson e terá a volta dos brasileiros, além de sete mulheres concorrendo à Palma de Ouro.
O 76º Festival de Cannes começa nesta terça-feira (16.05) e, como sempre, apresenta o melhor do cinema autoral, com novas obras de cineastas como Pedro Almodóvar, Martin Scorsese, Todd Haynes, Wes Anderson, Ken Loach e Wim Wenders, todas candidatas a serem o assunto nas rodinhas de cinema nos próximos meses.
Mas também há blockbusters como Indiana Jones e a relíquia do destino, a quinta e última aventura de Harrison Ford no papel do famoso arqueólogo, que conta com Phoebe Waller-Bridge (Fleabag) no elenco, e Elementos, o novo da Pixar.
Outra boa notícia desta edição é a volta dos brasileiros, ausentes do festival no ano passado. A seguir, os filmes que a gente mais quer ver:
Strange way of life
Pedro Almodóvar estreia seu segundo curta-metragem em inglês, depois de A voz humana (2020), estrelado por Tilda Swinton. Agora, o cineasta espanhol assina um faroeste gay. O fazendeiro Silva (Pedro Pascal) reencontra o xerife Jake (Ethan Hawke), depois de 25 anos. Os figurinos são da Saint Laurent – diretor criativo da label, Anthony Vaccarello também é produtor associado de Strange way of life. A grife produziu outro curta-metragem que será exibido no Festival de Cannes, uma homenagem ao cineasta Jean-Luc Godard, morto em 2022.
Asteroid city
As obras de Wes Anderson são difíceis de classificar, a não ser como “um filme de Wes Anderson”. Aqui, ele mistura ficção científica, romance, comédia e drama com seu estilo visual particular e um elencão que inclui colaboradores habituais como Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Adrien Brody e Edward Norton e novas adições como Scarlett Johansson (que dublou uma personagem na animação Ilha dos cachorros), Tom Hanks e Margot Robbie. No filme, o carro do viúvo Mitch (Schwartzman) quebra na pitoresca Asteroid City. Enquanto espera socorro, conhece a atriz Midge (Johansson), e a pequena cidade no deserto é visitada por extraterrestres.
May december
Todd Haynes (Carol, Velvet Goldmine) retorna com mais um drama romântico, novamente estrelado por Julianne Moore, com quem fez Longe do paraíso (2002) e Sem fôlego (2017). Moore é Gracie, que vê seu casamento ser abalado pela chegada de uma atriz, Elizabeth Berry (Natalie Portman), elencada para interpretá-la no cinema. Anos antes, o relacionamento de Gracie com Joe Yoo (Charles Melton, de Riverdale) tinha sido alvo dos tabloides por causa da grande diferença de idade entre ela e o marido, bem mais jovem.
The idol
De vez em quando, Cannes também abre espaço para séries de televisão. É o caso de The idol, nova série da HBO cocriada por Abel Tesfaye, conhecido como The Weeknd, Sam Levinson (Euphoria) e Reza Fahim. Tesfaye interpreta Tedros, o líder de um culto que se envolve com Jocelyn (Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp e Vanessa Paradis), uma aspirante a popstar. Segundo reportagem da revista Rolling Stone, a produção foi complicada, com Levinson assumindo a direção e refazendo todos os episódios gravados por Amy Seimetz.
Maïwenn e Johnny Depp em Jeanne Du Barry Divulgação
A realeza não sai de moda
Durante muito tempo, a história focou apenas nos reis. Agora chegou a vez das rainhas, amantes e outras mulheres das cortes. O que não mudou é a fascinação exercida pela monarquia. A 76ª edição abre com um filme de época que tem tudo para ser polêmico. Jeanne Du Barry, dirigido pela atriz e cineasta Maïwenn, fala da última amante do rei Luís 15, da França, vivido por Johnny Depp, também produtor do longa. É seu primeiro trabalho lançado desde o julgamento envolvendo sua ex-mulher Amber Heard. Maïwenn interpreta Jeanne Du Barry, uma ex-prostituta sem títulos e pobre que, por isso, era desprezada por muitos. Enquanto isso, o diretor brasileiro Karim Aïnouz se debruça sobre a história de Catherine Parr, a sexta e última mulher do rei Henrique 8º, da Inglaterra, e única a sobreviver a ele. Em Firebrand, Parr é interpretada por Alicia Vikander, enquanto o monarca é vivido por Jude Law.
Mulheres
O Festival de Cannes sempre recebeu críticas por não se esforçar mais para incluir filmes dirigidos por mulheres, especialmente na competição pela Palma de Ouro. Esta edição apresenta um recorde de participação feminina. Ao todo, sete dos 21 longas disputando os prêmios mais cobiçados do cinema autoral são dirigidos por mulheres: Club zero, da austríaca Jessica Hausner, Four daughters, da tunisiana Kaouther Ben Hania, Anatomy of a fall, da francesa Justine Triet, Last summer, da também francesa Catherine Breillat, La chimera, da italiana Alice Rohrwacher, Banel and Adama, da franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, e Homecoming, da francesa Catherine Corsini.
Cena de Retratos Fantasmas, documentário de Kleber Mendonça Filho Divulgação
Brasileiros
2022 foi o primeiro ano desde 2001 em que o Brasil não teve nenhum filme em Cannes. Agora, o cinema nacional está de volta. Kleber Mendonça Filho retorna ao festival, depois de participar duas vezes da competição, com Aquarius (2016) e Bacurau (2019), pelo qual levou o prêmio do júri (dividido com Les misérables, de Ladj Ly), e de integrar o júri da competição em 2021. Seu novo filme é o documentário Retratos fantasmas, sobre os cinemas antigos e o centro do Recife, apresentado nas Sessões Especiais. Já A flor do buriti, dirigido por João Salaviza e Renée Nader Messora, participa da mostra Um Certo Olhar, expondo a luta do povo indígena Krahô, no norte do Tocantins, e sua relação com a terra. Salaviza e Messora foram premiados na mesma seção, em 2018, com Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, também filmado com os Krahô. Levante, de Lillah Halla, é exibido na seção paralela Semana da Crítica. Na trama, a adolescente Sofia (Ayomi Domenica Dias), jogadora de vôlei, descobre estar grávida. Ao tentar um aborto, ela vira alvo de um grupo fundamentalista religioso. O curta Solos, de Pedro Vargas, da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP-SP), disputa os prêmios da mostra Le Cinef, dedicada a curtas-metragens feitos em universidades. No filme, um pedreiro começa a ouvir sons estranhos vindos da terra. Na seção Cannes Classics, que apresenta cópias restauradas de filmes antigos e documentários sobre cinema, Nelson Pereira dos Santos – Vida de cinema, de Ainda Marques e Ivelise Ferreira, fala sobre o diretor de Vidas secas e Rio 40 graus, entre outros. Mesmo sem filmes nacionais na competição oficial, o Brasil está presente: além de Aïnouz, que assina Firebrand, uma produção inglesa, a atriz Carol Duarte, que trabalhou com o diretor em A vida invisível (2019), participa do longa italiano La chimera.
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